Por: Luca Boni e Fabricio Julião
Segue o resumo dos mercados e os principais fatos e notícias que motivaram investidores nesta terça-feira.
EXTERIOR
Em Wall Street, os principais índices acionários recuavam em uma sessão até aqui predominantemente negativa, com o mercado digerindo os números recentes de vendas de casas e de confiança do consumidor, que surpreenderam os investidores e alimentaram os temores por juros mais altos por mais tempo.
Perto das 12h10, o Dow Jones, o S&P500 e o Nasdaq 100 recuavam 0,72%, 0,98% e 1,12%. Os Treasury yields de dez anos operavam estáveis aos 4,536%, enquanto os de dois anos tinham alta de 2,2 pontos-base, a 5,151%.
O Índice de Utilities (XLU) e o de Tecnologia (XLK) caíam 1,42% e 1,25%, liderando as quedas entre os índices setoriais do S&P.
Mais cedo nos EUA, foram divulgados dados da confiança do consumidor, que caíram para 103 pontos, ficando abaixo da expectativa de 105,5. Os dados de compras de novas casas também caíram e atingiram o menor nível em cinco meses.
A apreensão nos mercados segue desde que o Federal Reserve adotou um discurso mais “hawkish” ao indicar uma possível alta nos juros ainda neste ano, além de citar que os Fed funds devem permanecer em níveis restritivos por mais tempo.
Investidores agora passam a olhar com mais atenção à possibilidade de uma nova paralisação do governo americano (shutdown, no termo em inglês), que está com dificuldades de negociação com o Partido Republicano, que comanda a Câmara. Milhares de funcionários federais podem ser dispensados e uma ampla gama de serviços seria suspensa após 1 de outubro se não houver um acordo.
IBOVESPA
O Ibovespa seguia operando em queda, seguindo a cautela no exterior, tanto pelas condições econômicas na China, quanto pelo nível dos juros nos Estados Unidos. No cenário local, investidores reagem à divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) além do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15), levemente melhor do que o esperado.
Por volta das 12h10, o Ibovespa recuava 0,68%, aos 115.137 pontos. O volume projetado para hoje é de R$19,7 bilhões, acima da média de 50 pregões.
O ambiente no exterior segue conturbado, devido às preocupações dos investidores com o potencial prolongamento de um cenário de juros mais altos nos EUA e com a retomada da economia da China, que segue fragilizada com a situação do mercado imobiliário do país.
No Brasil, foi divulgada a ata da última reunião do Copom, na semana passada, quando a Selic foi reduzida a 12,75% ao ano. O Comitê julga pouco provável a aceleração dos cortes para além de 50 pontos-base, com preocupações com o preço do petróleo e a perda de tração das reformas estruturais no Congresso.
Mais cedo, também foi divulgado o IPCA-15, que registrou uma inflação de 0,35% em setembro, uma aceleração de 0,07 ponto percentual ante agosto. O dado veio um pouco abaixo da projeção de analistas – o que, embora positivo, tem efeito limitado para a bolsa diante da cautela global ainda presente nos negócios.
No âmbito corporativo, as ON da Vale, as PN e ON da Petrobras recuam 0,95%, 1,46% e 1,63%, respectivamente, seguindo o mau desempenho das commodities.
Entre as maiores quedas percentuais, destaque para as ON da Lojas Renner, da Arezzo e da Locaweb, em baixa de 3,77%, 3,15% e 3,14%, na sequência.
Na ponta oposta, o destaque positivo fica com as ON da Eletrobras, que avançam 4,10% e projetam um forte volume de negócios para a sessão. O movimento no papel acontece após a notícia de que Eduardo Haiama será o novo CFO da companhia, após a renúncia de Elvira Presta, conforme antecipado pelo Scoop by Mover.
JUROS
As taxas de contratos dos juros futuros operavam em alta nesta terça-feira, impactadas pela maior aversão ao risco global. Os vértices se descolavam das Treasuries americanas, que operavam em queda, com investidores digerindo os dados do IPCA-15 e a ata do Copom.
Por volta das 12h10, os DIs com vencimentos em jan/25 subiam 10,0 pontos-base, a 10,67%, enquanto os DIs com vencimentos em jan/27 e jan/31 avançavam 18 pbs e 20 pbs, respectivamente, a 10,77% e 11,67%.
“A alta de hoje reflete o dado de inflação [IPCA-15] em conjunto com a Ata do Copom, que citou postura cautelosa reforçada por um cenário global mais incerto e uma atividade local resiliente. Tudo isso corrobora para a elevação das taxas ao longo da curva de juros no Brasil”, afirmou a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack.
Segundo a economista, o pano de fundo do cenário internacional, com o risco de juros globais elevados em algumas economias, também colabora para a alta dos DIs. Isso porque, enquanto o Brasil passa a iniciar o ciclo de baixas de juros, o mundo segue com o aperto monetário – o que reforça a atratividade de ativos no exterior em detrimento dos locais.
Além disso, membros do Copom destacaram que não pretendem acelerar o ritmo de cortes da Selic no fim do ano, o que também reforça a tese de juros mais elevados que o esperado no horizonte e promove hidratação do prêmio dos contratos futuros.
C MBIO
O real oscilava perto da estabilidade ante o dólar, com leve inclinação de alta. A tendência ligeiramente favorável à divisa brasileira, uma das poucas a ganhar terreno frente à moeda americana, ainda ocorre em meio aos receios de uma atividade mais fraca do que o esperado no mundo, especialmente na China.
Por volta das 12h10, o dólar à vista recuava 0,10%, a R$4,9652, enquanto o dólar futuro tinha queda de 0,12%, a R$4,966.
O real estava entre as cinco divisas com melhor desempenho ante o dólar, considerando 23 moedas acompanhadas pela Mover. A moeda brasileira era favorecida pelos sinais de inflação dentro do esperado e recentes elevações do Produto Interno Bruto (PIB) do país, embora as incertezas que envolvem a China e as altas taxas de juros globais ainda preocupem o mercado.
Nesse contexto, apesar do movimento sem força perante o real, o dólar tinha desempenho forte no resto do mundo. A moeda americana ganhava terreno diante de 17 das 23 moedas acompanhadas pela Mover. O Índice DXY avançava 0,06%, aos 106.114 pontos.