Ibovespa cai com ruídos sobre Banco Central após ata do Copom com aceno a fiscal

Copom reconheceu efeitos da execução do pacote apresentado pela Fazenda

Unsplash
Unsplash

Por Gabriel Brondi

O Ibovespa passou a cair levemente na manhã desta terça-feira, em meio a rumores sobre o Banco Central após a ata da última reunião de juros do Comitê de Política Monetária do Banco Central trazer acenos ao pacote do Ministério da Fazenda, ainda que tenha mantido a mensagem conservadora.

Perto das 11h13, o índice de referência da B3 recuava 0,33%, aos 108.362 pontos. Os papéis ordinários da B3 (B3SA3) e preferenciais do Itaú (ITUB4) desidratavam o Ibovespa em mais de 90 pontos, com recuos de 2,97% e 1,47%, respectivamente. Entre os destaques positivos, figuravam as ações ordinárias da Vale (VALE3) e da Hapvida (HAPV3), que juntas, contribuíam com mais de 40 pontos ao índice brasileiro.

Nesta manhã, a ata da última reunião do Copom mostrou que o comitê, na sua última decisão de juros, notou com “especial preocupação” a deterioração das expectativas de inflação de prazos mais longos por receio do mercado com uma possível política fiscal expansionista que pode ser adotada pelo novo governo. Porém, reconheceu que a execução do pacote apresentado pelo Ministério da Fazenda atenuaria os estímulos fiscais sobre a demanda, reduzindo o risco de alta sobre a inflação, ainda que tenha pontuado sobre os riscos para a sua execução.

A autarquia também voltou a reafirmar o compromisso em conduzir a política monetária para atingir as metas estabelecidas. “O Banco Central reafirma seu compromisso em conduzir a política monetária para atingir as metas estabelecidas e avalia que, uma vez observada a desancoragem, é necessário se manter ainda mais atento na condução da política monetária para reancorar as expectativas e assim reduzir o custo futuro da desinflação”. Na semana passada, o Copom decidiu por manter a taxa Selic em 13,75%.

Após a ata, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou por meio da rede social “Twitter” que “a nota divulgada pelo Bacen está muito mais crítica ao governo do que acontecia no ano passado, quando o Banco Central não deu um pio sobre as façanhas orçamentárias de Bolsonaro para se reeleger”. Em meio ao comentário, o mercado também repercutia notícia atribuída ao serviço Broadcast, que destacava uma possível intervenção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Banco Central. A nota cita que a possibilidade legal existe e que o presidente Lula já vem escalando recorrentes críticas ao BC nas últimas declarações. Após o rumor, os contratos futuros de juros passaram a subir, porém, perto das 10h50, operavam mistos e próximos da estabilidade.

Entre os destaques percentuais do índice, perto das 10h50, a maior alta era das preferenciais da Gol (GOLL4), que avançavam 5,64%, seguidas pelas preferenciais da Azul (AZUL4) e ordinárias da São Martinho (SMTO3), com ganhos respectivos de 4,29% e 3,73%. A alta nas ações do setor aéreo vem na esteira da alta de 8,9% na demanda da Gol em janeiro. A Gol informou nesta terça-feira que a Abra, holding criada para controlar suas operações e o Avianca Group, obteve compromisso para investimentos na empresa, em operação que envolverá a emissão de no mínimo US$1 bilhão em títulos pela companhia.

Mercado aguarda ainda resultado do Itaú após o fechamento da sessão.