Scoop - Haddad se encontrará com Campos Neto e buscará nomes para o Banco Central de forma consensual

Diretores de política monetária e fiscalização encerrarão seus mandatos em fevereiro e Lula é pressionado para realizar primeiras trocas na autarquia

Agência Brasil
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Por Machado da Costa e Simone Kafruni

São Paulo/Brasília, 20/1/2023 – Os olhos do mercado financeiro se voltarão para uma reunião preliminarmente agendada para a semana que vem entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

Primeiro, porque causaram desconforto em Brasília as afirmações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que seria “bobagem” ter um BC independente.

Segundo, porque assessores petistas mais radicais e próximos de Lula querem que o presidente imponha as primeiras trocas de diretorias do BC. Os diretores de Política Monetária, Bruno Serra, e de Fiscalização, Paulo Souza, encerrarão seus mandatos no final de fevereiro.

Esse grupo dentro do PT advoga para que sejam empossados nomes alinhados ao Planalto, independentemente das vontades de Campos Neto e diante da perspectiva de que Souza, um quadro técnico, seja reconduzido ao cargo.

Serra e Souza, bem como outros seis diretores do BC e Campos Neto, integram o Comitê de Política Monetária, órgão responsável por definir a meta da taxa básica de juros, a Selic.

Haddad deverá se sentar com Campos Neto na semana que vem, em data ainda não fechada, e indicará que os nomes poderão ser escolhidos de forma consensual, disseram ao Scoop duas fontes a par dos bastidores. O outro integrante do CMN, a ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), não foi convidada para a reunião e não integra as discussões até o momento.

A promessa a ser feita será um teste de fogo para Haddad, uma vez que o ministro garante a interlocutores que é ele quem capitaneia a economia, embora precise do aval de Lula. “Não deve prevalecer um Lula intransigente nesta discussão do BC”, avaliou uma fonte com trânsito na Esplanada dos Ministérios.

Por outro lado, caso o Planalto, impositivamente, opte por “mudar a cara” do Copom – forma como o processo de escolhas dos nomes foi qualificado por uma fonte –, isso pode significar que a voz Haddad não soa tão alto aos ouvidos do presidente.

Procurado, o Banco Central afirmou que não irá comentar. A assessoria do Ministério da Fazenda disse que não está prevista qualquer reunião com Campos Neto. “Quando houver, será divulgada na agenda pública do ministro.”

*Esta reportagem foi publicada primeiro no Scoop by Mover, no dia 20 de janeiro, às 17h35, exclusivamente aos assinantes do TC. Para receber conteúdos como esse em primeira mão, assine um dos planos do TC.