Por: Luciano Costa
São Paulo, 23/1/2023 – As ações do Banco do Brasil se destacavam na ponta positiva no pregão de hoje na B3 até serem derrubadas repentinamente por uma afirmação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), durante coletiva de imprensa na Argentina, quando ele disse que a instituição financeira estatal poderá financiar exportações brasileiras ao país vizinho.
Os papéis ordinários do BB viraram de tendência e desabaram rapidamente após a declaração de Haddad, por volta das 17h00, encerrando o pregão em queda de 1,10% na B3, a R$39,63. Antes, as ações chegaram a subir 2,9%, tocando a máxima intradiária de R$41,25. No pior momento da sessão, elas recuaram 2,35%.
Segundo Haddad, o Brasil buscará uma fórmula para que o BB possa emprestar recursos para viabilizar exportações do Brasil à Argentina, em operações que poderiam ser financiadas por meio de carta de crédito e com garantias em ativos reais.
Antes da fala de Haddad, as ações do BB eram as únicas do setor financeiro em alta na B3, após o banco ter anunciado em 19 de janeiro que aprovou distribuição de proventos aos acionistas equivalentes a 40% dos lucros para este ano.
“Com isso, reafirmamos nossa visão positiva sobre o BB e que ele deve se manter como bom pagador de dividendos”, escreveram analistas da XP em relatório hoje, projetando rendimento com dividendos, o chamado “dividend yeld” na expressão em inglês, de 12,9% no ano.
“Estava tudo indo bem como BBAS3 até o Fernando Haddad começar a falar”, escreveu o analista-chefe do TC Matrix, Carlos André Vieira, no Twitter.
As ações do BB acumulam alta de 14,1% desde o início de janeiro, enquanto Itaú Unibanco avança 1,5% e os demais grandes bancos do país operam no território negativo.
Durante o final de semana, o jornal inglês Financial Times noticiou que Brasil e Argentina deveriam anunciar o início de conversas para uma moeda comum entre os países. Hoje, autoridades brasileiras negaram a intenção de uma divisa comum a exemplo do Euro, mas reconheceram a possibilidade de criar uma moeda voltada para o comércio exterior.
Em coletiva de imprensa na Argentina ao lado do mandatário do país, Alberto Fernandez, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deverá fazer o possível para financiar exportações à Argentina, e afirmou que o banco de fomento pode apoiar a construção de um projeto de gasoduto argentino para exploração das gigantes reservas de gás de Vaca Muerta.