Focus traz piora das projeções de inflação e Selic em meio à fala de Lula sobre meta e Banco Central

Projeções refletem declarações de Lula, que sugeriu alterar meta de inflação e criticou a autonomia do Banco Central na semana passada

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Por Eduardo Puccioni

São Paulo, 23/1/2023 – Os economistas consultados pelo boletim Focus, do Banco Central, enxergam uma piora no cenário de inflação e, consequentemente, para a taxa básica de juros nos próximos anos. Na coleta realizada na semana passada, apenas 2025 não teve deterioração da expectativa de aumento para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, enquanto apenas 2023 não teve aumento na projeção da Selic.

As mudanças nas projeções vêm na sequência de declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na semana passada, quando criticou a independência do Banco Central e sugeriu a alteração da meta de inflação, dando a entender que o Brasil não pode ficar refém dos dados econômicos e prejudicar o crescimento econômico.

No boletim divulgado hoje, a estimativa para o IPCA de 2023 foi elevada de 5,39% para 5,48%, enquanto, para 2024, a inflação foi elevada de 3,70% para 3,84%. Para 2025, a projeção foi elevada mantida em 3,50%, após seis semanas seguidas de alta. Para 2026, a projeção para IPCA subiu pela quinta semana seguida, passando de 3,22% para 3,47%.

Para a taxa Selic a projeção foi mantida para 2023 em 12,50%, enquanto apresentou aumento para os próximos três anos. Para 2024, a expectativa para a taxa básica de juros passou de 9,25% para 9,50%, para 2025, subiu de 8,25% para 8,50% e para 2026 avançou de 8,00% para 8,25%.

Em relação ao Produto Interno Bruto, a projeção foi ligeiramente elevada de 0,77% para 0,79% em 2023, enquanto, para 2024 e 2025, as estimativas foram mantidas em 1,50% e 1,90%, respectivamente. Para 2026 também houve manutenção, a 2,00%.

Já a projeção do câmbio foi mantida em R$5,28 para 2023 e R$5,30 para 2024.