Por Bruno Andrade
O banco central dos Estados Unidos, Federal Reserve (Fed), manteve a taxa básica de juros da economia americana entre 5% e 5,25% ao ano, mostra comunicado enviado ao mercado nesta quarta-feira (14).
Com a decisão, o Fed encerrou o mais longo ciclo de alta desde a década de 1980, quando o Fed fabricou uma recessão para controlar a inflação nos EUA. A manutenção ficou dentro da expectativa do mercado, visto que o Fed já havia sinalizado que a alta de juros poderia se encerrar nesta reunião.
Todavia, a autarquia sinalizou em novas projeções econômicas que os custos dos empréstimos provavelmente aumentarão mais 0,5 ponto percentual até o final deste ano, conforme o banco central dos Estados Unidos reage a uma economia mais forte do que o esperado e a uma queda mais lenta da inflação.
Em um esforço para equilibrar os riscos para a economia com uma batalha ainda não resolvida para controlar a inflação, “manter o intervalo da meta (para a taxa de juros) nesta reunião permite que o comitê avalie informações adicionais e suas implicações para a política monetária”, disse o Comitê Federal de Mercado Aberto em um comunicado de política monetária unânime divulgado ao final de sua mais recente reunião de dois dias.
Na visão de Caio Fasanella, diretor executivo e chefe da área de investimentos da Nomad, a opinião dos especialistas não é unânime. “Cerca de 60% acreditam tratar-se apenas de uma pausa na elevação dos juros para um último aumento de 0,25% na reunião de julho, ao invés do fim do ciclo de altas. As taxas devem começar a cair apenas no final do ano, nas reuniões de novembro ou dezembro, de acordo com as estimativas da CME FedWatch Tool”, destacou o profissional.
“O desafio do Banco Central Americano (Fed) é controlar a inflação, enquanto os indicadores econômicos estão mistos. A taxa de desemprego está em 3,7%, resultado próximo da mínima histórica de 3,4%, e 339 mil empregos foram criados em maio, mostrando que o cenário de emprego nos EUA continua aquecido. O quadro preocupa o Fed, pois com o aumento da circulação de dinheiro na economia, maior o risco de inflação”, complementou Fasanella.
Lucas Carvalho, analista-chefe da Toro Investimentos, ressaltou que os agentes financeiros ficaram atentos com a alta na projeção do Fed para os juros neste ano. “A projeção subiu de 5,1% para 5,6%. Então, a gente entende que houve a manutenção dessa taxa, mas os próprios membros deixam abertas as possibilidades de mais aumento nos juros”, analisa.
Veja a coletiva, em inglês, e o comunicado na íntegra:
Indicadores recentes sugerem que a atividade econômica segue crescendo em ritmo modesto. Os ganhos de empregos foram robustos nos últimos meses e a taxa de desemprego permaneceu baixa. A inflação continua elevada.
O sistema bancário dos EUA é sólido e resiliente. Condições de crédito mais apertadas para famílias e empresas devem pesar na atividade econômica, nas contratações e na inflação. A extensão desses efeitos permanece incerta. O Comitê permanece altamente atento aos riscos de inflação.
O Comitê busca alcançar o máximo de emprego e inflação à taxa de 2% no longo prazo. Em apoio a essas metas, o Comitê decidiu manter a faixa-alvo para a taxa dos fundos federais em 5% a 5,25%. Manter o intervalo da meta estável nesta reunião permite ao Fomc avaliar informações adicionais e suas implicações para a política monetária.
Ao determinar a extensão do endurecimento adicional da política que pode ser apropriado para retornar a inflação a 2% ao longo do tempo, o Comitê levará em conta o aperto cumulativo da política monetária, os atrasos com os quais a política monetária afeta a atividade econômica e a inflação e os fatores econômicos e financeiros. desenvolvimentos. Além disso, o Comitê continuará reduzindo suas participações em títulos do Tesouro e dívidas de agências e títulos lastreados em hipotecas de agências, conforme descrito em seus planos anunciados anteriormente. O Comitê está fortemente empenhado em retornar a inflação ao seu objetivo de 2%.
Ao avaliar a orientação apropriada da política monetária, o Comitê continuará monitorando as implicações das informações recebidas para as perspectivas econômicas. O Comitê estaria preparado para ajustar a orientação da política monetária conforme apropriado caso surgissem riscos que pudessem impedir o alcance de suas metas. As avaliações do Comitê levarão em conta uma ampla gama de informações, incluindo leituras sobre as condições do mercado de trabalho, pressões inflacionárias e expectativas de inflação, e desenvolvimentos financeiros e internacionais.
Os votos a favor da ação de política monetária foram Jerome H. Powell, presidente; John C. Williams, vice-presidente; Michael S. Barr; Michelle W. Bowman; Lisa D. Cook; Austan D. Goolsbee; Patrick Harker; Philip N. Jefferson; Neel Kashkari; Lorie K. Logan; e Christopher J. Waller.