Dólar e DIs sobem com busca por proteção no exterior e de olho em Brasília

Confira o fechamento da moeda norte-americana e dos juros nesta terça (15)

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Por Fabricio Julião

O dólar e as taxas de contratos dos juros futuros fecharam em alta nesta terça-feira (15), em dia de dados fortes no varejo americano e maior aversão ao risco pelas preocupações com a economia da China. Além disso, investidores observam o imbróglio referente ao andamento de pautas econômicas na Câmara dos Deputados, que adicionou receios no mercado local. 

Ao fim da sessão, os DIs com vencimentos em jan/24 e jan/25 tiveram altas de 0,5 ponto-base e 3,5 pbs, respectivamente, a 12,45% e 10,49%. A taxa dos contratos para jan/27 subiu 6,5 pbs, a 10,21%, enquanto os vértices para jan/31 e jan/33 avançaram 6,5 pbs e 9,0 pbs, na mesma ordem, a 11,06% e 11,21%. 

Pela manhã, o Departamento de Comércio dos EUA divulgou que as vendas no varejo subiram mais do que o esperado, o que endossa a tese de uma economia ainda aquecida e colabora, assim, com a perspectiva de novos aumentos na taxa de juros americana. Isso levou à alta dos rendimentos dos títulos do Tesouro do país. 

“As Treasuries operam perto da máxima, a curva como um todo está muito estressada. Há uma tensão ainda elevada em relação às possíveis altas [de juros] do Fed”, afirma o economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala. “Além disso, o  arcabouço fiscal começa a criar um desenho de atraso, o que ajuda a impulsionar os DIs.”

O atrito entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), reverberou entre investidores, com o texto do arcabouço fiscal paralisado na Casa. Segundo fontes, Lira não gostou do tom da frase de Haddad de que a Câmara concentra “um poder muito grande”. A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, reconheceu hoje que a relação entre os dois “poderia ser melhor”. 

Na China, dados industriais e de varejo mais fracos do que a expectativa ajudaram a alastrar a aversão ao risco global. Isso, somado às incertezas na cena política local, levou o real ao quarto pior desempenho ante o dólar, por volta das 17h, em uma cesta de 22 moedas acompanhada pela Mover. 

O dólar à vista fechou em alta de 0,43%, a R$4,9878, após encostar nos R$5,00, algo que não acontece desde maio deste ano. 

“O movimento do dólar reflete a cautela entre os investidores e o atrito político entre Haddad e Lira. Existe a preocupação de que conflitos como esse possam atrapalhar o progresso de pautas fiscais na casa legislativa”, diz o head de câmbio da B&T, Diego Costa.