Por Machado da Costa e Luciano Costa
Revendedores de combustíveis do Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul estão relatando dificuldades para a aquisição de produtos e até mesmo a indisponibilidade de diesel para distribuidores desses estados, além de alta expressiva dos preços, disseram à Mover duas fontes com conhecimento do assunto.
Os relatos de ambas apontam que o terminal da Vibra Energia (VBBR3) em Canoas (RS), conhecido como Banoas, não estava vendendo o diesel comum (S500) e nem o S10 ontem. A gasolina, por sua vez, mostrava valores surpreendentes, com litro a R$5,1891 e prazo de entrega para dois dias. Procurada, a Vibra não comentou de imediato.
Ainda segundo as fontes, revendedores de alguns estados enfrentaram problemas na compra de diesel e os preços encontrados para a gasolina também estavam altos, superiores a R$4,615 por litro.
Segundo a Petrobras (PETR4), o preço de venda às distribuidoras do litro da gasolina A (antes da mistura com etanol) é de R$2,52, definido em junho, e do litro do diesel é de R$3,02, definido em maio.
Questionada pela Mover, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) descartou riscos de desabastecimento, citando estoques “satisfatórios” e importações que completam a oferta. O Brasil importa cerca de 25% do diesel utilizado no país, e as compras de diesel da Rússia têm aumentado, tendo alcançado 65% do total importado pelo Brasil em junho, segundo o Goldman Sachs.
O sócio do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Pedro Rodrigues, disse à Mover que a nova política comercial da Petrobras, com preços de combustíveis mais defasados em relação aos praticados no mercado internacional, prejudicam as importações desde maio. Desde então, o Brasil tem ampliado as compras de diesel da Rússia, que consegue competir nos preços por estar vendendo o produto com desconto devido a temores de sanções internacionais.
Uma terceira fonte afirmou haver riscos de que a defasagem nos preços leve a problemas de distribuição, principalmente em terminais que não são da Petrobras.
“Até que ponto o mercado e a própria Petrobras vão suportar essa pressão do preço defasado aqui no Brasil? E com aumento de consumo, quem vai importar?”, questionou Rodrigues. “Com a nova política da Petrobras, é difícil dizer quando pode vir um reajuste”.
Na nota enviada à Mover, a ANP afirmou que “não há informes relativos à redução na oferta nacional ou internacional de diesel, tampouco foram relatados à ANP problemas relativos à falta de óleo diesel ou de qualquer outro produto”. A agência reguladora também informou que “os estoques de diesel situam-se em patamares satisfatórios, sendo suficientes à demanda interna. As importações complementam a oferta interna de produto”.
A Vibra e a Petrobras ainda não responderam aos pedidos de comentários da Mover. Na semana passada, a Vibra informou à Mover que não está importando diesel russo.
Esta reportagem foi publicada primeiro no Scoop, às 11H37, exclusivamente aos assinantes do TC. Para receber conteúdos como esse em primeira mão, assine um dos planos do TC.