Falência de bancos contribui para crise de crédito, diz Oaktree

Ainda assim, gestor minimizou a importância sistêmica da falência do SVB

Pixabay
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Por Gabriel Ponte

A falência do Silicon Valley Bank e do Signature Bank no mês passado nos Estados Unidos, somada à aquisição forçada do Credit Suisse pelo UBS, não são suficientes para resultar em uma crise de crédito, mas podem contribuir para a materialização desse cenário, avaliou o gestor da Oaktree Capital, Howard Marks, em carta a clientes nesta semana.

Marks prevê que algumas instituições financeiras reduzam o volume de crédito ofertado, contraindo a oferta de crédito nos EUA, e que as startups tenham uma maior dificuldade em captar financiamento nos próximos meses – seguindo a derrocada do SVB. Para ele, bancos regionais devem sofrer com um maior fluxo de saída de recursos para fundos de renda fixa e bancos de maior porte.

Marks disse que as falências do mês passado, quando comparadas à Crise de 2008, só possuem similaridade ao revelar problemas em algumas instituições financeiras. “Olhando para a situação atual, não consigo pensar em nada que seja altamente semelhante ao estouro das bolhas hipotecárias em 2008”.

O gestor também minimizou a importância sistêmica da falência do SVB, quando comparada à falência de instituições como o Lehman Brothers, o Merrill Lynch, o Bear Stearns e o Washington Mutual, há quase duas décadas.

“A Crise Financeira de 2008 realmente afetou bancos grandes, nomes conhecidos, e a maioria das pessoas acreditava que poderia comprometer outras instituições se o governo não intervisse. Não acho que isso possa ser dito sobre o SVB.”

Mercado imobiliário

Por outro lado, em um cenário pessimista, Marks pontuou que o mercado imobiliário comercial americano pode lidar com uma onda de calotes, principalmente relacionada a lajes comerciais.

Em seus cálculos, cerca de 40% dos empréstimos relacionados ao mercado imobiliário precisarão ser renovados até 2025, potencialmente sob uma taxa de juros mais alta, diante do ciclo de alta de juros.

Citando estudos do Bank of America, o gestor pontuou que, em média, uma instituição de grande porte tende a possuir 50% do seu capital de risco em empréstimos voltados ao mercado imobiliário. Em um banco menor, esse percentual pode alcançar 167%.

“Ninguém sabe se os bancos sofrerão perdas em seus empréstimos imobiliários comerciais, ou qual será a magnitude. Mas é muito provável que vejamos inadimplência de hipotecas nas manchetes e, no mínimo, isso pode assustar os credores, e contribuir ainda mais para essa sensação de risco elevado”, complementou.