Exterior e mercado local aguardam decisões de juros nos EUA e no Brasil

O dia ainda é marcado pela eleição dos presidentes da Câmara e do Senado no Brasil

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Por Patrícia Lara

A cautela prevalece no exterior com a expectativa de moderação da alta das taxas de juros no encontro hoje do Banco Central dos Estados Unidos, enquanto mercados aguardam sinais sobre o ponto final do atual ciclo de aperto monetário diante do alívio da inflação americana. No Brasil, a primeira reunião do Comitê de Política Monetária sob o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve terminar com a taxa básica Selic inalterada em 13,75% diante da deterioração das expectativas sobre inflação.

Na política, o dia é marcado pela eleição dos presidentes da Câmara e do Senado na retomada das atividades do Congresso. O governo de Lula espera a definição dos comandantes das duas Casas para contemplar cargos de segundo e terceiro escalão, segundo o jornal Estado. O favorito para a reeleição na Presidência do Senado é Rodrigo Pacheco (PSD), embora a candidatura de Rogério Marinho (PL) tenha ganhado musculatura. Na Câmara dos Deputados, um acordo entre partidos para reconduzir Arthur Lira (PP) à presidência foi fechado ontem, segundo o Correio Braziliense.

No exterior, as bolsas europeias operam sem direção clara e os futuros dos índices acionários americanos recuam. Ao final de seu primeiro encontro do ano, o Comitê Federal de Mercado Aberto, o FOMC, deve elevar a taxa de juros americana em 0,25 ponto percentual, para a faixa entre 4,5% e 4,75%, o nível mais alto desde setembro de 2007. A decisão será anunciada às 16h00, seguida por fala do presidente do BC americano, Jerome Powell, às 16h30. Nesta manhã, derivativos ainda atribuíam 82,1% de chance de novo ajuste da taxa de 0,25 ponto percentual no encontro de março, segundo dados da CME Group.

Já no Brasil, o BC brasileiro deve manter a Selic em 13,75%, segundo o consenso das projeções. O mercado se focará no comunicado para avaliar como as autoridades vão endereçar a piora das expectativas de inflação diante das incertezas fiscais.

No mercado de câmbio, o dólar americano recuava, com o Índice Dólar DXY, que mede a variação da moeda ante uma cesta de divisas, abaixo de 102 pontos. Os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA de 2 anos recuavam 0,8 ponto-base, a 4,195%, enquanto as taxas de 10 anos cediam 3,5 pontos-base, a 3,477%. No pregão de terça-feira nos EUA, os rendimentos de 2 anos caíram pela primeira vez em quatro dias.

Na Ásia, a China trouxe mais um dado fraco de atividade econômica. O Índice Caixin de atividade manufatureira ficou em 49,2 pontos em janeiro, acima do patamar de 49 pontos registrados em dezembro, mas abaixo do consenso de 49,5 pontos. Em Hong Kong, o Produto Interno Bruto no quarto trimestre teve contração de 4,2% no quarto trimestre ante o mesmo período de 2021. O resultado ficou bem abaixo do consenso de 2,9%.

Nas commodities, o preço do minério de ferro fechou a sessão na China em queda na Bolsa de Dalian com sinais de aumento dos estoques no país asiático. A cotação do barril de petróleo Brent recuava.

Antes das decisões dos BCs, saem dados de emprego nos EUA, com o relatório ADP de janeiro e JOLTs de dezembro. Também serão divulgados os Índices de Gerentes de Compras Industrial de janeiro nos EUA e no Brasil.

MERCADOS GLOBAIS

O futuro do petróleo Brent para entrega em abril cedia 0,22%, a US$85,28 o barril.

O minério de ferro recuou 0,7% na bolsa chinesa de Dalian, a 867 iuanes, ou o equivalente a US$128,51 a tonelada.

O Bitcoin cedia 1,65% nas últimas 24 horas, a US$22.904,20; e o Ethereum caía 1,41% no mesmo período.

MERCADOS LOCAIS

-O índice EWZ, que replica as ações brasileiras no exterior, subia 0,16%.

-Os contratos de juros futuros na B3 podem ter ajuste após queda na véspera e antes da decisão do Copom.

DESTAQUES

Os 513 deputados federais eleitos em outubro do ano passado tomarão posse hoje em sessão marcada para as 10h00, no Plenário Ulysses Guimarães. Mais tarde, às 16h30, começa a sessão destinada à eleição do novo presidente e da Mesa Diretora para o biênio 2023/2024. (Agência Câmara)

No Senado, mesmo com traições pontuais do PSD e do União Brasil, e com a candidatura de Eduardo Girão (Podemos) podendo provocar um segundo turno, Pacheco ainda é favorito e deve se reeleger na disputa pela presidência do Senado. Uma fonte a par das articulações na Casa Alta afirmou que Marinho não tem a menor chance, porque Pacheco está dando dinheiro aos senadores via emendas individuais, as RP2. (Scoop by Mover)

Ainda assim, Pacheco ficará mais frágil no Senado por bancar a indicação do senador Davi Alcolumbre (UB) para a reeleição no comando da Comissão de Constituição e Justiça. Enquanto isso, a candidatura de Marinho à presidência do Senado ganha musculatura, justamente pela insatisfação de parlamentares com a manutenção de Alcolumbre na CCJ. (Scoop by Mover)

O otimismo do investidor estrangeiro com o Brasil se sobrepôs aos ruídos políticos e econômicos locais e foi o grande impulsionador dos mercados em janeiro, avaliou Luís Otávio Leal, economista-chefe do Banco Alfa, em entrevista na véspera. (Mover)

A Vale produziu quase 81 milhões de toneladas de minério de ferro no quarto trimestre de 2022, fechando o ano com uma produção um pouco abaixo das 310 milhões de toneladas de sua meta para o ano, e mantendo a vice-liderança global na commodity siderúrgica, atrás da australiana Rio Tinto. (Mover)

Mais um dado mostra desaceleração da inflação na Zona do Euro nesta véspera da decisão do Banco Central Europeu sobre taxa de juros. O Índice de Preços ao Consumidor desacelerou pelo terceiro mês seguido, a 8,5% em janeiro no comparativo anual, ante 9,2% em dezembro. O dado ficou abaixo do consenso de 9%. Mas o núcleo do índice seguiu na máxima histórica de 5,2%, mesmo patamar do mês anterior e acima do consenso de 5,1%. (Agências)

A Intel está cortando o pagamento de seus gerentes e executivos seniores, em uma medida incomum para economizar e enfrentar uma desaceleração esperada no primeiro semestre deste ano. Os cortes no salário-base começam em 5% para trabalhadores de nível médio e chegam a 25% para o executivo-chefe Pat Gelsinger, de acordo com uma pessoa familiarizada com os detalhes. (Financial Times)

AGENDA

PMI (Brasil) – A S&P Global divulgará o Índice de Gerentes de Compras Industrial de janeiro. Divulgação: 10h00. Anterior: 44,2 pontos.

Empregos ADP (Estados Unidos) – A Automatic Data Processing divulgará o Relatório Nacional de Emprego, com a variação de empregos privados não-agrícolas, de janeiro. Divulgação: 10h15. Anterior: 235 mil. Consenso: 170 mil.

PMI (EUA) – A S&P Global divulgará o Índice de Gerentes de Compras Industrial de janeiro. Divulgação: 11h45. Anterior: 46,2 pontos.

Relatório JOLTs (EUA) – O Escritório de Estatísticas americano publicará o relatório JOLTs de dezembro, com informações sobre vagas de emprego disponíveis. Divulgação: 12h00.

PMI ISM (EUA) – O Instituto para Gestão da Oferta americano divulgará o Índice de Gerentes de Compras Manufatura de janeiro. Divulgação: 12h00. Anterior: 48,4 pontos. Consenso: 48 pontos.

Balança (Brasil) – O governo federal divulgará a balança comercial de janeiro. Divulgação: 15h00. Anterior: US$4,8 bilhões.

FOMC (EUA) – O Comitê Federal de Mercado Aberto do Federal Reserve decidirá a taxa básica de juros dos EUA. Divulgação: 16h00. Anterior: intervalo de 4,25% a 4,50%. Consenso: intervalo de 4,50% a 4,75%.

Coletiva Powell (EUA) – O presidente do Fed, Jerome Powell, falará em coletiva de imprensa após a decisão da taxa básica de juros americana. Horário: 16h30.

Copom (Brasil) – O Comitê de Política Monetária do Banco Central decidirá a taxa básica de juros brasileira. Divulgação: 18h30. Anterior: 13,75%. Consenso: 13,75%