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EUA podem cortar juro por 'Regra de Sahm?' Entenda nova teoria que surge no mercado

Facebook/Federal Reserve
Facebook/Federal Reserve

Brasília, 8/7/2024 – Alguns agentes no mundo das finanças começam a questionar se o Federal Reserve poderia usar a chamada “Regra de Sahm” como argumento para lançar mão de um aguardado corte de juros em setembro, após dados mais recentes do mercado de trabalho americano, e investidores estarão de olho em possíveis sinais sobre isso quando o chair do Fed, Jerome Powell, iniciar sua participação em testemunhos perante o Congresso a partir desta terça-feira.

Embora a teoria sobre o tópico tenha ganhado alguma tração nos últimos dias, depois que foi citada em artigo do Wall Street Journal assinado por Nick Timiraos, o mercado avalia que Powell deverá reforçar a leitura de que é necessário “progresso contínuo” no processo de desinflação antes de cortar os juros. “A ‘Regra de Sahm’ provavelmente não é tratada pelos formuladores de política como algo que deve ser visado por si só, particularmente no atual ciclo”, complementou Timiraos no “X”.

O chair do Fed inicia seu testemunho de dois dias perante o Congresso dos EUA amanhã, às 11h00, em meio a recentes evidências de desaceleração na atividade econômica e na geração de postos de trabalho. Em junho, os EUA criaram 206 mil postos de trabalho, ligeiramente acima do consenso, de 190 mil postos, e o número de postos criados nos meses de abril e maio foi revisto para baixo em 111 mil, de acordo com o Bureau of Labor Statistics. A taxa de desemprego avançou ligeiramente em junho, a 4,1%, com uma maior quantidade de pessoas procurando por trabalho.

A chamada “Regra de Sahm” explora um modelo preditivo de recessão a depender de gatilhos acionados. Pelo modelo, quando a média móvel de três meses da taxa de desemprego supera em 0,5 ponto percentual a taxa mínima de desemprego em 12 meses, aciona-se o gatilho de recessão. O método foi criado por Claudia Sahm, economista do Fed entre 2007 e 2019.

Por enquanto, os números de desemprego que confirmam uma desaceleração gradual do mercado de trabalho dos EUA ainda não acionariam o mecanismo, mas estão bem perto disso, em 0,42 p.p., segundo o WSJ. À Refinitiv, o estrategista-chefe da Refinitiv, Mike Wilson, pontuou que se os dados econômicos não melhorarem – ou estabilizarem – haverá um ponto de cruzamento no qual dados econômicos negativos serão ruins para os mercados acionários.

Em post no “X”, o sócio da Wagner Investimentos, José Faria Júnior, pontuou que eventual leitura do PMI de Serviços ISM abaixo de 50 – em território de contração – e uma “Regra de Sahm” acionada seriam sinais de recessão na atividade econômica dos EUA, que tem se mostrado leitura assertiva desde a década de 1970, segundo ele. A taxa de desemprego dos EUA encontra-se no maior patamar desde novembro de 2021.

RECADO DE POWELL

Em seus dois dias de testemunho ao Congresso, Powell deverá ser pressionado sobre a hesitação do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) em reduzir a taxa-alvo Fed Funds, que se encontra no maior nível nominal desde 2001. Uma desaceleração sustentával do ritmo de contratações, com moderação dos preços, tem aumentado as apostas de corte de juro já em setembro– um cenário apontado na reportagem do WSJ e pela gestora Legacy, na semana passada.

O testemunho também precede os dados de inflação ao consumidor de junho – a serem reportados pelo Departamento de Trabalho na quinta-feira – que consiste em peça-chave para confirmar uma trajetória de desaceleração dos preços neste segundo trimestre, ante uma reaceleração observada entre janeiro e março.

“Eu acredito, como sempre, que Powell fará um belo trabalho. Não espero que ele nos forneça qualquer ‘insider’ adicional. Ele fará um trabalho original e ao fim dos dois dias de testemunho, o mercado provavelmente permanecerá o mesmo. Os mercados especulam sobre o que Powell dirá, mas é preciso ser cauteloso com qualquer interpretação sobre frases dele”, disse o CEO da Andersen Capital, Peter Andersen, à Refinitiv.

A mais recente ata do FOMC, de junho, apontou que “vários” participantes enfatizaram, especificamente, que um enfraquecimento adicional na demanda poderia resultar em um crescimento maior da taxa de desemprego. A mediana de projeções do relatório trimestral “Dot-Plot”, publicado no mês passado, projeta um corte de juro neste ano. A próxima reunião do FOMC ocorrerá em 30 e 31 de julho.

Na inflação, consenso da Refinitiv projeta ligeira alta dos índices ao consumidor em junho, na base mensal, de 0,1%, enquanto o núcleo – que exclui itens voláteis – deve manter ritmo de alta em 0,2%. Já na leitura anual, a inflação deve desacelerar ritmo de alta a 3,1%, ante 3,3% observados em maio. O núcleo da inflação deve manter ritmo de alta em 3,4%.