Economistas veem queda mais amena e início de corte mais distante da Selic

Expectativa vem diante de incertezas fiscais e falas do governo sobre eventual mudança na meta da inflação

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Por Patrícia Lara

A estimativa para a taxa básica de juros Selic no encerramento deste ano foi elevada de 11,5% para 12,5%, com o início do processo de corte postergado para setembro, ante a projeção anterior, que era em agosto, segundo o grupo consultivo macroeconômico da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

As incertezas quanto ao arcabouço fiscal e a sinalização do governo sobre a eventual alteração da meta da inflação foram os fatores que motivaram o ajuste das expectativas do grupo consultivo, que é composto por 25 economistas de instituições associadas à entidade.

Os consultados acreditam que uma meta eventualmente mais alta para 2024 – as apostas indicam algo entre 4,0% e 4,5% –, em um contexto de incertezas sobre o regime fiscal, pode tornar difícil o trabalho de ancoragem das expectativas por parte do Banco Central, o que, segundo a Anbima, reduz o espaço para o início do ciclo de queda dos juros.

A projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu de 5% para 5,8% no fim de 2023, devido a mudanças nos preços administrados e impostos.

Já a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto de 2023 foi reduzida de 0,90% para 0,75%, em contraste com a leitura do Fundo Monetário Internacional. No relatório Perspectiva Econômica Global, divulgado ontem, o FMI elevou a previsão para a expansão da economia brasileira de 1% para 1,2% neste ano.

O grupo consultivo da Anbima traçou uma projeção melhor para dívida bruta do setor público, que foi revisada de 80,8% do PIB para 78,5% em 2023, com fatores pontuais, como a contribuição da inflação passada, a alta dos preços de commodities e as antecipações de receitas. Segundo a entidade, controlar a piora da relação dívida/PIB deve ser a tarefa mais desafiadora daqui em diante.