Por Fabrício Julião
O dólar e as taxas dos contratos de juros futuros avançaram nesta quarta-feira (5), refletindo as incertezas com o avanço das pautas econômicas na Câmara dos Deputados e as sinalizações do Federal Reserve em relação à condução da política monetária americana.
Os DIs com vencimentos em Jan/24 e Jan/25 subiram 1,0 ponto-base e 3,5 pbs, respectivamente, a 12,81% e 10,77%. Já as taxas dos contratos para Jan/27 e Jan/31 avançaram 9,5 pbs e 11,0 pbs, 10,21% e 10,75%.
Os vértices operaram perto da estabilidade ao longo do dia, porém, a indefinição e a falta de andamento da Reforma Tributária e do arcabouço fiscal mantiveram o clima de cautela no mercado, principalmente com boatos em Brasília de que o União Brasil pode não apoiar a Proposta de Emenda à Constituição da Reforma Tributária na Câmara.
Segundo o economista-chefe da Nova Futura, Nicolas Borsoi, a ata do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) não fez preço, mas investidores estão de olho na situação da atividade econômica americana.
“O mercado está se ajustando para a pesquisa da ADP de amanhã, que vai dar sinais sobre o mercado de trabalho americano. Se o número vier muito forte, acredito que o Fed não terá outra alternativa, senão elevar os juros para 6% até o fim do ciclo”, afirmou o economista.
“Isso impacta diretamente nossa política monetária, porque o mercado já precificou um corte mais acentuado da Selic. Se o Fed criar um cenário-base de mais duas altas neste ano, então a condução da nossa política monetária pode mudar também, porque o diferencial de juros ficaria mais estreito”, acrescentou.
O dólar avançou 0,24% ante o real, a R$4,8516, a terceira alta consecutiva.
A moeda americana avançou ante a maior parte dos seus pares ao longo do dia, com sinais de enfraquecimento da atividade econômica na China e na Europa após a divulgação dos Índices de Gerentes de Compras (PMIs) de ambos os países mais cedo. Perto das 17h00, em uma cesta de 22 moedas acompanhadas pela Mover, o dólar subia frente a 20.
“O real ainda é considerado atrativo devido ao diferencial de juros que por enquanto se mantém, mas esse cenário pode começar a mudar a partir de agosto, quando há a expectativa de que o Copom inicie um ciclo de cortes na Selic”, pontuou o head de câmbio para o Norte e Nordeste da B&T Câmbio, Diego Costa.
“Os debates acirrados sobre a Reforma Tributária e os impasses entre congressistas e governadores têm aumentado a tensão no câmbio. A leitura dos PMIs também tem contribuído para um ambiente de maior aversão ao risco, uma vez que as principais economias do mundo têm registrado queda na atividade”, concluiu.