Por: Gabriel Ponte
São Paulo, 24/1/2023 – O debate sobre a meta de inflação a ser perseguida no Brasil pelo Banco Central é “legítimo”, segundo a avaliação do sócio e economista-chefe da Quantitas Asset, Ivo Chermont, em publicação no LinkedIn nesta terça-feira. Ele alertou, entretanto, sobre o “timing” da discussão.
Segundo Chermont, o Brasil parece não possuir instituições político-econômicas que possibilitem à autoridade monetária alcançar meta definida para os próximos anos, de 3,0%, de maneira “sustentável”.
“Tudo na vida tem momento, e você não pode levantar esse debate no meio de uma sequência de sinalizações péssimas do ponto de vista fiscal e parafiscal”, complementou Chermont na publicação.
O BC persegue, atualmente, meta de inflação de 3,25%, com intervalo de tolerância de 1,50 ponto percentual para cima e para baixo. Para 2024 e 2025, o CMN definiu meta de 3,0%, com mesmo intervalo de tolerância.
Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou como “exagerada” a meta de inflação do BC, e questionou o atual patamar dos juros praticado pelo Comitê de Política Monetária, de 13,75% ao ano.
“Você estabeleceu uma meta de inflação de 3,7%. Quando faz isso, é preciso arrochar mais a economia para atingir aqueles 3,7%. Por que precisava fazer 3,7%? Por que não faz 4,5%, como fizemos?”, questionou Lula em entrevista à GloboNews.
A próxima reunião do CMN, composto pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e pela ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), está prevista para ocorrer na quinta-feira, 26. A assessoria do BC informou na manhã desta terça, entretanto, que não foram pautados os votos para a reunião desta semana. “Em permanecendo essa situação, a reunião será cancelada, e a próxima reunião ordinária será realizada no dia 16.”