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De patinho feio a cisne branco? Bradesco surpreende e tem maior alta entre bancos após 2T

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São Paulo, 19/8/2024 – Após resultados negativos que decepcionaram investidores no passado, o segundo trimestre do Bradesco foi visto com bons olhos pelo mercado, levando analistas a recomendarem a compra de ações do banco, que acumulam alta superior a 20% desde a divulgação do balanço no início de agosto– melhor desempenho entre os ´bancões´ brasileiros.  

Embora os grandes bancos tenham mostrado números considerados em geral fortes por analistas, o Bradesco superou projeções e surpreendeu positivamente depois de ter passado algum tempo como  ‘patinho feio’ no setor, à medida que viu a rentabilidade despencar 10 pontos percentuais de 2019 a 2023, quando o ROE atingiu mínima histórica de 10%. 

Do início de agosto até o momento, o Índice Financeiro (IFNC) tem a melhor performance entre índices da B3, com valorização de 13%, renovando máxima histórica aos 14.172 pontos hoje pela manhã, com o Bradesco puxando a fila das altas.  

O otimismo com o Bradesco ajudava a impulsionar o setor bancário como um todo, após balanços do 2T em geral acima das expectativas e com redução nos índices de inadimplência, que foram motivo de grande preocupação após a crise da pandemia de Covid-19, e agora melhoraram pelo terceiro trimestre consecutivo, aproximando-se da média histórica.  

RECOMENDAÇÕES  

O Goldman Sachs elevou a recomendação para as ações PN do Bradesco de ‘neutra’ para ‘compra’ e subiu o preço-alvo de R$14 para R$17,50. Os analistas destacaram que os números do segundo trimestre do banco foram melhores do que o esperado, com ventos favoráveis em qualidade dos ativos e uma inflexão da margem financeira do cliente vista como sinal positivo.   

Para a equipe do Goldman, há recuperação cíclica e os primeiros sinais de melhoria estrutural foram apresentados. “Acreditamos que o banco está no caminho certo para entregar ROE pelo menos em linha com seu custo de capital nos próximos trimestres, à medida que o crescimento dos empréstimos acelera, a margem líquida de juros se expande e a qualidade dos ativos melhora”, avaliou o Goldman.  

Na mesma linha, o Itaú BBA elevou a recomendação das ações PN do Bradesco de ‘neutro’ para ‘compra’, com novo preço-alvo de R$16,50. Os analistas disseram que o Bradesco passou por período desafiador em que perdeu participação de mercado em volumes de crédito, mas os números divulgados no 2T24 confirmaram que as novas ações da gestão estão gerando frutos em relação ao crescimento lucrativo da carteira de crédito.  

Para o Bank of America, o Bradesco mostrou progresso encorajador em seu plano para levar a lucratividade de volta aos níveis históricos, implementado pelo novo CEO, Marcelo Noronha, desde que assumiu em novembro passado. O banco americano aumentou estimativas para o lucro líquido do Bradesco de 2024 e 2025 em 8% e 1%, respectivamente.   

Apesar do resultado animador, os analistas do BofA seguem cautelosos e esperam por um balanço mais robusto antes de aumentar o otimismo. O banco mantém recomendação ‘neutra’ em Bradesco, embora tenha elevado o preço-alvo das ações preferenciais de R$15 para R$17 após o balanço.  

Na XP, os analistas acreditam que o Bradesco apresentou resultados consistentes, apontando para trajetória positiva, porém ainda veem alguns desafios à frente. Eles mantiveram recomendação ‘neutra’ e preço-alvo em R$16.  

BALANÇO  

O Bradesco reportou um lucro líquido recorrente de R$4,716 bilhões no segundo trimestre deste ano, alta de 12% na comparação com trimestre anterior e de 4,4% na base anual. O resultado divulgado na manhã do dia 05 de agosto veio acima das projeções de analistas.  

De acordo com o banco, o resultado foi impulsionado por menores despesas com Provisão para Devedores Duvidosos (PDD), aumento de margem financeira, receita de serviços e resultado das operações de seguros.  

O Bradesco teve retorno anualizado sobre patrimônio líquido (ROAE) de 10,8% no 2T24, baixa anual de 0,1 ponto percentual. Já as despesas de provisão (PDD) expandida caíram 29,3% em um ano, para R$7,3 bilhões.  

(LB | Edição: Luciano Costa | Comentários: equipemover@tc.com.br)