Por Bruno Andrade
O Credit Suisse aumentou o temor do mercado sobre uma crise bancária global dias após o Silicon Valley Bank (SVB) decretar falência. As ações do banco suíço caíram 24,2% na Europa após o principal investidor da companhia ter negado injetar mais dinheiro na empresa. O Credit pediu suporte de liquidez ao BC suíço, que concedeu a ajuda.
O revés foi sentido na abertura do pregão brasileiro, com as ações do Itaú (ITUB4) chegando a cair 2,5% e Bradesco (BBDC4) 2,6%. O temor diminui ao longo do dia, com Itaú fechando em baixa de 0,25% e Bradesco com leve alta de 1,4%. Ainda assim, o ruído pode assustar o investidor, principalmente o que aporta no setor bancário, que tende a ser mais conservador. Por isso, a principal frase dos especialistas é “ter cautela redobrada”.
Para Fabrício Gonçalvez, CEO da Box Asset Management, embora o que se viu no mercado foi mais ruído do que graves problemas, o investidor deve ficar atento aos desdobramentos do acontecimento. “A quebra recente do Silicon Valley Bank nos EUA e a crise do Credit Suisse demonstram que há vulnerabilidades no setor financeiro que podem gerar efeitos em cadeia e causar danos significativos à economia global”, disse.
De acordo com Heitor de Nicola, especialista de Renda Variável da Acqua Vero, em um cenário hipotético e improvável da quebra do Credit Suisse, os bancos brasileiros certamente seriam impactados. “O mundo enfrentaria uma crise bancária global”, explicou Nicola.
Já Charo Alves, especialista da Valor Investimentos, detalha que o mercado bancário mundial está passando por uma crise de confiança após um ciclo de alta de juros. No entanto, ele enxerga mais resiliência nas empresas brasileiras do setor. “Os bancos nacionais estão mais acostumados com juros mais altos e a inflação está mais controlada, o que tende a dar uma aliviada na inadimplência, principal pesadelo dos grandes bancos no último trimestre”, afirmou.
Segundo Gonçalves, CEO da Box Asset Management, esse pode ser um fator que sinaliza quais são as empresas mais expostas ao risco. “O Bradesco pode estar entre os mais vulneráveis devido a dados recentes sobre alta inadimplência de seus créditos concedidos, o que aumenta o risco para o banco, afetando sua saúde financeira e operacional.”
Por outro lado, há uma forte esperança com o Banco do Brasil (BBSA3). A companhia não está com forte exposição à inadimplência de pessoa física ou jurídica por trabalhar focada na linha de empréstimos consignados, o que segundo os especialistas já causa um alívio em relação ao cenário macroeconômico. “A carteira de crédito da empresa é a melhor do segmento”, afirmou Charo Alves, especialista da Valor Investimentos
De acordo com ele, o fato da instituição financeira ser estatal traz outro adicional protecional para ela. “Mesmo que exista risco político, a empresa corre poucos riscos de quebrar por pertencer ao governo”, explicou.
Por fim, ele comenta ainda que o papel é negociado a múltiplos atrativos. “A ação está barata quando olhamos para os resultados financeiros entregues nos últimos trimestres. Por isso, a empresa é a mais sólida do setor”, concluiu Alves.