Decisão foi em linha com consensos

Copom eleva Selic em 50 pbs, a 14,75%; cita necessidade de ‘cautela’ e ‘flexibilidade’ para junho

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Brasília, 7/5/2025 – O Comitê de Política Monetária do Banco Central elevou a taxa básica de juros, a Selic, em 50 pontos-base na noite desta quarta-feira, a 14,75%, em linha com consenso do mercado, e citou necessidade de cautela e flexibilidade para a próxima decisão, de junho, em meio ao estágio avançado do ciclo de aperto monetário, bem como seus impactos, em um comunicado extensamente reescrito.

De acordo com o Copom, a próxima reunião demandará “cautela adicional na atuação da política monetária e flexibilidade para incorporar os dados que impactem a dinâmica de inflação”, diante do cenário de elevada incerteza. O colegiado também pontuou que a “calibragem” do aperto monetário apropriado seguirá guiada pelo objetivo de trazer a inflação à meta no horizonte relevante.

“O cenário segue sendo marcado por expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho. Tal cenário prescreve uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período prolongado para assegurar a convergência da inflação à meta”, pontuou o Copom no comunicado desta noite.

Também segundo o Copom, ainda que o conjunto de indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho apresentem dinamismo, observa-se uma “incipiente moderação no crescimento”. Por outro lado, segundo o colegiado, as leituras recentes de inflação cheia e subjacentes mantiveram-se acima da meta para a inflação.

Em seu balanço, o Copom avaliou que os riscos para a inflação, tanto de alta quanto de baixa, estão mais elevados do que o usual. Embora não tenha alterado os riscos altistas para os preços, o colegiado fez uma série de mudanças para os riscos baixistas. Passou a atentar para o risco de uma desaceleração global “mais pronunciada”, decorrente do choque de comércio e de um cenário de “maior incerteza”.

O colegiado também adicionou novo risco baixista – uma redução nos preços das commodities, com efeitos desinflacionários – que não havia sido incorporada até então em seu balanço.

O petróleo Brent tocou mínima de quatro anos nesta semana, abaixo dos US$60 por barril, com o grupo de produtores Opep+ decidindo acelerar retomada da oferta em reunião no domingo. Outras commodities têm sido impactadas por preocupações com o impacto de disputas comerciais sobre os mercados.

Em linha com o esperado, o Copom também reduziu a projeção para a inflação neste ano, em seu cenário de referência, a 4,8%, ante 5,1% estimados em março, mas ainda acima do teto da meta, que seria 4,5%. Para o horizonte relevante – que passou a ser o quarto trimestre de 2026 nesta reunião – o colegiado reduziu a projeção de preços a 3,6%, ante 3,9% estimados em março – quando ainda tinha o terceiro trimestre como horizonte relevante.

CENÁRIO EXTERNO

O Copom reescreveu trecho sobre o ambiente externo, para pontuar que a política comercial dos Estados Unidos “alimenta incertezas sobre a economia global”, notadamente acerca da magnitude da desaceleração econômica, e sobre o efeito heterogêneo no cenário inflacionário entre os países.

“Além disso, o comportamento e a volatilidade de diferentes classes de ativos também têm sido afetados, com fortes reflexos nas condições financeiras globais. Tal cenário segue exigindo cautela por parte de países emergentes em ambiente de maior tensão geopolítica.”

Também de acordo com o Copom, a conjuntura externa, em particular os desenvolvimentos da política comercial dos EUA, e a conjuntura doméstica – em particular a política fiscal – têm impactado os preços de ativos e as expectativas de agentes.

 

(GP | Edição: Equipe Mover | Comentários: equipemover@tc.com.br)