Por Bruno Andrade e Fabricio Julião
O banco central americano, Federal Reserve (Fed), deve encerrar o ciclo de escalada dos juros após a reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) marcada para 3 de maio, disseram economistas ao Faria Lima Journal (FLJ). É esperado que a taxa seja elevada em 25 pontos-base na próxima reunião e o intervalo de juros nos EUA se estabeleça entre 5,00% e 5,25%.
Para o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, o foco principal do Fed continua sendo o combate à inflação. Apesar de observar os desdobramentos da crise bancária, a percepção do banco central americano é que a situação está sendo bem conduzida, na visão do especialista.
“A desaceleração da economia de certa forma ajuda a trazer a inflação para baixo nos EUA e facilita o trabalho do Fed. Tanto é assim que eles não vão precisar subir a taxa de juros para 6%, como era esperado antes”, afirmou.
“O Fed vê que, dada a desaceleração que a crise bancária pode começar a trazer, isso já vai ajudar a trazer a inflação para baixo e 5,25% e vai ser suficiente para que o objetivo de longo prazo da meta de inflação em 2% seja alcançado”, acrescentou.
Segundo Camila Abdelmalack, economista da Veedha Investimentos, a desaceleração da inflação nos EUA, de 6,4% em janeiro para 6% em fevereiro, intensificou a aposta dos investidores de que a taxa de juros ficará mais próxima de 5% ao fim do ciclo.
“A maioria dos dirigentes espera juros entre 5,0% e 5,25% em 2023, e corte de juros apenas em 2024, visto que a inflação irá convergir para meta de 2% apenas em 2025”, explicou Abdelmalack.
O head de renda variável da A7 Capital, André Fernandes, acredita que o tom mais dovish do comunicado do FOMC nesta quarta-feira é reflexo das condições de crédito dos EUA. Ele também acredita que uma alta de 25 pontos-base na próxima reunião seja o cenário mais provável.
“O FOMC deve vir com mais uma alta de +0,25% na próxima reunião no início de maio, já que revisou suas projeções em relação a inflação PCE de 2023 para 3,3% (anterior 3,1%), então deve continuar combatendo a inflação deixando claro que esse trabalho ainda não acabou”, explicou o analista ao FLJ.
Segundo dados compilados na Chicago Mercantile Exchange (CME), as apostas estão divididas, com 53,5% acreditando na manutenção dos juros no intervalo de 4,75% a 5,00%, e 46,00% apostando em alta de 0,25 ponto percentual.