Chances de corte da Selic em maio aumentam após quebra do SVB, dizem especialistas

Segundo especialistas, chances de um corte de 0,25p.p. ganharam força em meio à deterioração do cenário econômico americano

Estadão Conteúdo
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Por: Fabricio Julião

As chances de um corte de 0,25 ponto percentual na Selic na reunião do Comite de Política Monetária de maio ganharam força, segundo especialistas consultados pela Mover, em meio à deterioração do cenário econômico americano causada pela quebra do banco Silicon Valley Bank, na sexta-feira.

Para Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, o tom da ata do Copom da próxima reunião já deve mudar depois da queda do SVB, apontando para a desaceleração da economia e para a deterioração da concessão de crédito no ambiente interno.

“A decisão do Banco Central era mais fácil no cenário da semana passada, pois tinha o foco em uma inflação ainda alta e a atividade econômica resistindo. Agora, com a crise de crédito interna e no exterior, a economia brasileira corre sério risco de entrar em recessão”, afirmou ao Mover. 

Em relatório divulgado nesta segunda-feira, a XP ressaltou que caso a crise nos bancos regionais americanos force o Federal Reserve a ter uma postura mais frouxa em relação à taxa de juros, isso pode abrir espaço para o Copom também cortar juros. 

Essa postura mais “dovish” do Fed já começou a ser precificada no mercado nesta segunda-feira. A hipótese de manutenção da taxa de juros americana entre 4,50% e 4,75% chegou a ser majoritária na manhã desta segunda, com 51% das apostas em negociações com derivativos, segundo a Chicago Mercantile Exchange (CME). Algo que na semana passada nem era considerado. 

Depois, por volta das 15h10, a preferência dos agentes financeiros voltou a ser alta de 0,25 ponto percentual pelo Fomc – o equivalente ao Copom do Fed – nas reuniões de 21 e 22 de março, com 71,6% das apostas, contra 28,4% para manter os juros inalterados. 

No Brasil, as operações com opções de Copom na B3 indicam que 69% dos investidores acreditam em uma manutenção da Selic em 13,75% ao ano na próxima reunião. No entanto, cerca de 15% veem a possibilidade de uma redução da taxa básica de juros em 0,25 p.p na reunião de 3 de maio, enquanto a hipótese de queda de 0,50 p.p tem 12% da preferência dos agentes financeiros. 

Na visão de Alexandre Espírito Santo, economista-chefe da Órama, os rumos para um corte mais cedo que o esperado pelo mercado também passam pelo anúncio do novo arcabouço fiscal, que deve ser apresentado nos próximos dias, segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. 

“A chance de corte de maio aumenta porque, além disso, teremos a nova regra fiscal anunciada em breve e também temos que pensar na nossa própria crise de crédito. Na minha percepção, começa a ter espaço para redução de 25 pontos-base na Selic em maio”, disse o especialista à Mover.