Por Fabricio Julião
Após a leva de indicadores econômicos divulgados nos últimos dias, as dúvidas sobre o cenário de atividade e, consequentemente, o rumo dos juros americanos permanecem. Economistas ouvidos pela Mover dizem que o ambiente ainda é nebuloso para o Federal Reserve (Fed), que parece estar entre a cruz e a espada em relação à inflação e uma provável recessão. Situação que promete manter uma dose de instabilidade nos mercados financeiros globais.
Nesta quarta-feira, os pedidos semanais de seguro-desemprego nos Estados Unidos atingiram 245 mil, alta de 5 mil solicitações em comparação com fevereiro e acima do consenso do mercado, que esperava 240 mil. Esse número chegou a mexer com o mercado pela manhã, pois dá força à tese mais dovish do Fed na reunião de maio. Mas, ainda assim, não traz força suficiente para mudar a a direção da entidade monetária – seja ela qual for – e as apostas do mercado.
“O dado mostra que mercado de trabalho com certeza está esfriando, mas ainda é cedo para afirmar que isso signifique uma mudança na postura do Fed”, afirmou o CEO da OhmResearch, Roberto Attuch.
Apesar da leve inclinação no início do dia à hipótese de um Fed mais brando depois dos dados de desemprego de hoje, as apostas continuam majoritárias para um aumento de 25 pontos-base na taxa de juros americana na reunião de maio do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC). Dados compilados pela Chicago Mercantile Exchange (CME) de negociações de opções mostram que 85% apostam que os Fed Funds passarão ao intervalo de 5% a 5,25% ao ano, ante 15% de apostas na manutenção da taxa e no fim do ciclo de altas.
Ontem, o Livro Bege do Fed revelou estagnação da atividade econômica, maior frequência das correções de preços e um acesso mais restrito ao crédito na maior economia do mundo. Ainda assim, o mercado acredita que, apesar do momento atual do mercado de crédito, a situação não é tão crítica a ponto de alterar o leme da política monetária americana bruscamente.
“Estamos vendo nos últimos dias um cenário muito instável, que não dá ferramentas suficientes para o Fed tomar decisões certeiras com base nos dados divulgados recentemente. Não houve retornos claras de Livro Bege ou de outros indicadores, então o Fed está esperando mais inídicos para estabelecer o fim da alta de juros”, destacou o economista Igor Lucena.