Por: Parícia Lara
Os ativos locais voltam a operar após o feriado prolongado sob efeito de leve baixa das bolsas europeias e dos futuros dos índices acionários americanos nesta segunda-feira, diante de atenções voltadas a balanços de grandes companhias, que podem ajudar a traçar os cenários para a taxa de juros. Entre os resultados, a manhã já trouxe os números do Credit Suisse.
O banco suíço sofreu resgates de 61,2 bilhões de francos suíços (US$68,6 bilhões) no primeiro trimestre em um movimento que levou a instituição a um colapso e ao resgate orquestrado por autoridades suíças que culminou com a sua compra pelo concorrente UBS. O êxodo de clientes foi mais agudo nos dias que antecederam o resgate, disse o Credit Suisse na segunda-feira, acrescentando que, embora as saídas tenham se estabilizado, elas não foram revertidas. O banco anunciou um prejuízo ajustado pré-imposto de 1,3 bilhão de francos suíços. Em base líquida, o banco reportou lucro de 12,4 bilhões de francos suíços após fazer uma controversa liquidação de seus títulos AT1 como parte do resgate.
Mas um contraponto para o clima negativo vem da melhora do ambiente para os negócios na Alemanha, onde o índice Ifo subiu de 93,2 em março para 93,6 em abril, o maior nível desde fevereiro, ainda que tenha ficado abaixo do patamar esperado de 94.
No câmbio, o dólar americano recua ante as principais divisas pares, com o Índice Dólar DXY ao redor de 101,50 pontos e caminhando para fechar o segundo mês seguido em queda.
Os rendimentos dos títulos de dívida de curto prazo dos Estados Unidos subem, enquanto as taxas longas cedem. Na sexta-feira, quando foi feriado no Brasil, dados mostraram que a atividade ganhou força nos Estados Unidos e na Zona do Euro, dissipando a preocupação sobre uma recessão nas grandes economias.
No mercado de commodities industriais, a manhã traz sinais negativos. O contrato futuro para setembro do minério do ferro, o mais negociado, fechou a sessão na Bolsa chinesa de Dalian em queda de 3,09%, a 721,50 iuanes, o equivalente a US$105,97, a tonelada. Pesou no humor notícias de que as siderúrgicas chinesas reduziram sua produção em razão de prejuízos e baixa lucratividade diante da expectativa pessimista de recuperação de demanda em maio, segundo fontes citadas pela Reuters. O barril do petróleo Brent opera em leve baixa, diante da incerteza sobre as perspectivas de demanda.
No Brasil, o Banco Central divulga em seu site a pesquisa Focus, com estimativas de analistas para o Produto Interno Bruto, o câmbio, a inflação e a taxa Selic, às 8h25. Na pesquisa anterior, os economistas reduziram suas projeções para a taxa de juros de 2023 pela primeira vez em um ano, de 12,75% para 12,50%. Na semana, o mercado acompanha a tramitação do projeto do novo arcabouço fiscal no Congresso Nacional, além da divulgação da prévia do Índice de Preços ao Consumidor Amplo, o IPCA-15, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Durante o Fórum Empresarial Brasil-Portugal, no Porto, nesta manhã, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que seu governo pretende investir R$23 bilhões na área de infraestrutura neste ano e que sem estabilidade social, política e jurídica ninguém investe no Brasil. Ele voltou a criticar o patamar elevado da taxa básica de juros, dizendo que, com a Selic a 13,75%, ninguém toma empréstimo no Brasil. Lula também atacou a privatização da Eletrobras e declarou que seu governo não irá vender nenhuma empresa pública.
A agenda do presidente prevê ainda uma viagem hoje para Lisboa, onde participa da cerimônia de entrega do Prêmio Camões a Chico Buarque, além de uma recepção organizada pela Embaixada brasileira.
MERCADOS GLOBAIS
O futuro do petróleo Brent para entrega em junho recuava 0,26%, a US$81,45 o barril.
O contrato de ouro para entrega em junho subia 0,16%, a US$1.993,80 a onça-troy.
O Bitcoin cedia 0,78% nas últimas 24 horas, a US$27.463; o Ethereum recuava 0,85% no mesmo período.
MERCADOS LOCAIS
O índice EWZ, ETF que replica as ações brasileiras no exterior, subia 0,07% no pré-mercado americano.
O dólar futuro pode abrir em alta na B3, diante do ambiente de cautela e de baixa das commodities.
Os contratos de juros futuros na B3 devem seguir a reboque do rumo externo, com ajustes ainda às expectativas sobre a taxa Selic na pesquisa Focus.
DESTAQUES
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), disse que o governo planeja cortar R$150 bilhões em renúncias fiscais e que o pretende abrir a caixa preta, esmiuçando todos os CNPJs. Haddad voltou a dizer ainda que não existe em nenhum lugar do mundo desenvolvido uma meta anual de inflação. (O Estado de S. Paulo)
Após a retirada do terreno da Embrapa Semiárido, em Petrolina (PE), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) invadiu outras três áreas na Bahia. Baixo Sul, Extremo Sul e Norte baianos têm territórios que foram alvos do movimento social, que alega contar com um total de 518 famílias na ação de ocupação. (Correio Braziliense)
A multinacional do setor têxtil brasileira Springs Global assinou um memorando de entendimentos para que suas subsidiárias Coteminas e Santanense atuem como fornecedoras da gigante asiática de e-commerce Shein na América Latina. (Mover)
A Petrobras assinou contrato para ampliação e modernização de unidades em operação na Refinaria Abreu e Lima (RNEST), o que deve aumentar a capacidade total de processamento de 115 mil barris de petróleo por dia para 130 mil. (Mover)
Cerca de 87% de 331 entrevistados esperam que o Federal Reserve, o banco central americano, reduza a taxa de juros dos EUA para 3% ou menos em um ciclo de afrouxamento que 40% acreditam que começará este ano, de acordo com a última pesquisa MLIV Pulse. Isso contrasta com os preços de mercado que colocam a taxa de juros implícita em torno de 3,05% em dois anos. (Daily Maverick)
O Casino recebeu uma proposta de um veículo de investimento controlado pelo bilionário tcheco Daniel Křetínský para aumentar seu capital em até 1,1 bilhão de euros, em um movimento que pode mudar o controle do grupo. (Financial Times)
O dólar americano subia 0,31%, a 134,57 ienes, com a moeda japonesa pressionada após o presidente do Banco do Japão, Kazuo Ueda, afirmar que é prematuro falar em mudança na política de controle da curva de juros dos títulos do país. Segundo uma matéria do jornal Sankei no domingo, sem fontes identificadas, o BC japonês estaria planejando rever e inspecionar suas políticas adotadas nas últimas décadas. (Agências)