Por Luca Boni e Fabricio Julião
O Ibovespa seguia em movimento de alta, reverberando o bom humor vindo do exterior, principalmente após indicadores na China indicarem uma estabilização da economia. Investidores calibravam também as expectativas para as divulgações das inflações no Brasil e nos Estados Unidos, e para a decisão de juros na Europa.
Por volta das 12h10, o Ibovespa subia 0,74%, aos 116.165 pontos. O volume de negócios projetado para hoje é de R$12 bilhões, abaixo da média de 50 pregões.
Os dados de inflação ao consumidor da China voltaram ao território positivo em agosto, conforme os dados divulgados no sábado. Com isso, houve melhora do ânimo na segunda maior economia do mundo, devido a diminuição das pressões de deflação em meio a sinais de estabilização do gigante asiático.
No Brasil, a expectativa é para o dado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) referente ao mês de agosto, que será divulgado amanhã. O indicador deve alimentar as perspectivas relacionadas à condução da política monetária.
No exterior, os indicadores mais aguardados são os dados de inflação ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) nos EUA, que pode dar pistas sobre os próximos passos do Federal Reserve.
Na cena local, entre as ações, destaque para as ON da Vale, que subiam 1,92%, em linha com a forte valorização dos contratos de minério de ferro na China. O Índice de Materiais Básicos subia 1,13% e liderava as altas entre os índices setoriais da B3.
As ações PN do Itaú, da Petrobras e as ON da Suzano avançavam 1,20%, 0,54% e 2,13%, respectivamente, ajudando a impulsionar o índice.
Entre as maiores altas percentuais, figuravam as ON do Pão de Açúcar, da rede D’Or e da Eztec, que subiam 2,18%, 1,89% e 1,77%, nesta ordem.
Na ponta oposta, as maiores quedas percentuais do índice ficavam por conta das PNA da Braskem, as ON da Petz e as PN da Gol, que recuavam 3,27%, 2,48% e 2,24%, na sequência.
JUROS
As taxas de contratos dos juros futuros operavam perto da estabilidade, com leve viés de baixa. Investidores ajustavam posições enquanto aguardam as decisões de política monetária mundo afora nesta e na próxima semanas. Por aqui, a atenção está voltada para a divulgação do IPCA amanhã.
Por volta das 12h10, os DIs com vencimentos em jan/24 e jan/25 caíam 1,5 ponto-base e 0,5 pb, respectivamente, a 12,33% e 10,54%. Já os vértices para jan/27 e jan/31 recuavam 2,5 pbs e 3,0 pbs, na mesma ordem, a 10,43% e 11,21%.
A curva dos DIs iniciou o dia em leve alta, refletindo as revisões do boletim Focus sobre a inflação. Para este ano, a projeção do IPCA foi de 4,92% para 4,93%, enquanto para o ano seguinte passou de 3,88% para 3,89%. Depois, os vértices se inclinaram levemente para baixo, diante do pessimismo com o crescimento mundial.
A taxa de juros da Zona do Euro será divulgada na quinta-feira, e os dados que já foram divulgados reforçam a tese de que o Banco Central Europeu (BCE) pode manter o patamar de 4,25% ao ano.
Nos Estados Unidos e no Brasil, as decisões referentes às taxas de juros dos respectivos países serão anunciadas em 20 de setembro. Aqui é esperado um novo corte de 50 pbs na taxa Selic pelo Banco Central. Lá, a expectativa é de manutenção da faixa de 5,25% e 5,50%.
Ainda assim, o mercado está dividido quanto ao fim do aperto monetário do Federal Reserve. Segundo a ferramenta FedWatch, da bolsa de Chicago, 38% dos investidores acreditam que o Fed promoverá uma nova alta de 25 pbs em novembro.
EXTERIOR
Em Wall Street, os principais índices acionários operavam em alta, impulsionados pelas ações de tecnologia, com destaque para as da Tesla. Investidores ajustam suas posições aguardando a divulgação de dados de inflação ao longo desta semana, que servirão como base para alimentar as expectativas do mercado em relação à condução da política monetária americana.
Perto das 12h10, o Dow Jones, o S&P500 e o Nasdaq 100 avançavam 0,16%, 0,34% e 0,51%, respectivamente. Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano de dez subiam 2,8 pontos-base, a 4,296%, já os de dois anos operavam próximos da estabilidade aos 4,997%.
As ações da Tesla saltavam mais de 6% na Nasdaq, após o Morgan Stanley ter elevado ontem a recomendação dos papéis de “neutra” para “compra”. Os analistas do banco americano disseram que o supercomputador Dojo pode abrir novos mercados para a fabricante de veículos e, consequentemente, aumentar o valor de mercado da empresa em mais de US$600 bilhões.
No exterior, o indicador mais aguardado é o dado de inflação ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) nos Estados Unidos, que irá trazer mais pistas sobre como será conduzida a política monetária do Federal Reserve. A decisão de juros do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) está programada para ser anunciada na quarta-feira da semana que vem.
CÂMBIO
O dólar operava em queda ante o real, com a atratividade do Brasil para investimentos em voga e o bom humor do mercado trazendo ventos favoráveis para moedas de países emergentes. Investidores digerem ainda as revisões do boletim Focus sobre o crescimento do Brasil, enquanto ajustam posições após avanços recentes da moeda americana.
Perto de 12h10, o dólar à vista recuava 0,96%, a R$4,9367, enquanto o dólar futuro tinha queda de 1,07%, a R$4,952.
A divisa brasileira ganhava fôlego diante das perspectivas de avanço em relação à atividade econômica do país. Segundo o Boletim Focus semanal, divulgado pelo Banco Central mais cedo, a projeção do Produto Interno Bruto (PIB) de 2023 subiu de 2,56% para 2,64%, enquanto para 2024 avançou de 1,32% para 1,47%. Para 2025, a projeção foi elevada de 1,90% para 2,00%.
No exterior, a menor aversão ao risco também impulsionava outras divisas. Em uma cesta de 22 moedas acompanhada pela Mover, 18 ganhavam terreno diante do dólar. Nesse cenário, o Índice DXY recuava 0,49%, aos 104.537 pontos, o que mostra o apetite do mercado para com pares mais fortes e líquidos, como o euro, a libra e o franco suíço, além das moedas de países emergentes.