Por Luca Boni e Fabricio Julião
O Ibovespa opera sem direção definida com leve viés de alta nesta segunda-feira (18), impulsionado pelas ações da Petrobras. Investidores ainda digerem o boletim Focus, que mostrou expectativas mais otimistas para a economia interna, e à espera pela decisão de juros no Brasil e nos Estados Unidos, na próxima quarta-feira.
Por volta das 12h10, o Ibovespa tinha alta de 0,44%, aos 119.276 pontos. O volume de negócios projetado para hoje é de R$14,6 bilhões, abaixo da média de 50 pregões.
Em relação à quarta-feira, quando acontecerá a famosa “superquarta”, dia em que ocorre a decisão de juros aqui e nos EUA, o mercado está em compasso de espera, avalia diretor de research da Quantzed, Leandro Petrokas.
“O mercado também observa a aproximação do governo com o Centrão. Precisamos entender quais propostas podem ser votadas, e eventuais sinalizações de um fiscal mais rígido podem animar o mercado. Por outro lado, se pautas populistas com aumento de gastos forem aprovadas, o mercado deve reagir mal.”
Mais cedo, o Focus mostrou que as projeções para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2023 caíram para 4,86%, enquanto as expectativas para o Produto Interno (PIB) subiram para 2,89%. As projeções mais positivas animam o mercado às vésperas do Copom.
Entre as ações, destaque para as ON e PN da Petrobras, que avançavam 3,04% e 2,27%, respectivamente, sendo as maiores contribuidoras por pontos do Ibovespa.
Por outro lado, as maiores altas percentuais do índice ficavam com as PNA da Braskem, as ON da YDUQS e as da Magazine Luiza, que ganhavam 6,84%, 4,99% e 4,44%, nesta ordem.
Na ponta oposta, as PN da Gerdau, as Units do BTG Pactual e as ON da Equatorial recuavam 2,25%, 1,22% e 1,09%, na sequência, e eram as maiores detratoras por pontos do índice.
Entre as maiores quedas percentuais, estavam as ON da Vamos, da Marfrig e as PN da Gerdau Metalúrgica, que recuavam 4,43%, 3,31% e 2,43%, respectivamente.
EXTERIOR
Em Nova York, os principais índices acionários operavam sem direção definida neste início de semana, com investidores cautelosos aguardando uma série de decisões de política monetária nas maiores economias ao redor do mundo. O que pesa sobre os mercados são os temores por uma inflação alta devido ao forte avanço do petróleo.
Perto das 12h10, o Dow Jones, o S&P500 e o Nasdaq 100 operavam próximos da estabilidade. Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano de dez anos operavam estáveis, aos 4,337% e de dois anos operavam em alta de 1,9 pontos-base, a 5,056%.
Os investidores operam com cautela à espera de quarta-feira, quando acontecerá a decisão de juros nos EUA. As expectativas pela decisão do Federal Reserve, são para manutenção das taxas de juros, no nível entre 5,25% e 5,50%.
“Os EUA devem manter os juros inalterados, mas manter as portas abertas para a possibilidade de novos aumentos”, ressaltaram analistas da Guide Investimentos, em relatório.
Além do Federal Reserve, ainda serão divulgadas as taxas de juros do Japão e da China. O Japão vive o desafio de conciliar sua política monetária ultra expansionista a uma inflação mais alta, enquanto a China precisa de incentivos para acelerar seu crescimento.
À medida que o petróleo Brent prolonga seus ganhos e se aproxima do nível dos US$95,00, após as restrições à oferta da Arábia Saudita seguirem até o fim do ano, os temores entre os investidores por uma pressão na inflação aumenta.
O sentimento pesa sobre os mercados e corrobora a tese de que o Fed possa fazer uma nova alta residual nos juros americanos ainda neste ano, caso a inflação volte a subir.
JUROS
As taxas de contratos dos juros futuros operavam perto da estabilidade, majoritariamente em leve alta, mas sem firmar direção única. Os vértices seguem sem variações substanciais devido à espera dos investidores pelas decisões monetárias no Brasil e nos Estados Unidos, que ocorrerão na quarta-feira.
Por volta das 12h20, os DIs com vencimentos em jan/24 caíam 0,5 ponto-base, a 12,28%, enquanto os para jan/25 e jan/25 subiam 2,5 pbs e 3,0 pbs, respectivamente, a 10,45% e 10,36%. Já o vértice para jan/31 avançava 1,0 pb, a 11,23%.
Na “Superquarta” de setembro, o mercado não espera surpresas em relação aos juros americanos e aposta na manutenção da taxa entre 5,25% e 5,50%. Os agentes financeiros, entretanto, divergem quanto à taxa terminal do ciclo de elevação dos Fed Funds, com alguns acreditando em novas altas em novembro.
Por aqui, a expectativa é pela continuidade do ritmo de corte de 50 pontos-base na Selic. No entanto, o comunicado da decisão pode dar o tom sobre uma possível aceleração do ritmo de baixas no fim do ano, o que passou a ser considerado pelo mercado após o alívio sobre os preços do setor de serviços.
Investidores por aqui reagiram ainda às projeções do boletim Focus desta segunda-feira. Os economistas consultados pelo Banco Central revisaram a expectativa do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 4,93% para 4,86% em 2023, e 3,89% para 3,86% em 2024.
As melhoras nas expectativas de inflação levaram a curva a abrir com leve viés de baixa, mas também sem grandes oscilações. No entanto, o movimento se inverteu para leve alta por volta das 11h, com o rendimento das Treasuries americanas se elevando timidamente e passando a também operar perto da estabilidade.
CÂMBIO
O real ganhava terreno frente ao dólar, seguindo o movimento de alta que registrou na semana passada. A divisa brasileira liderava as valorizações do dia em uma cesta de 23 moedas acompanhada pela Mover.
Perto das 12h10, o dólar à vista recuava 0,42%, a R$4,8480, enquanto o dólar futuro caía 0,46%, a R$4,858.
A alta da bolsa brasileira favorecia a moeda local, devido à entrada de fluxo estrangeiro no país. Além disso, investidores reagem positivamente às revisões para baixo da inflação e para cima do Produto Interno Bruto (PIB) no relatório Focus do BC desta semana.
O dólar avançava diante de 11 moedas da cesta citada acima. A divisa americana tem desempenho misto em meio à expectativa pela decisão de juros do Federal Reserve na próxima quarta-feira. O Índice DXY recuava 0,09% também perto das 12h10, aos 105.242 pontos.