Bolsas operam na cautela e dólar cai; minério de ferro derrete

Fed sinaliza que EUA podem caminhar para recessão amena

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Por: Patrícia Lara

A cautela predomina no exterior diante da sinalização por parte do Federal Reserve, o banco central americano, de que os Estados Unidos podem caminhar para uma recessão amena, enquanto a possibilidade de início de alívio monetário no país antes do fim do ano se amplia e oferece um suporte. Já a China traz referências mistas. O país registrou um forte aumento das exportações em março, desafiando as projeções de contração, e queda mais amena do que a esperada das importações. A cotação do minério de ferro, contudo, não teve alívio com os dados positivos da balança comercial e despencou com notícias não confirmadas de que o gigante asiático planeja limitar a produção siderúrgica.

As ações de mineradoras no exterior caem, servindo de referência para a Vale, após o preço do minério de ferro encerrar a sessão na Bolsa chinesa de Dalian em queda 3%, para 769 iuanes, ou o equivalente a US$111,89, com informações citadas em agências internacionais de que o gigante asiático planeja limitar a produção de aço deste ano no mesmo nível de 2022. O aumento do risco de recessão também obscureceu as perspectivas para as exportações chinesas de aço, disseram analistas. Esses fatores ofuscaram a preocupação com um potencial impacto na oferta da commodity diante do avanço de um forte ciclone em uma região da Austrália onde fica o principal porto exportador de metal do país.

Os dados da balança comercial chinesa surpreenderam positivamente em março. As exportações aumentaram 14,8%, contrariando o consenso de projeções levantadas pela Reuters, que era de queda de 7%. As importações também superaram as projeções, com queda de apenas 1,4%, ante um recuo esperado de 5%. Outro sinal positivo associado à China veio do resultado da LVMH. A gigante do setor de luxo anunciou alta de 17% de suas receitas no primeiro trimestre, impulsionadas pelo desempenho na Ásia após o fim das restrições de controle da Covid na China.

As bolsas europeias e os futuros dos índices acionários americanos operam sem trajetória firme, com variações limitadas ante o fechamento.

No câmbio, o Índice Dólar DXY, que mede a variação da moeda americana ante principais divisas pares, recuava, em um desdobramento que pode ajudar a prolongar os ganhos do real brasileiro.

Ontem, os contratos de dólar futuro fecharam em queda de 1,81% na B3, a R$4,933, no menor patamar de fechamento desde junho de 2022. Hoje, o Banco Central deve terminar de rolar os contratos de swap cambial de maio e o mercado monitora como ficará a rolagem dos contratos que vencem em junho com o atual patamar do câmbio.

No mercado de renda fixa, o ajuste às expectativas de que o Banco Central americano pode encerrar o ciclo de aperto monetário em maio e começar a cortar juros antes do fim do ano puxa os rendimentos dos títulos do Tesouro americano de curto prazo, mas o movimento é mais ameno nas taxas longas. O juro do título de 1 ano do Tesouro americano subia 12 pontos-base, a 4,784%, perto das 07h00. A taxa de 10 anos tinha alta de 2,8 pontos-base, a 3,428%.

Após o indicador de inflação ao consumidor americano dar alívio ontem, sai hoje o Índice de Preços ao Produtor de março, às 9h30. No mesmo horário, serão divulgados os dados de pedidos de auxílio desemprego semanal.

No Brasil, o Tesouro Nacional realiza leilões de títulos prefixados. A oferta envolve Letras do Tesouro Nacional para os vencimentos em abril de 2024 e 2025 e julho de 2026. Também está prevista a oferta de Notas do Tesouro Nacional, série F para 2029 e 2033.

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), participou dos primeiros eventos de sua viagem à China. Em Xangai, Lula esteve na posse da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) como nova comandante do banco dos Brics, visitou o centro de pesquisa e desenvolvimento da Huawei e se encontrou com autoridades chinesas antes de embarcar para Pequim, onde se reunirá com o presidente chinês Xi Jinping hoje à noite, no horário brasileiro.

MERCADOS GLOBAIS

O futuro do petróleo Brent para entrega em junho cedia 0,21%, a US$87,15 o barril com o risco de recessão nos Estados Unidos.

O contrato de ouro para entrega em junho subia 0,79%, a US$2.040,80 a onça-troy.

O Bitcoin subia 1,5% nas últimas 24 horas, a US$30.346; o Ethereum avançava 3,39% no mesmo período.

MERCADOS LOCAIS

O índice EWZ, ETF que replica as ações brasileiras no exterior, subia 0,37% no pré-mercado americano, após alta de 2,07% ontem.

Os contratos de juros futuros na B3 acompanham as taxas externas e o lote de oferta de títulos públicos prefixados pelo Tesouro.

DESTAQUES

Em discurso na posse da ex-presidente Dilma Rousseff na presidência do Novo Banco de Desenvolvimento, o banco dos Brics, o presidente Lula questionou o uso do dólar nas trocas comerciais entre os países do bloco. (O Globo)

O real voltou a registrar ontem o melhor desempenho frente ao dólar americano considerando uma cesta de 22 divisas acompanhadas pela Mover. O movimento ontem teve como respaldo a queda do Ìndice Dólar diante da desaceleração do índice de inflação ao consumidor americano, o que eleva a aposta de que o Fed pode encerrar seu ciclo de aperto. (Mover)

Derivativos apontam nesta manhã uma probabilidade de 65,9% de a taxa dos Fed Funds subir 0,25 ponto porcentual em maio, ante uma chance de 70,4% ontem, segundo a ferramenta FedWatch, da Chicago Mercantile Exchange. A possibilidade de a taxa seguir estável na faixa entre 4,75% e 5,00% era de 34,1%, ante 29,6% ontem. (Mover)

A recente crise bancária desencadeada pela falência de dois bancos regionais americanos no mês passado pode resultar em uma “recessão moderada” em 2023 nos Estados Unidos, segundo avaliação do Federal Reserve, apontou a ata da mais recente decisão de juros divulgada nesta quarta-feira. Alguns diretores do Federal Reserve discutiram a possibilidade de interromper o processo de alta dos juros americanos na reunião de março. (Mover)

A economia do Reino Unido ficou estagnada em fevereiro, abaixo do consenso que apontava alta de 0,1% após dados revisados mostrarem crescimento de 0,4% em janeiro. O desempenho da economia em fevereiro foi afetado por greves e pelo impacto da inflação no consumo. (Agências)

A Nomura previu que o iene pode atingir 120 por dólar até o fim do ano, 20% acima do pico de outubro, diante da potencial reversão da política ultra flexível pelo Banco Central do Japão. A visão é respaldada ainda pela expectativa de fim do ciclo de alta da taxa básica de juros nos Estados Unidos. (CNBC)

A operadora de saúde Hapvida levantou R$1,1 bilhão em uma oferta subsequente primária que precificou suas ações a R$2,68 cada, um prêmio de 1,15% frente ao fechamento de ontem e de 22% frente ao valor quando do lançamento da transação. Acionistas da empresa exerceram 76% dos direitos de subscrição, deixando 24% das ações disponíveis para o mercado. (Brazil Journal)

A Cyrela registrou vendas líquidas de R$1,54 bilhão no primeiro trimestre, alta de 17,7% ante mesmo período de 2022. O valor geral de vendas de lançamentos foi de R$1,34 bilhão, alta de quase 30% ano a ano. O VSO de lançamentos, que apura imóveis comercializados em relação ao total disponível para a venda, foi de 36,2% no período. Em 12 meses, o VSO é de 49%. (Mover)

A Light teve notas de crédito rebaixadas pela agência de risco S&P Global de ‘brCCC-’ para ‘D’, após obter liminar judicial que suspende por 30 dias obrigações financeiras associadas a R$11 bilhões em dívidas. A medida cautelar foi considerada pela S&P como “semelhante a um default”, ou calote. A elétrica tinha R$435 milhões em débitos com vencimento em 15 de abril. (Mover)