Bolsas globais sobem com mercado atento ao Fed

No Brasil, dados do varejo devem movimentar o pregão

Facebook/Federal Reserve
Facebook/Federal Reserve

Por: Patricia Lara

As bolsas europeias e os futuros de Nova York avançam na manhã desta quarta-feira com os investidores no aguardo da reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) após o Índice de Preços ao Consumidor (CPI) de maio, divulgado ontem, ter ajudado a consolidar a expectativa da primeira manutenção da taxa básica de juros desde março de 2022.

A decisão do FOMC será anunciada às 15h00, seguida pela coletiva de imprensa do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, às 15h30. O Banco Central americano divulgará ainda suas projeções econômicas no relatório ‘Dot-Plot’.

Nesta manhã, os derivativos dos Fed Funds atribuem uma probabilidade de 95,3% de a taxa de juros seguir estável na faixa de 5,00% a 5,25%, segundo a ferramenta FedWatch, da Chicago Mercantile Exchange. A expectativa de manutenção da taxa de juros ocorre após falas de dirigentes do BC americano sugerirem pausa no ciclo com o objetivo de mensurar os efeitos defasados do aperto monetário, além do impacto de contração de crédito na economia local.

Além da decisão, o mercado ficará atento à fala de Powell em busca de sinais sobre o plano de voo do BC. O mercado ainda mantém em 60% a chance de novo aumento de 0,25 ponto percentual das taxas de juros em julho, diante da cautela com o cenário perspectivo de inflação, que segue acima da meta do Fed.

Na espera pela decisão do FOMC, o Índice Dólar, que mede a variação da moeda ante principais pares, recuava. O juro projetado pelos títulos do Tesouro americano cediam. O rendimento no título do Tesouro de 10 anos recuava 0,4 ponto-base, a 3,815%, enquanto a taxa no Tesouro de 2 anos caía 1,2 ponto-base, para 4,658%.

O otimismo com a potencial interrupção do ciclo de aumento de juros nos EUA dá suporte às commodities. O contrato futuro do petróleo Brent para agosto subia 1%, a US$75,10 o barril. O minério de ferro também registrou alta e o contrato para setembro subiu 1,51%, a 804,5 iuanes, por tonelada na Bolsa chinesa de Dalian, impulsionado ainda pela expectativa de que o Banco do Povo da China, o BC do país, deve cortar suas principais taxas de juros amanhã, após anúncio de redução de taxas de curto prazo ontem.

No Brasil, o principal destaque fica com os dados de vendas do varejo em abril, com divulgação às 9h00. O consenso aponta para uma alta de 0,3% em relação a março, quando o setor registrou avanço de 0,8% em base mensal. Na sequência da divulgação do dado, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem encontro com representantes do setor, às 10h30.

Mas o setor de varejo segue ainda no radar com notícias sobre o caso Americanas. Ontem, o CEO da companhia, Leonardo Coelho Pereira, afirmou, em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara, que a varejista já tem elementos para deixar de se referir ao caso como “inconsistências contábeis” e admitir que houve uma fraude na empresa, que entrou em recuperação judicial após a revelação de um rombo bilionário.

Na Bolsa, o dia reserva vencimento de opções sobre o Ibovespa, o que pode gerar volatilidade. Operadores mencionam suportes e resistências importantes em 115.000 e 119.000 pontos por conta do grnde volume de opções em aberto nesses patamares.

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MERCADOS GLOBAIS

Perto das 07h00, o futuro do índice Dow Jones cedia 0,18%, mas os do S&P500 e Nasdaq 100 subiam 0,10% e 0,19%, respectivamente. .

O índice Stoxx Europe 600 avançava 0,52%, com a maioria dos setores em alta. O índice FTSE, 100 da bolsa de Londres, subia 0,3% e o DAX, da bolsa de Frankfurt, 0,49%.

Moedas de países exportadores de commodities subiam frente ao dólar americano. O dólar americano cedia 0,32%, a 1,4726 dólar australiano.

O índice VIX, que mede a volatilidade implícita para as opções do índice S&P500, operava em queda de 0,48%, a 14,53 pontos.

Na Ásia, as bolsas fecharam com desempenhos divergentes. O índice Hang Seng, da bolsa de Hong Kong, cedia 0,58% e o índice de referência Xangai Composto perdia 0,14%. O índice Nikkei 225, da bolsa de Tóquio, avançava 1,47% e o Kospi 200, da bolsa de Seul, recuava 0,72%..

O Bitcoin subia 0,11% nas últimas 24 horas, a US$26.084; o Ethereum avançava 0,40% no mesmo período.

MERCADOS LOCAIS

O índice EWZ, que replica as ações brasileiras no exterior, subia 1,36% no pré-mercado americano. Ontem, o Ibovespa recuou 0,51%, interrompendo uma sequência de sete altas consecutivas. Com a decisão de juros nos EUA, o mercado local deve seguir o ambiente externo na sessão de hoje.

O dólar futuro pode abrir em queda, acompanhando o rumo da moeda no exterior, e deve reagir a decisão de juros do FOMC.

Os contratos de juros futuros na B3 devem ficar a reboque do exterior após alta ontem. Investidores estão atentos a sinais de riscos fiscais que surjam a partir da crise no relacionamento entre Governo e Congresso Nacional.

DESTAQUES

Mesmo com a aposta majoritária em manutenção da taxa-alvo Fed Funds no intervalo entre 5,0% e 5,25% nos EUA, há ainda algumas instituições prevendo aperto. Os analistas do Citibank projetam, por exemplo, que o FOMC deverá elevar os juros na decisão desta quarta-feira, para fazer frente a uma inflação persistentemente alta e dados aquecidos do mercado de trabalho. Os analistas também acompanharão as projeções dos dirigentes no gráfico de pontos, conhecido como “Dot-plot”. (Mover)

O nível das taxas reais de juros depende da taxa de inflação utilizada. Nos EUA, com base no aumento de 5,3% dos preços ao consumidor, excluindo alimentos e energia nos últimos 12 meses, a taxa real está em torno de zero. Usando os rendimentos dos títulos do Tesouro protegidos contra a inflação, Benson Durham, analista da Piper Sandler, estima que a taxa real esteja agora em cerca de 1,4%. O Fed considera uma taxa real de 0,5% neutra, ou seja, não estimula nem desacelera a atividade econômica. (WSJ)

A Noruega anunciou uma “não planejada” redução de exportações de gás natural para a Europa, levando os preços da commodity energética a saltarem 17% ontem na sessão em Amsterdam e adicionando preocupações com a inflação de energia na Europa, pontuou o Goldman Sachs. (Agências)

Os gestores estão mais otimistas com a bolsa brasileira e projetam que o Ibovespa ainda tem um caminho de alta a percorrer até o fim do ano, acima dos 120 mil pontos, mostrou pesquisa da Bank of America Securities divulgada ontem. Cerca de 69% dos gestores ouvidos no levantamento projetam que o Ibovespa poderá terminar o ano acima de 120 mil pontos, ante um percentual de 27% na sondagem feita no mês passado. (Mover)

Após o governo sofrer uma derrota com a aprovação da prorrogação da desoneração da folha de pagamentos pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou que a pasta ainda tentará sensibilizar o Congresso a deixar a proposta de lado neste momento. (Folha)

A Câmara dos Deputados aprovou ontem um Projeto de Lei que permite aos participantes de planos de previdência complementar aberta usarem os valores depositados como garantia para empréstimos bancários. A proposta, de iniciativa do Executivo, seguirá, agora, para o Senado. (Câmara Notícias/Mover)

A Comissão de Educação e Cultura do Senado aprovou o projeto que altera o Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies) para conceder o benefício também aos cursos de mestrado e de doutorado. De autoria do senador Jorge Kajuru (PSB-GO), a proposta segue para exame da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). (Agência Senado/Mover)

Documentos indicam que empresas de auditoria que apoiavam a elaboração dos balanços da Americanas também receberam documentos falsificados, disse o atual CEO do grupo, Leonardo Coelho, durante a CPI na Câmara dos Deputados. A PwC chegou a trocar e-mails com executivos da Americanas sobre a redação de uma carta em que a varejista negou fazer uso de operações conhecidas como “risco sacado”, enquanto a KPMG teria alterado uma carta de controle pós-auditoria após pedido da empresa. (Mover)

A Vodafone e a CK Hutchison concordaram em combinar seus negócios móveis no Reino Unido em um acordo de £ 15 bilhões de libras. A nova empresa será a maior operadora do país, mas o acordo enfrenta agora uma batalha para obter a aprovação regulatória. (Financial Times)