Bolsas americanas fecham sem direção e dólar sobe com colapso do SVB

Os contratos de dólar futuro encerraram em alta de 0,65%, enquanto as bolsas americanas seguiram sinais mistos

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Por: Gabriel Ponte e Luca Boni

Os contratos de dólar futuro encerraram a sessão desta segunda-feira em alta no Brasil, com investidores estendendo o movimento de busca por proteção na moeda americana após o colapso do Silicon Valley Bank ter alimentado temores de um potencial contágio no sistema bancário dos Estados Unidos.

Os contratos de dólar futuro encerraram em alta de 0,65% na B3, cotados a R$5,267. Na máxima intradiária, às 10h00, os contratos foram a R$5,303. Por volta das 18h00, em uma cesta de 22 divisas observada pela Mover, 16 avançavam ante o dólar americano.

Operadores estenderam hoje o movimento de aversão ao risco, iniciado na sexta-feira, após órgãos reguladores dos EUA terem decretado a falência do SVB. Ontem, o Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC) tomou o controle de outro banco americano, o Signature Bank, baseado em Nova York.

Autoridades americanas também anunciaram medidas emergenciais para apoiar o sistema bancário do país. Dentre elas, o Federal Reserve anunciou ontem um novo mecanismo de empréstimo que visa fornecer liquidez às instituições, caso necessário.

Em relação aos principais índices acionários dos Estados Unidos, depois de muita oscilação ao longo do dia, os indicadores fecharam a sessão com variações modestas e sem uma direção única. Ainda assim, o clima geral é de muito receio em relação a um possível contágio do colapso do Silicon Valley Bank sobre o setor bancário americano. Diante desse ambiente, começam a surgir apostas de que o Federal Reserve deverá reduzir o ritmo de alta dos juros para fazer frente a esse novo desafio.

O Dow Jones e o S&P500 fecharam em quedas de 0,28% e 0,15%, respectivamente. Já o Nasdaq 100 subiu 0,45%. Por volta das 17h00, os rendimentos dos títulos do Tesouro americano de dois anos despencavam 63,7 pontos-base, a 3,958%, patamar não atingido desde outubro de 2022. Já os rendimentos dos títulos do Tesouro de dez anos recuavam 18 pontos-base, a 3,516%.

Investidores reduziram as expectativas de um grande aumento dos juros na próxima semana, e passaram a demandar ativos mais seguros, como os títulos do Tesouro – cujos preços subiram, com respectiva queda dos rendimentos.

Reguladores financeiros dos EUA anunciaram medidas emergenciais no domingo para apoiar o sistema bancário do país após a falência do SVB.

Ontem, o Goldman Sachs passou a projetar que o Fed manterá o juro inalterado na reunião da próxima semana, após a falência do SVB. A instituição também acrescentou ver “incerteza considerável” sobre o ritmo de alta da taxa-alvo Fed Funds nas reuniões dos próximos meses.

Papéis de bancos regionais tiveram forte queda na sessão, sob temores de um contágio da falência do SVB no sistema bancário. As ações do First Republic Bank recuaram 61,83%, a US$31,21, na NYSE, no menor patamar desde junho de 2012. Já os papéis da PacWest Bancorp e da Western Alliance Bancorp recuaram 21,05% na Nasdaq e 47,06% na NYSE, respectivamente.

O índice financeiro do S&P perdeu 3,95%, no quinto recuo consecutivo. Já o índice de volatilidade CBOE VIX avançou 7,38%, aos 26,62 pontos. Na máxima da sessão, foi a 30,81 pontos, maior nível desde outubro de 2022.

Investidores acompanharão, amanhã, os dados da Inflação de Preços ao Consumidor americano (CPI), que serão divulgados às 09h30.