Faria Lima Journal no fim de semana

Bill Gates diz que mudança climática não é "fim do mundo"; Europa assiste apavorada às eleições em NY; data-center submarino na China; Nobel da Paz comenta EUA-Venezuela

Bill Gates diz que mudança climática não é "fim do mundo"; Europa assiste apavorada às eleições em NY; data-center submarino na China; Nobel da Paz comenta EUA-Venezuela

FARIA LIMA JOURNAL
NO FIM DE SEMANA

 

>> O boletim Faria Lima Journal no Fim de Semana, do portal Faria Lima Journal e da agência de notícias Mover, traz uma seleção de conteúdos e leituras para investidores dispostos a gastar algum tempo no sábado e domingo para leituras mais aprofundadas de boas histórias e materiais informativos.

 

Bill Gates muda tom sobre mudança climática e diz que “não levará à extinção da humanidade”

 

 

O fundador da Microsoft, Bill Gates, um dos homens mais ricos do mundo, passou a adotar um discurso mais cauteloso quanto à mudança climática, em uma mudança de tom que chamou a atenção até do presidente americano, Donald Trump. Autor do livro “como evitar um desastre climático”, lançado em 2021, Gates escreveu em sua página pessoal nesta semana que esse é um assunto “é sério, mas fizemos grande progresso”, e que a visão “apocalíptica” sobre o tema “está errada”.

“Embora a mudança climática vá ter graves consequências, particularmente para pessoas nos países mais pobres, isso não vai levar ao fim da humanidade. As pessoas serão capazes de viver e viver bem na maior parte dos lugares da Terra por todo o futuro visível”, afirmou.

“Infelizmente, a perspectiva de ´apocalipse´ está levando grande parte da comunidade dedicada ao assnuto do clima a focar muito em metas de emissões de curto prazo, e isso está tirando recursos de coisa mais efetivas que deveríamos estar fazendo para melhorar a vida em um mundo em aquecimento”, acrescentou Gates.

Citando inclusive a proximidade da COP-30 no Brasil, Gates  disse que “não é tarde demais para adotar uma visão diferente e ajustar nossas estratégias para lidar ocm a mudança climática”, disse, ao apontar que a prioridade deveria ser gerar riqueza e melhorar o padrão de vida e bem-estar social das pessoas.

“Então peço a todos na COP-30 que se perguntem: como podemos ter certeza de que os gastos em ajuda estão entregando o melhor impacto possível para as pessoas mais vulneráveis? O dinheiro direcionado para mudança climática está sendo gasto nas coisas certas? Eu acho que a resposta é não”.

O posicionamento de Gates foi alvo de comentários de Trump. Em sua própria rede social, Truth Social, Trump comemorou a publicação do magnata fundador da Microsoft. “Eu (NÓS!) acabamos de vencer a Guerra contra a Farsa da Mudança Climática. Bill Gates finalmente admitiu que estava completamente ERRADO sobre o assunto. Foi preciso coragem para fazer isso, e por isso todos nós somos gratos. MAGA!!!”, publicou.

 

Europa assiste apavorada à corrida pela prefeitura de NY, com socialista como favorito, diz WSJ

 

Por incrível que possa parecer, as eleições para a prefeitura de Nova York são o tema do momento — na Europa. “Está na boca de todos europeus — em conversas, nos noticiários, nas redes sociais”, escreve o escritos, filósofo, cineasta e jornalista francês Bernard-Henri Lévy, em artigo de opinião no The Wall Street Journal, explicando que estão todos atentos às grandes chances de Zohran Mamdani vencer a disputa pelo comando da cidade americana, em pleito agendado para terça-feira.

Para Lévy, a atenção sobre Mamdani não deve apenas à sua juventude e falta de experiência administrativa, mas também às suas posições políticas radicais, especialmente em relação a Israel e ao povo judeu. O autor destaca que o candidato fez declarações consideradas violentas contra Israel e os judeus, comparando terroristas palestinos aos insurgentes do gueto de Varsóvia e sugerindo que o primeiro-ministro israelense deveria ser preso ao visitar Nova York. Além disso, Mamdani também não possui um programa político sólido e suas propostas populistas são inviáveis sem apoio legislativo, segundo o filósofo francês.

A preocupação dos europeus, que assistem “apavorados” à eleição novaiorquina, também se estende ao impacto simbólico e político global que a eleição de Mamdani poderia ter. Lévy argumenta que sua vitória representaria uma ruptura no pacto histórico entre Nova York — vista como um refúgio e centro de reinvenção judaica — e o povo judeu.

Além disso, ele alerta que isso poderia sinalizar uma guinada do Partido Democrata americano em direção a uma ala radical que mistura causas identitárias com apoio tácito a movimentos totalitários, como o Hamas. A ascensão de um político com posições extremistas em uma das cidades mais influentes do mundo poderia encorajar regimes autoritários e enfraquecer os valores democráticos ocidentais, com repercussões globais.

 

 

China e o primeiro data center submarino do mundo abastecido com energia eólica

 

A China lançou o que afirma ser o primeiro data center submarino movido a energia eólica do mundo, localizado a 35 metros de profundidade na costa de Xangai, mostrou reportagem do veículo especializado em tecnologia Wired. O projeto de 226 milhões de dólares, situado na Área Especial de Lin-gang, é apresentado como um protótipo de infraestrutura de nuvem eficiente em energia e que economiza espaço terrestre. A primeira fase já está operando com 2,3 megawatts, e a meta é atingir 24 megawatts, superando iniciativas anteriores como o projeto Natick da Microsoft, que nunca passou da fase experimental.

A tecnologia empregada é relativamente simples: os servidores são selados em cápsulas resistentes à água e à corrosão, e colocadas no fundo do mar, onde a água atua como sistema de resfriamento natural. Isso elimina a necessidade de resfriadores e reduz significativamente o consumo energético, com uma eficiência energética (PUE) abaixo de 1.15 — melhor que a média dos data centers terrestres, segundo os responsáveis. Além disso, o projeto é alimentado quase totalmente por energia eólica offshore, prometendo uma operação com pegada ambiental quase nula e sem uso de água doce ou conexão à rede elétrica convencional.

Apesar das promessas, o projeto enfrenta desafios semelhantes aos que encerraram o Natick da Microsoft, como altos custos de manutenção e dificuldade de acesso para reparos ou atualizações. A escalabilidade também é uma preocupação, especialmente com planos para versões de até 500 megawatts. Embora os desenvolvedores afirmem que os impactos ambientais estão dentro dos limites aceitáveis, ainda faltam verificações independentes em larga escala. O sucesso do projeto dependerá da viabilidade econômica e da capacidade de manter a operação confiável e sustentável a longo prazo, alerta a publicação.

 

Escalada dos EUA contra Venezuela é único caminho para libertar o país, diz vencedora do Nobel da Paz

 

María Corina Machado, ganhadora do Nobel da Paz neste ano, defendeu em entrevista à Bloomberg nesta semana a escalada militar dos Estados Unidos contra embarcações de narcoterroristas, além de ameaça de incursões terrestres na Venezuela, como único caminho para forçar a saída de Nicolás Maduro e cortar fontes ilícitas que financiam a repressão do regime.

A líder opositora venezuelana alinhou-se, na entrevista, à agenda americana de Trump e Rubio de segurança hemisférica, destacando que recursos do crime não vão para escolas ou hospitais, mas para perseguição e corrupção. Com 86% da população em pobreza, pensões abaixo de US$1/mês e nove milhões de emigrantes (1/3 do país), a queda de Maduro permitiria retorno massivo da população, estabilização migratória e transformação da Venezuela de ameaça em “escudo de segurança” das democracias ocidentais, com localização estratégica incomparável, em sua visão.

Economicamente, Corina propõe um programa de “estabilização e expansão” baseado em rule of law – algo inexistente no Estado venezuelano atual, além da abertura total a investimento estrangeiro, bem como exploração das maiores reservas provadas de petróleo (303 bilhões de barris), 8ª maior de gás natural, além de ouro e minerais críticos.

Corina enfatizou, na entrevista, a rejeição ao socialismo chavista, e defendeu uma privatização acelerada, transparência acerca das contas públicas, e transferências diretas emergenciais aos mais vulneráveis durante a transição de regime. Atualmente, Machado organiza redes descentralizadas com centenas de milhares de pessoas para assumir o governo, com planos prontos. Reivindica ter contatos regulares com Rubio, Congresso bipartidário, Canadá, América Latina, Caribe e Europa.

 


Fed corta juro, mas Powell ‘incomumente incisivo’ surpreende investidores, avalia Barron’s

 

 

O Federal Reserve confirmou o consenso do mercado e reduziu a taxa de juros em 25 pontos-base nesta semana, além de anunciar a interrupção do processo de redução do balanço patrimonial a partir de 1º de dezembro. Mas o centro da mensagem não estava na decisão, e sim na coletiva de Jerome Powell: um corte em dezembro “não é uma conclusão inevitável. Longe disso”. A frase, em tom incisivo ratentativa deliberada de resetar expectativas e manter o FOMC com “opções abertas” diante de um cenário macro cada vez mais ambíguo. Divisões internas e “shutdown” deram o tom da coletiva. Pela primeira vez em anos, o comitê registrou dissensos em ambas as direções: o governador Stephen Miran defendeu um corte de 50 pontos-base; Jeffrey Schmid, do Fed de Kansas City, votou pela manutenção. Powell reconheceu “visões fortemente diferentes” e enfatizou que o debate já migrou do ritmo de cortes para a própria necessidade deles.

O pano de fundo é um hiato de dados sem precedentes: a paralisação governamental adiou dados do mercado de trabalho, inflação ao consumidor, bem como vendas no varejo, forçando o Fed a navegar com proxies privados. A cerca de sete meses do término de seu mandato, em maio de 2026, Powell enfrenta o maior teste de coesão no Fed desde a pandemia da Covid-19. O consenso que marcou sua gestão — unanimidade em mais de 90% das decisões entre 2018 e 2022 — agora é exceção. Analistas de renda fixa apontam que a fragmentação tende a se agravar à medida que membros buscam alinhamento com o próximo chair. O fim do quantitative tightening, justificado por redução das reservas de nível visto como “excessivo”, e recuou para patamar apenas “ligeiramente acima do consenso”.

Agora, dezembro virou evento binário. Para gestores de macro, o alfa agora está em antecipar o gatilho de dados que definirá dezembro. Uma eventual divulgação de dados de Payroll indicando aceleração do mercado de trabalho pode esvaziar as apostas para corte; leituras abaixo de 100 mil reabrem a porta. O Fed não está mais atrás da curva — está no meio dela, sem GPS.

 

Qual será o próximo negócio de R$1 bilhão da WEG? Faria Lima Journal mostra aposta de analistas da XP e Itaú BBA

 

Qual será o próximo negócio da multinacional brasileira WEG a romper a marca de R$1 bilhão em receita anual? Analistas da XP e do Itaú BBA têm a mesma aposta, que está diretamente relacionada às mudanças em curso no setor de energia em todo o mundo.

O crescimento acelerado da participação de usinas eólicas e parques solares na matriz elétrica global tem criado um desafio para a estabilidade das redes, uma vez que a geração de energia passa a estar associada ao vento e ao sol, que variam grandemente. Essa conjuntura fomentará a demanda por um equipamento específico produzido pela WEG, os compensadores síncronos.

Essas máquinas, que têm como função regular a tensão da rede elétrica e adicionar inércia ao sistema, tornando a rede mais resiliente, e ajudando a evitar blecautes, foram apontadas pelo próprio CEO da WEG, Alberto Kuba, em evento recente, como uma das principais fontes de otimismo da empresa para os próximos anos, junto com mobilidade elétrica e sistemas de baterias conhecidos como BESS.