São Paulo/Brasília, 3/12/2024 – O Bank Of America manteve recomendação de “compra” para o mercado acionário brasileiro, apesar da frustração dos investidores com a apresentação do pacote de contenção de gastos do governo na semana anterior, em postura contrária às recomendações negativas recentes de outros grandes bancos americanos para o país.
O BofA antevê Ibovespa encerrando o ano de 2025 aos 145 mil pontos – representando um potencial altista de 15% ante os níveis atuais, sem considerar reclassificações de múltiplos, dado o ambiente de juros consistentemente elevados e crescentes riscos para os lucros nos próximos anos.
No relatório, com data de ontem, o BofA acrescenta que, apesar da recomendaçaõ, opta por postura defensiva, favorecendo setores menos expostos a um ambiente de juros elevados, como bancos selecionados, habitação de baixa renda, seguradoras, processadores de proteínas e indústrias globais.
Os analistas do BofA, liderados por David Beker, alertam, entretanto, que o ciclo de aperto monetário promovido pelo Banco Central encarece o custo de crédito, e que riscos adicionais podem vir oriundos de um enfraquecimento do câmbio, dada a deterioração fiscal.
O BofA antevê Selic terminal de 13,0% em maio de 2025, embora com riscos altistas. Também na visão do banco, o ritmo de crescimento da atividade econômica deve desacelerar a 2,0% em 2025, diante de um menor impulso fiscal, efeitos de base e taxas de juros acima do nível neutro, e avançando.
A leitura do BofA interrompe uma sequência de rebaixamentos dos mercados acionários locais por estrangeiros, dadas preocupações com a dinâmica dos gastos públicos, e disposição do governo local em conter as despesas, após o pacote de gastos mostrar-se insuficiente para conter temores entre operadores com o compromisso real do governo em torno do arcabouço fiscal.
NA PONTA OPOSTA
Na semana anterior, estrategistas para América Latina do JPMorgan reduziram recomendação de ações no Brasil para “neutra”, favorecendo “compra” ao México, e classificando o Brasil como “Dia da Marmota” em relação às preocupações fiscais, que estão sempre voltando ao radar.
Também na semana anterior, o banco suíço Julius Baer rebaixou o Brasil a “neutro”, ante “compra”, diante de uma “corrosão da credibilidade fiscal”.
O Morgan Stanley também recomendou “venda” às ações locais, diante da dificuldade de ver “expansão dos múltiplos” com juros elevados e seguindo em movimento de alta, enquanto o crescimento encontra-se sob risco.