Bancos digitais convergem e colocam monetização à frente de expansão, diz BofA

O Nubank, maior banco puramente digital do mundo, tem focado em diversificar seu portfólio de produtos e conquistar a preferência dos clientes

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Por Gustavo Boldrini

Os principais bancos digitais brasileiros deixaram de priorizar a expansão da base de clientes e convergiram o foco estratégico para monetização e rentabilidade, avaliou a equipe de fintechs do Bank of America em relatório, após evento com executivos de Nubank, Inter e outros representantes do setor na América Latina.

Segundo o banco americano, as plataformas financeiras digitais, também conhecidas como neobancos, têm hoje um “consenso” de que alcançar o posto de principal banco dos clientes é fundamental para chegar à lucratividade, embora cada companhia tenha encontrado um caminho diferente para buscar esse objetivo.

“Percebemos diferenças claras nas estratégias relacionadas à oferta de produtos, apetite por risco e melhoria da eficiência”, disse o BofA no relatório, com data de segunda-feira.

O Nubank, maior banco puramente digital do mundo, tem focado em diversificar seu portfólio de produtos e conquistar a preferência dos clientes como principal banco, o que já acontece com cerca de 60% da atual base, disseram o diretor financeiro Guilherme Lago e o diretor de Relações com Investidores Jorg Friedermann, segundo o relatório do BofA.

Alguns dos próximos passos para a agenda de monetização do Nubank, na avaliação do BofA, devem ser o crescimento na modalidade de crédito consignado e entre o segmento de alta renda.

No Inter, a busca deve ser por aumento da alavancagem operacional, uma vez que o banco já possui um amplo portfólio de produtos. O CEO João Menin e o diretor de RI Santiago Stel argumentaram que o mix de receitas diversificado do Inter permite um perfil mais defensivo em caso de mudanças regulatórias ou ciclos inesperados de deterioração da inadimplência.

O atual ambiente macroeconômico é visto com preocupação pela administração do Inter, que visa proteger o banco por meio da diversificação e da análise cuidadosa da carteira de crédito.

O Banco Pan, controlado pelo BTG Pactual com 72% do capital, deve ser mais conservador no crescimento em cartão de crédito, citando riscos do produto e margens baixas. As emissões de novos cartões estão em 50 mil por mês, contra 200 mil no terceiro trimestre de 2021.

O crédito automotivo e o consignado, por outro lado, seguirão concentrando atenções no Pan, que é visto como principal banco por cerca de 15% dos clientes.

O PicPay, por sua vez, ainda aposta no cartão para manter sua base engajada. Executivos disseraram que 25% dos clientes usam o aplicativo como conta principal, a maior parte deles jovens, e que o PicPay concentra 7% das chaves Pix registradas no Brasil, segundo o relatório do BofA.

O Santander Brasil, único incumbente citado no relatório, vê a busca pela melhora na experiência do usuário mesmo diante da oferta de diversos produtos como principal desafio para retomada do crescimento da rentabilidade e expansão da operação digital. Executivos disseram ainda que o banco estuda a possibilidade de usar uma marca diferente em suas iniciativas digitais, a exemplo do Bradesco, com o Next, e o Itaú, com o Iti.