Atingidos por inadimplência, bancos veem 2023 como ano de 'ajustes'

Os maiores bancos brasileiros devem adotar postura mais conservadora em 2023

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Por: Gustavo Boldrini

Os maiores bancos brasileiros devem adotar postura mais conservadora em 2023, com o cenário de avanço da inadimplência, juros elevados e perspectivas macroeconômicas incertas apertando condições para concessão de empréstimos e levando o setor a projetar que este será um ano de “ajuste”.

Itaú Unibanco, Banco do Brasil e Bradesco foram unânimes em apontar expectativa de alta de mais de 13% nas previsões para devedores duvidosos em relação a 2022, diante de um ambiente que já se mostrava mais desafiador para o crédito mesmo antes de preocupações deflagradas pela recuperação judicial da varejista Americanas, em janeiro.

Em coletivas de imprensa e teleconferências com analistas após os balanços do quarto trimestre, a palavra “ajuste” foi recorrente nos discursos dos diretores dos “bancões” para descrever a postura que adotarão em relação ao crescimento das carteiras de crédito.

E, embora todas instituições financeiras tenham se referido ao caso Americanas como “isolado”, o episódio pode tornar o setor mais “arredio” na concessão de crédito a empresas, avaliou o gestor Pedro Paulo Silveira, da Nova Futura Investimentos.

As estimativas de Itaú, BB e Bradesco, que não levam em conta uma deterioração do ambiente devido aos problemas da varejista, apontam para desaceleração na expansão das carteiras de crédito em relação a 2022, em linha com o movimento observado pelo Sistema Financeiro Nacional no segundo semestre de 2022. Segundo dados do Banco Central, o estoque de crédito do SFN passou de um alta anualizada de 17,66% em junho de 2022 para avanço de 14,17% em dezembro.