
Brasília, 18/12/2025 – Apostas do mercado financeiro em redução de juros pelo Banco Central em janeiro caíram significativamente no espaço de menos de uma semana, passando de uma visão majoritária de 70% de chances de corte na segunda-feira para 32% nesta quinta-feira, segundo precificação da curva de juros mostrada em dados da Bloomberg vistos pela Mover.
A deterioração veio na esteira de uma ata de decisão de juros do Comitê de Política Monetária (Copom) na terça-feira que não trouxe sinais claros sobre flexibilização da Selic, e com Relatório de Política Monetária, divulgado hoje, que projetou convergência da inflação à meta apenas no primeiro trimestre de 2028.
“Galípolo fala que a meta é 3,0%. Então resta a gente tentar entender o quão tolerável será este presidente (Galípolo) e este Copom com 10, 20 pontos-base fora da meta. Se é tolerante, e não quer correr risco de derrubar inflação para abaixo da meta, ele (BC) cortaria já em janeiro”, afirmou o contribuidor do TC, Alex Martins, à TC News.
No relatório, a projeção do BC para inflação no terceiro trimestre de 2027 – horizonte relevante da autarquia a partir de janeiro – recuou a 3,2%, ante 3,3% em setembro, mas ainda segue acima do centro da meta de 3,0%. Já para o atual horizonte relevante, no segundo trimestre de 2027, projeção recuou a 3,2%, ante 3,4%. Pelo RPM, o BC só promoveria convergência da inflação à meta no primeiro trimestre de 2028 – para além do seu horizonte relevante.
Por volta das 10h40, os vértices da curva de juros avançavam até 9,0 pontos-base, com ênfase na cauda intermediária.
O Copom decidiu em 10 de dezembro pela manutenção da Selic em 15%, pela quarta reunião consecutiva, apesar da pressão de políticos e parte do empresariado por cortes. Havia grande expectativa de investidores por eventuais ajustes na comunicação do BC que sinalizassem mais explicitamente a chance de redução da Selic adiante, o que não aconteceu.
Ainda assim, alguns analistas mantém visão de que o BC deixou espaço para flexibilização já na próxima reunião, em janeiro. Itaú espera redução da Selic em janeiro, embora admitindo que Copom deixou “barra alta” para uma decisão nesse sentido, que dependerá de dados positivos.