Por Luciano Costa
O Brasil deve ver uma aceleração em operações de fusões e aquisições no setor de energia nos próximos anos, em meio ao enorme apetite por negócios ligados a fontes renováveis e transição energética, disseram especialistas nesta quarta-feira (23) em evento acompanhado pela Mover.
Diversas conversas sobre potenciais transações estão em andamento neste momento, segundo o diretor do Bradesco BBI, João Roriz, que vê muitos interessados em ativos ligados a novas tendências como geração e comercialização descentralizada de energia, via pequenas instalações solares – conhecidas como “GD” – além de eletrificação e digitalização.
“É razoável pensarmos que nos próximos cinco anos vamos ver mais M&As do que nos últimos cinco, principalmente em tópicos relacionados à transição energética e renováveis”, afirmou Roriz, durante congresso do escritório de advocacia Lefosse.
Ele citou como exemplos a compra da geradora renovável e comercializadora de energia Comerc pela Vibra Energia (VBBR3), de combustíveis, e a aquisição da Echoenergia pela Equatorial (EQTL3), que mira usar a empresa para vender energia a consumidores de alta tensão que atuam no chamado mercado livre de eletricidade.
O cenário contrasta com um passado em que investidores olhavam principalmente oportunidades em geração hidrelétrica, ainda hoje o carro-chefe da matriz elétrica do Brasil, e termelétricas, disse o diretor do Pátria Investimentos, Frederico Sarmento.
“Térmica hoje é algo visto com restrições, e hidrelétricas também têm certa restrição. O apetite, então, está focado em solar, o apetite maior, e os investidores hoje veem o Brasil como alvo”, afirmou.
O Pátria, que administra US$28 bilhões em ativos, tem um fundo de infraestrutura de US$2,5 bilhões, e captou mais US$3 bilhões para outro veículo, dos quais entre 20% e 30% devem ir para o setor de energia na América Latina, onde o Brasil é o maior mercado, disse Sarmento.
Para o sócio da área de energia do Lefosse, Raphael Gomes, as fusões e aquisições serão impulsionadas pela janela ainda fechada no mercado financeiro para aberturas de capital (IPOs) e pelo cenário de preços baixos no mercado de energia, que dificulta viabilizar novos projetos a partir do zero. “Hoje, a forma de você entrar no setor elétrico do Brasil ou ampliar investimentos é via M&A”, afirmou.
Nos últimos dez anos, fusões e aquisições em energia no Brasil envolveram US$25 bilhões, volume que deve ser superado na próxima década, segundo dados citados por Roriz, do BBI.
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