Ações de bancos avançam após falas de Lula sobre o juro consignado

Lula defendeu que é necessário baixar os juros do crédito consignado

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Por Giovanni Porfírio

As ações dos principais bancos brasileiros avançavam na manhã desta terça-feira, após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sinalizar que um recente anúncio de corte do teto de juros para empréstimos consignados a pensionistas não foi tema de acordo com todo governo.

Perto das 11h40, os papéis ordinários de Banco do Brasil (BBAS3) avançavam 0,75% e as units de Santander Brasil (SANB11), 2,46%. As ações preferenciais de Itaú (ITUB4) e Bradesco (BBDC4) também subiam 2,31% e 1,22%, respectivamente.

No mesmo horário, o Ibovespa subia 0,03%, a 100.952 pontos, em linha com o avanço de 1,18% do índice financeiro IFNC, que liderava as altas entre os indicadores da B3.

Em entrevista ao Portal Brasil 247 na manhã desta terça-feira, Lula defendeu que é necessário baixar os juros do crédito consignado, mas disse que o anúncio da medida pelo Conselho Nacional de Previdência Social não passou por discussão prévia com todo o governo.

O presidente chegou a criticar o ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT), em reunião ministerial na qual cobrou que membros do governo não divulguem medidas sem antes passar pela Casa Civil.

Na segunda-feira, Lupi se reuniu com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, para debater o assunto, em encontro que também contou com a participação de membros de bancos públicos, como Caixa e Banco do Brasil. Pela decisão do CNPS, o teto das taxas de juros das operações de consignado para aposentados e pensionistas cairia de 2,14% para 1,7%.

Após a medida, diversos bancos suspenderam operações na modalidade, incluindo o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal.

Na reunião, os ministros sugeriram que o governo adote um “meio-termo”, com juros para o consignado a pensionistas oscilando entre 1,8% e 2%. Uma nova reunião para discutir o tema está marcada para a próxima sexta-feira, dia 24.

A equipe de análise do Itaú BBA avaliou que o Banco Pan poderia sofrer os maiores efeitos com a mudança aprovada pelo CNPS, por ter 30% da carteira ligada ao consignado, o que seria negativo também para seu controlador, BTG Pactual.

No Bradesco, também haveria impactos, com os consignados respondendo por 6% do total da carteira do banco. O Banco do Brasil tem proporção menor, de 2% no total de empréstimos, e um perfil de cliente com grande presença de funcionários públicos, acrescentaram os analistas.