Por Luciano Costa
As ações da Eletrobras (ELET3) disparavam mais de 5% nesta terça-feira, aparecendo entre as maiores altas percentuais do índice Bovespa, com investidores avaliando “recados” do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, sobre a privatização da companhia, concluída em 2022 e recentemente criticada constantemente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em evento realizado pela Arko Advice ontem, Silveira disse ver a desestatização da Eletrobras como “consolidada” e um fato consumado, embora tenha ressaltando que um eventual questionamento judicial às regras da operação será uma decisão “de governo”, e não de sua pasta. No mesmo evento, o presidente do Tribunal de Contas da União, Bruno Dantas, disse achar “difícil” que o Supremo Tribunal Federal reverta a operação.
Hoje, a CNN Brasil informou que Lira teria feito chegar à cúpula do governo Lula a mensagem de que a privatização da elétrica e a independência do Banco Central teriam “chance zero” de aprovação entre os deputados.
“Notícia positiva, porque mostra que o Lula estaria isolado numa tentativa de reestatizar a empresa. O TCU disse que não tem nada de errado, o presidente da Câmara não vê nada de errado”, disse à Mover o analista de empresas do setor elétrico na Genial Investimentos, Vitor Sousa. Segundo ele, o posicionamento das autoridades “faz preço” nos papéis da Eletrobras.
Por volta de 13h50, as ações ordinárias da Eletrobras saltavam 6,08%, a R$33,84, enquanto o Ibovespa subia 1,78% e o índice de empresas de energia elétrica da bolsa IEE avançava 2,00%.
“Vale lembrar que a Eletrobras não caiu somente por isso, ela vem caindo já por questões de queda no preço de longo prazo da energia, mas isso é a ‘pimentinha’ que vem atrapalhando o caso da empresa”, acrescentou Sousa, sobre o desempenho das ações.
Os papéis ordinários da Eletrobras acumulam queda de quase 20% neste ano, em meio a um cenário de preços baixos nos mercados de eletricidade do Brasil, devido às chuvas favoráveis para as hidrelétricas.
A companhia terá um grande bloco de energia para comercializar no mercado nos próximos anos, que será liberado gradualmente, conforme regras da privatização, e o momento negativo das cotações deve atrapalhar o retorno desses negócios, segundo analistas.
Mas afirmações de autoridades sobre uma possível reversão da privatização da Eletrobras também vinham pesando sobre os papéis, principalmente depois que o presidente Lula disse que acionaria a Advocacia-Geral da União para questionar regras da desestatização nos tribunais.