Mercados sobem após balanço da Nvidia e de olho nos EUA

No Brasil, o destaque vem de Brasília, após o avanço de pautas econômicas

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Por: Leandro Tavares

As bolsas internacionais operam majoritariamente em alta nesta quinta-feira, refletindo os fortes resultados da fabricante de chips Nvidia ontem e à espera do simpósio de Jackson Hole, nos Estados Unidos, que tem início hoje e pode fornecer pistas sobre a trajetória dos juros por lá. No Brasil, a cena política permanece no radar, após a aprovação de pautas econômicas em Brasília.

Na Europa, com uma agenda esvaziada, os mercados têm mais um dia de alívio, impactados pela queda dos rendimentos das Treasuries ontem. O movimento foi resultado de dados mais fracos de atividades ao redor do mundo, que alimentam a expectativa de que os bancos centrais poderão desacelerar o aperto monetário.

Na Ásia, os mercados encerraram em alta após dias de instabilidade, reverberando os fortes resultados da Nvidia, que acabou influenciando positivamente as ações de empresas de tecnologia no outro lado do mundo. 

Ontem, depois do fechamento do mercado, além dos fortes resultados do segundo trimestre, a fabricante de chips americana projetou receitas acima do consenso dos investidores para o terceiro trimestre fiscal, beneficiada pela crescente demanda por seus chips – o que acabou agradando os investidores de forma geral. 

Nos EUA, a agenda econômica traz alguns indicadores relevantes, como a variação nos pedidos de bens duráveis de julho e os pedidos de seguro-desemprego da semana. No entanto, o grande destaque é o primeiro dia do simpósio Jackson Hole: investidores acompanham o evento enquanto esperam, amanhã, pelo discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, com alguma sinalização sobre a política monetária americana.

No Brasil, o destaque vem de Brasília, após o avanço de pautas econômicas. No Senado, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) aprovou ontem, por 14 votos a sete, o relatório do projeto de lei (PL 2384/2023), que restabelece o voto de qualidade em caso de empate no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), uma pauta que beneficia o governo nas disputas no órgão e tem potencial de trazer até R$60 bilhões em receitas. 

Na Câmara dos Deputados, por sua vez, os parlamentares aprovaram a Medida Provisória (MP) que fixa o salário mínimo em R$1.320 e que amplia a isenção de imposto de renda para pessoas físicas que ganham até R$2.4640. 

Essas duas votações podem ser consideradas uma vitória para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, assim como a aprovação do arcabouço fiscal na terça-feira, apesar de o governo ainda não ter iniciado uma reforma ministerial, que tem como objetivo contemplar o chamado Centrão em troca de aprovação de pautas no Congresso.

Ontem, o Ibovespa encerrou em alta, acima dos 118 mil pontos, influenciado pela Petrobras e pela aprovação do arcabouço fiscal na véspera. No mercado de câmbio, o dólar fechou em queda, diante do alívio da aversão ao risco no exterior. 

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MERCADOS GLOBAIS

Perto das 07h00, o futuro dos índices Dow Jones, S&P500 e Nasdaq 100 operavam sem direção única, com o primeiro caindo 0,19%, o segundo em alta de 0,43% e o terceiro subindo 1,07%. 

O Índice Stoxx Europe 600 subia 0,21%, enquanto o índice alemão DAX tinha alta de 0,19% e o britânico FTSE-100 operava em alta de 0,27%. Entre os setores, destaque para o segmento de tecnologia, que sobe 0,87%. 

O dólar americano opera em alta em comparação aos pares. O DXY subia 0,21%, a 103,583 pontos. No geral, as moedas operam sem direção definida, com destaque para o rand sulafricano, que cai 1,12%.

Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano de 10 anos, ou T-Notes, operam em alta de 1 ponto-base, a 4,202%, depois de uma dia de alívio visto ontem. 

Na Ásia, o índice HSI de Hong Kong subiu 2,05%, enquanto o Xangai Composto teve alta de 0,12%. O índice Nikkei 225, da bolsa de Tóquio, subiu 0,87%.

O minério de ferro com teor de concentração de 62%, negociado na bolsa de Dalian, caía 0,86%, às 6h00, cotado a US$111,36, em movimento de realização após as fortes altas recentes. 

O petróleo tipo Brent, que serve como referência para a Petrobras, operava em alta de 0,44%, a US$83,58, se recuperando das perdas dos últimos dias. 

O Bitcoin tinha alta de 1,69% nas últimas 24 horas, a US$26.432,30; o Ethereum subia 1,51% no mesmo período. 

MERCADOS LOCAIS

Bolsa: O Ibovespa futuro deve abrir em alta, com investidores digerindo a aprovação de pautas econômicas e de olho no exterior. Segundo o BB Investimentos, o índice tem suporte mínimo em 114 mil pontos e resistência em 119 mil pontos. 

Câmbio: O dólar futuro deve abrir em queda, reverberando a aprovação de reformas em Brasília. 

Juros: Os contratos de juros futuros na B3 devem continuar o movimento de queda. Os juros futuros nos EUA operam em alta após a forte baixa de ontem, à espera do simpósio de Jackson Hole.

DESTAQUES

O presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho (PSB), disse ontem que os técnicos do órgão estão analisando o pedido de reconsideração feito pela Petrobras para exploração de petróleo na Bacia da Foz do Amazonas, localizada na Margem Equatorial. “O Ibama está debruçado sobre análise técnica”, diz. A Petrobras teve o pedido de autorização para exploração negado pelo Ibama em maio. (Mover) 

O ministro do Turismo, Celso Sabino (UB), disse que o governo não pretende intervir nos preços praticados pelas companhias aéreas, mas que estuda um plano para baratear o valor médio dos bilhetes. Sabino participou, nesta quarta-feira, de audiência pública da Comissão de Desenvolvimento Regional do Senado Federal. Segundo ele, no mundo todo, as companhias aéreas são subsidiadas e, em alguns países, são estatais. (Mover)

Os papéis da Nvidia tiveram forte alta na sessão pós-mercado na véspera, após a companhia fabricante de chips reportar receitas acima do consenso dos investidores para o terceiro trimestre fiscal, beneficiada pela crescente demanda por seus chips. A companhia projetou receita de US$16,0 bilhões para o terceiro trimestre fiscal, acima do consenso dos investidores, de US$12,61 bilhões, de acordo com a Refinitiv. (Mover)

A atividade econômica chinesa não tem confirmado o “pessimismo irrestrito” veiculado pelas publicações financeiras sobre o país asiático, avaliaram os analistas da consultoria Gavekal Research em relatório divulgado na terça-feira. No documento, o CEO da Gavekal, Louis-Vicent Gave, observou que os preços das commodities também não enfrentam grandes correções. (Mover)

O chefe do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, estava em um voo que caiu na região de Moscou na quarta-feira e todos que estavam a bordo morreram, segundo as agências de avaliação e de serviços de emergência da Rússia. A aeronave, fabricada pela Embraer, tinha decolado de Moscou e ia a São Petersburgo, mas caiu na cidade de Tver. (Mover)

O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, deverá utilizar o espaço de fala que terá no simpósio econômico de Jackson Hole, na sexta-feira, para mapear a trajetória final do banco central no ciclo de aperto monetário, e reforçar o comprometimento em assegurar a estabilidade de preços. Powell deverá clarear aos investidores a extensão do aperto adicional – se necessário – para combater uma inflação ainda acima da meta média, de 2,0%. (Mover)

Embora a aprovação do arcabouço fiscal pelo Congresso tenha reduzido os riscos mais agudos na condução das contas públicas, a percepção entre os agentes do mercado é que a melhora nos ativos domésticos decorrentes das novas regras fiscais ficou para trás e, agora, será preciso avaliar se será possível cumprir as metas de resultado primário. (Valor) 

Câmara quer votar a desoneração da folha na terça-feira. Os líderes apoiam o pedido de urgência, e o projeto de lei deve ir a plenário na semana que vem. O texto prevê a manutenção do regime fiscal até 2027 para os 17 setores que são os maiores empregadores do país. (O Globo).