Por: Leandro Tavares
Em dia com pouco indicador importante ao redor do mundo, os mercados internacionais operam em alta no último pregão da semana, à espera do discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, no simpósio de Jackson Hole.
Na Europa, o destaque é a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) alemão, que apresentou estabilidade no segundo trimestre, em linha com a projeção de analistas, confirmando a dificuldade de recuperação econômica, já que os juros altos têm apertado o consumo e os investimentos no mundo.
Já o índice Ifo de negócios, que mede o sentimento das empresas na Alemanha para novos negócios nos próximos meses teve uma baixa para 85,70 pontos em agosto, sendo que a previsão era de 86,70.
No Reino Unido, por sua vez, o índice Gfk de confiança do consumidor apresentou uma retração de 25 pontos em agosto na base mensal, abaixo da projeção, que previa uma queda de 29.
Os dados fracos na Europa dão ainda mais força para que a política monetária do Banco Central Europeu seja menos dura, o que tende a beneficiar as bolsas nesta sexta-feira.
Na Ásia, os mercados encerraram em queda nesta sexta-feira, seguindo a queda das bolsas americanas na véspera e no aguardo da fala do Powell em Jackson Hole, além de notícias sobre estímulos na China. O gigante asiático estenderá até o final de 2025 um política para realizar reembolso fiscal para compradores de residências, caso eles vendem sua moradia atual e comprem outra na mesma região dentro de um ano.
Ainda do outro lado do mundo, o índice de preços ao consumidor no Japão teve variação de 2,8% em agosto, sendo que em julho havia ficado em 3%.
Nos Estados Unidos, a agenda econômica é fraca, com apenas a divulgação do índice de confiança do consumidor de Michigan, às 11h, que tem consenso em 71,2 pontos, além do número de sondas de petróleo da semana da Baker Hughes, às 14h.
O discurso de Powell no simpósio de Jackson Hole, previsto para 11h, é o grande evento do dia. A expectativa do mercado é que o presidente do Fed dê alguma sinalização sobre a política monetária americana.
Outra fala aguardada no evento é da presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, prevista para às 16h, já que os últimos dados econômicos no bloco não foram animadores, o que pode reforçar uma trajetória menos dura na política econômica da Europa.
No Brasil, a agenda econômica está carregada, com a divulgação do índice de confiança do consumidor de agosto pela Fundação Getulio Vargas (FGV), às 8h, enquanto o Banco Central divulga, às 8h30, o saldo em conta corrente, que tem projeção de déficit de R$4 bilhões, e o saldo de investimento estrangeiro direto, com consenso em R$6,56 bilhões.
Às 9h, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que tem estimativa de uma alta de 0,17% em agosto. Por conta do período, a prévia da inflação brasileira não deve captar o reajuste dos combustíveis feito pela Petrobras na semana passada.
No âmbito político, após o encerramento da Cúpula dos Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, China e África do Sul, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva volta ao país, com uma reforma ministerial para resolver, ainda mais agora que as pautas econômicas avançaram na Câmara e no Senado.
Nesta semana, além do arcabouço fiscal, o governo conseguiu emplacar a aprovação do voto de qualidade em caso de empate no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), uma pauta que beneficia o governo nas disputas no órgão e tem potencial de trazer até R$60 bilhões em receitas.
Além disso, tanto a Câmara quanto o Senado aprovaram a Medida Provisória (MP) que fixa o salário mínimo em R$1.320 e que amplia a isenção de imposto de renda para pessoas físicas que ganham até R$2.4640.
Por outro lado, as taxações de fundos exclusivos e de investimentos em offshore, pautas que foram retiradas da MP do salário mínimo e que têm grande importância para o governo, deverão ser reenviadas em outra MP na próxima semana, de acordo com o presidente da Câmara, Arthur Lira.
Ontem, o Ibovespa encerrou em queda, em linha com as bolsas americanas e em movimento de ajuste. No mercado de câmbio, o dólar fechou em alta, também impactado por movimento de ajuste, com maior aversão ao risco global.
Para mais informações, acesse os Panoramas Corporativo e Político no pré-abertura.
MERCADOS GLOBAIS
Perto das 07h00, o futuro dos índices Dow Jones, S&P500 e Nasdaq 100 operavam em alta de 0,20%, 0,19% e 0,10%, respectivamente.
O Índice Stoxx Europe 600 subia 0,34%, enquanto o índice alemão DAX tinha alta de 0,33% e o britânico FTSE-100 operava em alta de 0,34%. Entre os setores, destaque para o segmento de petróleo e gás, que sobe 1,31%.
O dólar americano opera em alta em comparação aos pares. O DXY subia 0,15%, a 104,149 pontos. No geral, as moedas operam sem direção definida, com destaque para a lira turca, que sobe 3,33%, após a elevação de juros pelo banco central na véspera.
Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano de 10 anos, ou T-Notes, operam em alta de 2 pontos-base, a 4,243%.
Na Ásia, o índice HSI de Hong Kong teve baixa de 1,40%, enquanto o Xangai Composto teve queda de 0,59%. O índice Nikkei 225, da bolsa de Tóquio, caiu 2,05%.
O minério de ferro com teor de concentração de 62%, negociado na bolsa de Dalian, subia 0,55%, às 6h00, cotado a US$113,42, se recuperando das quedas recentes, amparado pela expectativa de novos estímulos na China.
O petróleo tipo Brent, que serve como referência para a Petrobras, operava em alta de 1,45%, a US$84,57.
O Bitcoin tinha queda de 1,38% nas últimas 24 horas, a US$26.070,90; o Ethereum caía 0,88% no mesmo período.
MERCADOS LOCAIS
Bolsa: O Ibovespa futuro deve abrir em alta, com investidores no aguardo do IPCA-15 e no aguardo da fala do presidente do Fed. O índice tem suporte mínimo em 114 mil pontos e resistência em 119 mil pontos, de acordo com o BB Investimentos.
Câmbio: O dólar futuro deve abrir em alta, de olho no exterior e à espera do discurso de Powell, que pode mexer com a taxa dos Treasuries.
Juros: Os contratos de juros futuros na B3 devem continuar o movimento de queda. Os juros futuros nos EUA operam sem direção única, à espera do simpósio de Jackson Hole.
DESTAQUES
A Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) firmou um contrato para a alienação de sua participação na Mineração Rio do Norte (MRN), focada em bauxita, para a Rio Tinto do Brasil, em um momento altamente desafiador para o mercado de alumínio, segundo documentos aos quais a Mover teve acesso. A CBA recebeu US$10 milhões pela participação de 10% na companhia. A equivalência patrimonial da MRN, calculada sobre seu patrimônio líquido, estava avaliada em R$1,04 bilhão, segundo consta no balanço do segundo trimestre, o último disponível, da companhia controlada pelo Grupo Votorantim. (Mover)
O ministro dos Portos e Aeroportos, Márcio França (PSB), afirmou ontem que o governo brasileiro está em tratativa com empresas internacionais aéreas de baixo custo, as chamadas low-cost, e que uma delas deverá chegar ao Brasil ao final deste ano. “Vamos trabalhar com o ministro Sabino, do Turismo, com a ideia de ampliar voos a preço mais viável na ociosidade dos meses intermediários”, diz França. (Mover)
O líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT), disse nesta quinta-feira que as medidas econômicas enviadas pelo governo, algumas já aprovadas e outras ainda em tramitação, podem garantir a arrecadação de R$184 bilhões a R$193 bilhões no Orçamento de 2024, o que permitirá atingir a projeção de déficit primário zero no ano que vem. (Mover)
Fundos multigestores dos EUA – aqueles que possuem, em sua carteira, outros fundos de investimento – têm enfrentado dificuldade em garantir retornos excepcionais aos seus cotistas, como em anos anteriores, em um ambiente de risco elevado aos investidores. Cotistas com aportes nesses fundos também têm questionado as elevadas taxas de administração e demanda por longos prazos de resgate. (Financial Times)
Os operadores apostam que o discurso de Jerome Powell em Jackson Hole, ao fim desta manhã, caminhará em uma linha tênue entre os tons dovish e hawkish – delineando se os juros deverão subir novamente – e também o potencial momento em que o banco central poderá cortá-las. Powell também deverá endossar a tese de que a luta contra uma inflação ainda acima da meta média não acabou. (Mover)
As ações da Nvidia renovaram máxima recorde intradiária de US$502,66 nesta quinta-feira, após a fabricante de chips revelar um plano de recompra de seus papéis de US$25,0 bilhões, na sequência de uma receita trimestral recorde registrada no segundo trimestre fiscal. A companhia também projetou uma receita de US$16,00 bilhões para o terceiro trimestre fiscal, acima do consenso dos investidores. (Reuters)
Aumenta a negociação de ativos entre gestoras de private equity. Em 2022 e 2023, essas operações, chamadas de compras secundárias, somam US$3 bilhões; foram 11% das transações no segundo trimestre. (Valor)
Fundo exclusivo pagará IR de 10% ou 15% e juros sobre capital próprio deve acabar. A proposta do governo é que fundos exclusivos tenham a possibilidade de recolher antecipadamente o IR sobre o estoque investido, estimado entre R$400 bilhões e R$600 bilhões. (Valor)
CSN vê melhora de ambiente e espera oportunidade para captar recursos no exterior. De acordo com o presidente da empresa, Benjamin Steinbruch, os ambientes externo e local têm dado sinais positivos de que podem oferecer condições favoráveis às companhias para emitirem bonds já em outubro. (Estadão)