Por: Leandro Tavares
Os mercados internacionais operam sem direção única nesta quarta-feira, refletindo dados divulgados na Europa e aguardam indicadores dos Estados Unidos, como a ata do Federal Reserve e a produção industrial americana. No Brasil, diante de uma agenda econômica esvaziada, o destaque é a participação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em evento da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel).
No Reino Unido, a taxa de inflação teve variação negativa de 0,4% em julho na base mensal, abaixo do consenso, que previa retração de 0,5%, mas o núcleo registrou alta de 0,3% em julho na mesma base de comparação, acima da previsão de 0,2%. Os dados mostram uma economia ainda muito pressionada, gerando alerta sobre alta de juros pelo Banco da Inglaterra.
Na zona do euro, o Produto Interno Bruto (PIB) subiu 0,3% no segundo trimestre ante o mesmo período imediatamente anterior, em linha com a expectativa de analistas, assim como a base anual, que mostra alta de 0,6%. Já a produção industrial subiu 0,5% em junho na comparação mensal, contrariando uma retração estimada de 0,10%.
Na Ásia, os mercados fecharam em baixa, ainda mostrando preocupação com o ritmo da economia chinesa, já que dados recentes não são nada animadores. Além disso, o JP Morgan elevou sua previsão de inadimplência corporativa para mercados emergentes, devido aos crescentes temores de contágio do setor imobiliário na China motivados pela dificuldade da Garden Country em pagar as dívidas.
Nos Estados Unidos, a grande expectativa do dia é pela ata da última reunião do Comitê de Mercado Aberto (Fomc), que será divulgada às 15h. No encontro de julho, o Fed elevou os juros para o intervalo entre 5,25% e 5,50%.
A expectativa por parte dos investidores é que o documento traga pistas sobre a trajetória de juros no país, após a publicação de dados recentes que são utilizados como balizadores para a política monetária.
Antes disso, às 8h, será divulgado o índice de hipotecas de 30 anos da semana passada, enquanto às 9h30 será a vez da licença de construção preliminar de julho, no qual a projeção é de 1,46 milhão de novos pedidos.
Às 10h15, serão divulgados os dados da produção industrial de julho, com o consenso prevendo uma alta de 0,30% na base mensal. Por fim, às 11h30, a EIA divulga os estoques de petróleo da semana passada, que tem projeção de uma queda de 2,5 milhões de barris.
No Brasil, a Fundação Getulio Vargas (FGV) divulga, às 8h, o Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S) da segunda quadrissemana de agosto, que tem como objetivo medir a variação do custo de vida das famílias.
Às 9h40, Campos Neto fará uma palestra no 35º Congresso Nacional da Abrasel, em Brasília. Já é a terceira aparição em público do presidente do BC esta semana.
No âmbito político, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, sinalizou ontem à noite que a votação final do arcabouço fiscal e desoneração da folha de pagamentos devem acontecer na semana que vem, caso haja consenso entre os deputados, em reunião agendada para a próxima segunda-feira. O indicativo demonstra que o atrito entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente da Câmara foi dissipado.
Ontem, o Ibovespa encerrou em queda, contaminado pelos mercados globais, diante dos receios com a economia chinesa. No mercado de câmbio, o dólar fechou em alta, impactado por dados americanos e preocupação com a China.
No mercado de commodities, os futuros do minério de ferro negociados em Dalian, na China, subiram 0,52%, a 738,50 iuanes, ou US$100,95 por tonelada. Já o petróleo tipo Brent operava em queda de 0,07%, a US$84,83, na expectativa pela divulgação dos estoques de óleo da semana passada pelo Departamento de Energia dos EUA.
Para mais informações, acesse os Panoramas Corporativo e Político no pré-abertura.
MERCADOS GLOBAIS
Perto das 07h00, o futuro dos índices Dow Jones, S&P500 e Nasdaq 100 operavam sem direção única, com o primeiro estável, o segundo em queda de 0,01% e o terceiro subindo 0,04%.
O Índice Stoxx Europe 600 caía 0,01%, enquanto o índice alemão DAX tinha alta de 0,04% e o britânico FTSE-100 tinha baixa de 1,25%. Entre os setores, a direção é mista, com destaque para o segmento de energia, que cai 0,19%.
O dólar americano cai em comparação aos pares. O DXY tinha queda de 0,17%, a 103,018 pontos. No geral, as moedas operam sem direção única, com destaque para o peso mexicano, que cai 0,32%.
Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano de 10 anos, ou T-Notes, operam em baixa de 5 pontos-bases, a 4.323%.
Na Ásia, o índice HSI de Hong Kong caiu 1,36%, enquanto o Xangai Composto teve queda de 0,82%. O índice Nikkei 225, da bolsa de Tóquio, caiu 1,46%.
O Bitcoin tinha queda de 0,82% nas últimas 24 horas, a US$29.138,80; o Ethereum caía 1,01% no mesmo período.
MERCADOS LOCAIS
Bolsa: O Ibovespa futuro deve abrir instável, acompanhando cenário de aversão ao risco no exterior e no aguardo da ata do Fomc. O índice tem suporte mínimo em 114 mil pontos e resistência em 119 mil pontos, de acordo com o BB Investimentos.
Câmbio: O dólar futuro deve abrir em alta, de olho no exterior e à espera da ata do Fed.
Juros: Os contratos de juros futuros na B3 devem continuar o movimento de alta. Os juros futuros nos EUA operam sem direção única, com investidores no aguardo de indicadores e na expectativa pela ata do Fed.
DESTAQUES
A Petrobras anunciou nesta terça um aumento de cerca de 16% no valor da gasolina em suas refinarias e uma elevação de 26% no diesel, citando “a consolidação dos preços do petróleo em outro patamar” e afirmando que havia atingido o “limite de sua otimização operacional”. Com isso, a gasolina subirá em R$0,41 por litro, para R$2,93, em média, e o diesel aumentará R$0,78 por litro, para R$3,80 em média, informou a estatal. (Mover)
O presidente da Petrobras, Jean Prates, disse na noite de ontem que o reajuste anunciado pela estatal é justo e que a política de preços da está sendo eficiente no combate à volatilidade dos preços do petróleo e do diesel. Segundo ele, a política de preços tem o objetivo de segurar a volatilidade e não necessariamente o preço dos combustíveis. (Agências)
O reajuste de combustíveis anunciado ontem pela Petrobras deve resultar em revisões de alta do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) pelo Banco Central, afirmou o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto. Para ele, os reajustes devem gerar uma elevação de 0,40 ponto percentual no IPCA de agosto e setembro. (Mover)
Uma explosão em um banco de capacitores de uma subestação da transmissora de energia Taesa em Gurupi, no Tocantins, foi registrada pouco antes do apagão que deixou ao menos 19 estados brasileiros parcialmente no escuro nesta terça-feira, disseram à Mover duas fontes com conhecimento do assunto. Os motivos da explosão do ativo ainda não estão evidentes. A Taesa informou que não houve explosão e que a falha no equipamento foi em decorrência do apagão e não tem relação com a origem do bleacaute. (Mover)
A divisão observada na decisão de juros do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deste mês é “muito menor” do que pode aparentar, afirmou o diretor de Política Monetária da autarquia, Gabriel Galípolo, em evento do Brazil Journal na véspera. “Você discutia como iniciava o ciclo [de afrouxamento monetário] e boa parte disso está bastante associado à competência da área técnica. (Mover)
O presidente do Federal Reserve de Minneapolis, Neel Kashkari, afirmou nesta terça-feira que embora o banco central tenha feito algum progresso no combate à inflação, os juros podem precisar avançar ainda para que a autoridade conclua seu processo de aperto monetário. Kashkari também disse não estar pronto para apontar que o banco central concluiu seu processo de aperto. (Reuters)
Os rendimentos dos títulos do Tesouro de dez anos atingiram uma máxima intradiária em quase dez meses na véspera, após dados das vendas do varejo dos Estados Unidos apontarem para uma economia resiliente. Apesar disso, dados resilientes também impulsionaram as expectativas de que o Fed continuará a manter os juros em patamares elevados para trazer a inflação à meta de 2,0%. (Mover)
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), ressaltou ontem a robustez do sistema elétrico brasileiro, apesar do blecaute ocorrido em diversos estados do país às 08h31. Em coletiva de imprensa em Brasília para explicar o apagão, Silveira disse que dois eventos concomitantes foram responsáveis por acionar o sistema de mitigação de danos. Ele também criticou a privatização da Eletrobras no ano passado. (Mover)
Ex-executivos da Americanas fecham delação premiada. Flávia Carneiro e Marcelo Nunes fecham acordo com o Ministério Público Federal, segundo os colunistas Lauro Jardim e Malu Gaspar. O relatório da CPI da companhia não deve prever indiciamento contra antigos executivos do grupo. (O Globo)