Mercados operam mistos de olho em juros e dados de atividade

No Brasil, relatório de contas no radar

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Por: Leandro Tavares

As bolsas internacionais operam sem direção única no último pregão da semana, refletindo a sinalização dos bancos centrais de que os juros ficarão altos por mais tempo para controlar a inflação, além da espera por dados de atividade nos Estados Unidos. No Brasil, destaque para a divulgação do relatório de receitas e despesas do governo.

Na Europa, os investidores digerem uma enxurrada de dados no Reino Unido e na Alemanha, que mostraram economias ainda fracas, corroborando com a tese do Banco da Inglaterra (BoE), que manteve as taxas de juros em 5,25% na véspera, enquanto o mercado esperava um aumento de 25 pontos-base.

Em agosto, as vendas no varejo no Reino Unido subiram 0,40% em agosto na base mensal, abaixo do consenso de 0,50%. Já o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) composto, industrial e de serviços, medido pela S&P Global, registrou 46,8 pontos, 44,2 pontos e 47,2 pontos no mês passado, nesta ordem, todos abaixo das projeções e da linha de 50 pontos, que divide expansão e retração da atividade.

Na Alemanha, maior economia da região, os PMIs composto, industrial e de serviços, medidos pelo Hamburg Commercial Bank (HCOB), vieram mistos em comparação ao projetado, atingindo 46,2 pontos, 39,8 pontos e 49,8 pontos em setembro, respectivamente. 

Às 8h, está previsto ainda um discurso do vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Luis de Guindos. 

Na Ásia, os mercados encerraram mistos, impactados por incentivos chineses para estrangeiros e a decisão do Banco do Japão (BoJ), que manteve a taxa de juros negativa em 0,1%, assim como a meta do rendimento do título público local de 10 anos em zero. 

No comunicado, a autoridade monetária japonesa reiterou que, devido às incertezas extremamente elevadas na economia global, vai seguir pacientemente com sua política, ao mesmo tempo em que responderá com agilidade à evolução dos preços e das condições financeiras. 

Na China, as bolsas interromperam uma sequência de três dias negativos, após a cidade de Xangai anunciar que investidores estrangeiros poderão mover recursos para dentro ou fora da cidade sem restrições e atrasos. O governo chinês tomou uma medida semelhante, prometendo facilitar os fluxos de capitais de empresas estrangeiras. 

Nos EUA, após o Fed manter os juros no intervalo entre 5,25% e 5,50%, os agentes deixam de lado a postura mais dura do banco central americano, que sinalizou para um novo aumento dos juros ainda este ano, e focam em dados sobre a atividade do país. 

Na agenda do dia, destaque para os PMIs composto, industrial e de serviços de setembro da S&P Global, às 10h45, que devem mostrar uma economia contracionista devido à inflação persistente, que afugenta investimentos nestes setores. Às 14h, a Baker Hughes divulga a contagem semanal de sondas de petróleo. 

No Brasil, com uma agenda fraca, os investidores aguardam a divulgação pelo Ministério da Fazenda, às 14h30, do relatório de receitas e despesas do quarto bimestre deste ano.

Na política, o presidente do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), Carlos Higino Ribeiro de Alencar, disse que a meta do governo de arrecadar R$54,7 bilhões em julgamentos no órgão será obtida com tranquilidade, segundo o Estadão. 

Segundo Alencar, até o fim de 2024, será possível julgar pelo menos metade do valor total em disputa no conselho. Além disso, o presidente do órgão se comprometeu a analisar casos que somam R$550 bilhões num prazo de um ano.

Já o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem reunião nesta sexta-feira com o presidente da GM para a América do Sul, Santiago Chamoro, às 10h, e com o presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, às 15h. 

Ontem, o Ibovespa encerrou em queda, seguindo os índices americanos, após ajustes de posições com a decisão do Fed. No mercado de câmbio, o dólar fechou em alta, de olho no diferencial de juros entre Brasil e EUA. 

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MERCADOS GLOBAIS

Perto das 07h00, o futuro dos índices Dow Jones, S&P500 e Nasdaq 100 operavam em alta de 0,10%, 0,25 e 0,47%, respectivamente. 

O Índice Stoxx Europe 600 caía 0,15%, enquanto o índice alemão DAX tinha baixa de 0,12% e o britânico FTSE-100 subia 0,58%. Entre os setores, destaque para o segmento de petróleo e gás, que sobe 0,90%. 

O dólar americano operava em alta em comparação aos pares. O DXY subia 0,23%, aos 105,620 pontos. No geral, as moedas operam sem direção única, com destaque para o peso mexicano, que cai 0,35%. 

Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano de 10 anos, ou T-Notes, operam em queda de 1 ponto-base, a 4,482%. 

Na Ásia, o índice HSI de Hong Kong subiu 2,28%, enquanto o Xangai Composto teve alta de 1,55%. O índice Nikkei 225, da bolsa de Tóquio, caiu 0,52%. 

O minério de ferro com teor de concentração de 62%, negociado na bolsa de Dalian, subiu 0,87%, às 6h00, cotado a US$119,36 por tonelada. 

O petróleo tipo Brent, que serve como referência para a Petrobras, operava em alta de 0,88%, a US$94,13.

O Bitcoin tinha queda de 0,43% nas últimas 24 horas, a US$26.649,00; o Ethereum caía 0,94% no mesmo período. 

MERCADOS LOCAIS

Bolsa: O Ibovespa futuro deve abrir em alta, seguindo os futuros americanos, além da recuperação das commodities. De acordo com o BB Investimentos, o índice tem suporte mínimo em 114.000 pontos e resistência máxima em 128.800 pontos. 

Câmbio: O dólar futuro deve abrir em queda, após arrefecimento do movimento de aversão ao risco, que assolou os mercados na véspera.  

Juros: Os contratos de juros futuros na B3 devem continuar o movimento de alta. Os juros futuros nos EUA operam em baixa, à espera de dados sobre a atividade. 

DESTAQUES

As restrições da Rússia às exportações de diesel e gasolina podem representar pressão adicional sobre a política de preços da Petrobras, que atualmente está com defasagem entre 10% e 20% do diesel em comparação ao mercado internacional, colocando em risco as importações que vinham ajudando a abastecer o mercado brasileiro, disse o diretor do CBIE, Pedro Rodrigues. (Mover)

A Usiminas conseguiu suspender uma decisão liminar da Justiça que determinou bloqueio de aproximadamente R$346 milhões da companhia, após ação movida pelo Ministério Público de Minas Gerais. A liminar que bloqueava os recursos da maior fabricante de aços planos do Brasil é de segunda-feira e cita necessidade de reparação de dano moral coletivo por emissão de poluentes em Ipatinga. (Mover) 

O chefe de Tributos e Aduanas da Receita Federal, Claudemir Malaquias, afirmou nesta quinta que o efeito das medidas para aumento de arrecadação federal, anunciadas pela Fazenda, só será percebido em 2024. Em agosto, a arrecadação atingiu R$172,78 milhões, queda real de 4,14% na comparação anual. (Mover) 

A GetNinjas irá devolver praticamente todo o seu caixa aos acionistas – um montante equivalente ao seu valor de mercado no fechamento de quarta, dois anos após fazer sua Oferta Pública Inicial (IPO). O marketplace de serviços domésticos disse que irá fazer uma redução de capital de R$223 milhões, o equivalente a R$4,40 por ação. O CEO da companhia, Eduardo L’Hotellier, disse que o cenário de mercado mudou nos últimos dois anos, o que elevou o custo de capital. (Brazil Journal)

Brasileiras listadas em Nova York miram B3. Das 18 empresas que abriram capital nos Estados Unidos desde 2017, apenas Nubank, XP, Stone e Pagseguro têm maior liquidez diária. (Valor) 

O S&P500 encerrou no menor nível desde junho na sessão desta quinta, com o salto nos rendimentos dos títulos do Tesouro aumentando a aversão ao riscos pelos investidores. As companhias tecnológicas, que tendem a sofrer em um ambiente de juro restritivo, acumularam perdas à medida que os investidores buscam retorno em outros ativos. (Agências)

A General Motors, a Ford e a Stellantis estão se preparando para mais greves nesta sexta, já que as montadoras permanecem distantes de um acordo com o sindicato para questões importantes, como segurança do emprego e paridade salarial para temporários. O presidente do sindicato, Shawn Fain, prometeu expandir a greve para mais fábricas. (Agências) 

A aquisição da Activision pela Microsoft parece que vai superar seu último obstáculo regulatório depois de autoridades de concorrência do Reino Unido sinalizaram que aceitarão as últimas concessões, entre elas, a venda de alguns direitos de jogos à editora francesa Ubisoft Entertainment. (Agências)

O Banco da Inglaterra (BoE) manteve os juros inalterados pela primeira vez desde novembro de 2021 nesta quinta, em meio a sinais de um alívio dos preços no Reino Unido e uma economia que flerta com a contração econômica. O BoE manteve o juro inalterado no nível de 5,25%, em descompasso com outras autoridades monetárias europeias,que seguiram elevando os juros em recentes reuniões. (Wall Street Journal)