Mercados seguem em compasso de espera pela ata do FOMC

No Brasil, Campos Neto e Petrobras estão no radar do mercado

Facebook/Federal Reserve
Facebook/Federal Reserve

Por: Leandro Tavares

As bolsas internacionais operam sem direção única nesta terça-feira, com os investidores à espera de resultados trimestrais nos Estados Unidos e da ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), às 16h. No Brasil, destaque para falas de Roberto Campos Neto e rumores envolvendo a Petrobras. 

Apesar de não haver consenso entre os membros do FOMC sobre o fim do ciclo de alta de juros, os agentes financeiros descartam qualquer novo aumento dos juros nos EUA. Vários dados econômicos, entre eles a inflação do mês passado, tiveram comportamento mais benigno em comparação aos meses anteriores.

Com isso, a expectativa dos investidores é sobre as sinalizações que o Federal Reserve possa dar no documento sobre a economia americana no curto prazo. Diante disso, as Treasuries operam em baixa nesta manhã, com o título de dez anos, referência no mercado mundial, caindo mais de 1 ponto-base. 

No âmbito corporativo, os analistas estão ansiosos pelos números da gigante Nvidia, depois do fechamento do pregão. O mercado projeta uma receita de US$16,1 bilhões no terceiro trimestre, muito acima do registrado no segundo, de US$5,93 bilhões. Além disso, busca-se entender os efeitos das restrições que a companhia enfrenta para exportar para a China chips de alta tecnologia.

Na Ásia, os mercados fecharam em baixa, ansiando pela ata do FOMC e ainda reverberando os esforços do governo de Pequim para incentivar o setor imobiliário. A Sunac, uma das maiores imobiliárias chinesas, encerrou em alta de 27%, impactada pelo anúncio de que atendeu às condições de reestruturação.

Na Europa, o endividamento público do Reino Unido, excluindo bancos, alcançou 14,89 bilhões de euros em outubro, acima do consenso, registrando o segundo nível mais elevado para o mês desde o início da série histórica, em 1993. Às 13h, ainda está previsto um discurso da presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde. 

Nos EUA, o Fed de Chicago divulga, às 10h30, o índice da atividade econômica de outubro. Às 12h, será a vez das vendas de casas existentes, que tem projeção de 3,9 milhões em outubro, enquanto às 18h30 a API divulga o estoque semanal de petróleo.

Na agenda local, a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado pode apreciar o projeto de lei que taxa os fundos exclusivos e offshores. A reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e o presidente da Petrobras, Jean Prates, depois das rusgas entre os dois é outro tema na pauta dos agentes.

Às 16h, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, participa de evento em Brasília, e, às 19h, dá entrevista para a Bloomberg TV.

Ontem, o Ibovespa fechou em alta, impulsionado por Vale e pela queda na projeção de inflação. No mercado de câmbio, o dólar encerrou em queda, impactado pela alta das commodities. 

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MERCADOS GLOBAIS

Perto das 07h00, o futuro dos índices Dow Jones, S&P500 e Nasdaq 100 operavam em queda de 0,18%, 0,15 e 0,08%, respectivamente. 

O Índice Stoxx Europe 600 caía 0,15%, enquanto o índice alemão DAX tinha alta de 0,11% e o britânico FTSE-100 tinha queda de 0,52%. Entre os setores, destaque para o segmento de energia, que caía 0,59%. 

O dólar americano operava em queda em comparação aos pares. O DXY tinha baixa de 0,07%, aos 103,373 pontos. No geral, as moedas operam sem direção única, com destaque para o lira turca, que subia 0,34%. 

Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano de dez anos, ou T-Notes, operavam em queda de 1,4 ponto-base, a 4,413%. 

Na Ásia, o índice HSI de Hong Kong caiu 0,25%, enquanto Xangai Composto teve baixa de 0,01%. O índice Nikkei 225, da bolsa de Tóquio, caiu 0,10%. 

O minério de ferro com teor de concentração de 62%, negociado na bolsa de Dalian, subia 1,93% às 6h, cotado a US$137,10 por tonelada.

O petróleo tipo Brent, que serve como referência para a Petrobras, operava em queda de 0,77%, a US$81,69 por barril.

O Bitcoin tinha alta de 0,33% nas últimas 24 horas, a US$37.336,00; o Ethereum caia 1,25% no mesmo período. 

MERCADOS LOCAIS

Bolsa: O Ibovespa futuro deve abrir volátil, de olho no exterior e no movimento misto das commodities. Em relatório, o BB Investimentos diz que o índice tem suporte mínimo em 114.000 pontos e resistência máxima em 128.300 pontos.

Câmbio: O dólar futuro deve abrir volátil, com movimento misto das commodities e à espera da ata do Fed. 

Juros: Os contratos de juros futuros na B3 devem continuar o movimento de alta. Os juros futuros nos EUA operam em baixa, no aguardo da ata do FOMC. 

DESTAQUES

Plano estratégico é pano de fundo em impasse entre ministro e Petrobras. Especialistas notam maior interferência política do ministério sobre estatal em divergência sobre preço dos combustíveis, que se estende a investimentos. (Valor)

Emenda de líder do governo limita bloqueio de despesas a R$23 bilhões. O texto foi apresentado pelo senador Randolfe e será apreciado pelo relator da LDO 2024, deputado  Danilo Forte. Parecer deve ser anunciado hoje. (O Globo)

Emenda à LDO propõe limitar o poder de direção partidária sobre fundo eleitoral. Proposta de Dani Cunha é entregar aos parlamentares a decisão sobre o destino de 63% dos recursos; 37% seriam distribuídos pelas cúpulas dos partidos. (Valor)

Ministros articulam saída de Prates do comando da Petrobras. Rui Costa, da Casa Civil, pretende levar sugestões de nomes a Lula, segundo fontes. Para analistas, o estatuto blinda a empresa. (O Globo)

Pedidos de recuperação dão novo salto. De acordo com a Serasa Experian, somente em outubro 162 companhias foram à Justiça pedir proteção; desde janeiro, foram 1.128 pedidos, alta de 61,8% ante 2022. (Estadão) 

✋ Os papéis da Microsoft renovaram máxima de fechamento na véspera, após a companhia movimentar-se rapidamente e anunciar a contratação de Sam Altman, ex-CEO da OpenAI. Altman será responsável por liderar a nova equipe interna de pesquisa avançada em inteligência artificial. (Agências)

✋ O conselho da OpenAI definiu a contratação de Emmett Shear como CEO interino da companhia na véspera. “Assumi esse cargo porque acredito que a OpenAI é uma das empresas mais importantes atualmente em existência. Quero fazer tudo ao meu alcance para protegê-la e fazê-la crescer ainda mais”, complementou Shear em post no X. (Reuters)

O sindicato da indústria automobilística disse ontem que 64% dos trabalhadores das três montadoras de Detroit votaram pela ratificação de novos contratos após uma greve de seis semanas. O acordo inclui um aumento de 25% nos salários e é válido até abril de 2028. Agora, a entidade volta sua atenção para empresas estrangeiras e fábricas de automóveis da Tesla. (Reuters)

O presidente eleito da Argentina, Javier Milei, enfrentará “desafios extremos” para a adoção de políticas, com resultados “altamente incertos”, avaliou a agência de classificação de risco Moody’s, em relatório a clientes nesta segunda-feira. Na visão da agência, as medidas que o novo presidente propôs durante sua campanha poderiam, ao longo do tempo, “lidar com desequilíbrios gritantes que atualmente prejudicam a atividade econômica, distorcem preços relativos e diminuem o poder de compra”. (Mover)

✋ A vitória do ultraliberal Javier Milei (La Libertad Avanza) sobre o peronista Sérgio Massa (Unión por la Pátria) deve desvalorizar ainda mais o peso argentino neste ano – ou, o que eles consideraram como curto prazo. As incertezas que rondam o plano de governo do outsider são o principal fator de enfraquecimento da moeda argentina, de acordo com os especialistas. Por outro lado, o corte de gastos, o aumento de reservas internacionais e um plano de estabilização econômica podem trazer bons ventos ao país, no futuro. (Mover) 

O chefe do Hamas disse nesta terça-feira que o grupo está perto de um acordo de trégua com Israel, mesmo diante de ataques a Gaza e foguetes disparados contra Israel. A declaração não forneceu mais detalhes, mas um responsável do Hamas disse à TV Al Jazeera que as negociações se centraram na duração da trégua, na entrega de ajuda a Gaza e na troca de reféns israelitas detidos pelo Hamas por prisioneiros palestinos em Israel. (Reuters)