Guerra e juros deixam mercados cautelosos

Petrobras, IBC-BR e Campos Neto seguem no radar do investidor

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Por: Leandro Tavares

São Paulo, 20/10/2023 – As bolsas internacionais operam em baixa no último pregão da semana, um dia após o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, deixar a possibilidade de novas altas de juros em aberto. O temor de uma escalada na guerra entre Israel e Hamas continua comprometendo o apetite dos investidores. No Brasil, a expectativa é pela divulgação do IBC-Br e a repercussão do reajuste dos combustíveis. 

Ontem, em seu discurso no clube econômico de Nova York, o presidente do Fed disse que altas adicionais de juros e o tempo de restrição dependerão de dados futuros. Powell ressaltou, ainda, que a trajetória dos rendimentos dos títulos do Tesouro de longo prazo pode, na margem, reduzir a necessidade de o Fed lançar mão de novas altas de juros.  

A fala do presidente do Fed acabou mexendo nos Treasuries, que chegou a superar os 5,000% os yields de dez anos, diante da possibilidade de juros elevados por mais tempo. Os títulos operam em queda de 5 pontos-base nesta manhã. 

No Oriente Médio, a tensão entre Israel e o grupo terrorista Hamas continua. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em um discurso em cadeia nacional ontem à noite, condenou o Hamas e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, para defender o pacote de segurança que enviará hoje ao Congresso, com recursos suplementares na ordem de US$100 bilhões.

Na Ásia, os mercados encerraram em queda, refletindo a queda de Wall Street na véspera e dados da inflação japonesa, que vieram mais uma vez acima do consenso 

No Japão, a inflação, medida pelo índice de preço ao consumidor, subiu 0,3% em setembro na base mensal. Já o núcleo da inflação, que desconsidera alimentos e energia, alcançou 2,8% no período, acima da projeção de 2,7%. Na China, o PBoC, o banco central chinês, manteve a taxa prime de cinco anos em 4,20% e taxa de dois anos em 3,45%.

A Evergrande, uma das maiores incorporadoras da China, está revisando os termos de seu plano de reestruturação, adicionando mais incerteza ao setor. A empresa tem um passivo total de US$186 bilhões. 

Na Europa, o sentimento de aversão ao risco contamina os mercados. Além das vendas no varejo do Reino Unido, que registraram uma queda de 0,9% em setembro na base mensal, na Alemanha, o índice de preços ao produtor veio negativo em 0,2% no período, abaixo da estimativa. 

Nos EUA, em dia fraco para dados econômicos, destaque para o discurso do presidente do Fed de Filadélfia, Patrick Harker, às 10h, enquanto às 13h15 será a vez da presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester. Para encerrar a agenda, a Baker Hughes divulga, às 14h, a contagem de sondas de petróleo da semana. 

Do lado empresarial, o único balanço previsto é da American Express, antes da abertura do pregão, com previsão de lucro por ação de US$2,96.  

No Brasil, os agentes devem repercutir a decisão da Petrobras de reajustar os combustíveis, em meio à escalada do petróleo. No caso da gasolina, a estatal anunciou um corte de 4%, e no diesel uma alta de 6,6%. 

Às 9h, o Banco Central divulga o IBC-Br, considerado a “prévia” do Produto Interno Bruto (PIB). A projeção é de uma queda de 0,3% em agosto. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, participa, às 13h35, de evento em Miami, nos EUA. 

Ontem, o Ibovespa encerrou em queda, com os investidores digerindo o discurso de Powell. No mercado de câmbio, o dólar fechou estável, de olho na guerra e nos juros americanos. 

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MERCADOS GLOBAIS

Perto das 07h00, o futuro dos índices Dow Jones, S&P500 e Nasdaq 100 operavam em queda de 0,20%, 0,24% e 0,29%, respectivamente. 

O Índice Stoxx Europe 600 caía 1,04%, enquanto o índice alemão DAX tinha queda de 1,27% e o britânico FTSE-100 caía 0,74%. Entre os setores, destaque para o segmento de utilities, que caía 1,49%. 

O dólar americano operava estável em comparação aos pares. O DXY tinha queda de 0,02%, aos 106,214 pontos. No geral, as moedas operam sem direção única, com destaque para o rand sulafricano, que caía 0,38%. 

Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano de dez anos, ou T-Notes, operavam em baixa de 4 pontos-base, a 4,952%.  

Na Ásia, o índice HSI de Hong Kong caiu 0,72%, enquanto Xangai Composto teve baixa de 0,74%. O índice Nikkei 225, da bolsa de Tóquio, recuou 0,54%. 

O minério de ferro com teor de concentração de 62%, negociado na bolsa de Dalian, caía 3,17% às 6h, cotado a US$114,35 por tonelada. 

O petróleo tipo Brent, que serve como referência para a Petrobras, operava em alta de 1%, a US$93,29 por barril, de olho na guerra do Oriente Médio. 

O Bitcoin tinha alta de 4,86% nas últimas 24 horas, a US$29.800,00; o Ethereum subia 4,36% no mesmo período. 

MERCADOS LOCAIS

Bolsa: O Ibovespa futuro deve abrir em baixa, de olho na trajetória de juros nos EUA e na guerra do Oriente Médio, assim como o reajuste de combustíveis pela Petrobras deve pesar. O índice tem suporte mínimo em 111.000 pontos e resistência máxima em 119.900 pontos, de acordo com o BB Investimentos.  

Câmbio: O dólar futuro deve abrir em alta, com os investidores buscando proteção, diante do cenário de aversão ao risco. 

Juros: Os contratos de juros futuros na B3 devem continuar o movimento de alta. Os juros futuros nos EUA operam em baixa, repercutindo as falas de Powell e de olho nas commodities. 

DESTAQUES

Oito commodities respondem por 64,5% do total exportado pelo país. De janeiro a setembro, as vendas externas desses produtos somaram US$163,2 bilhões, quase dois terços dos US$253 bilhões embarcados. (Valor)

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou nesta quinta-feira que conta com o apoio do Congresso para aprovar e promulgar a Reforma Tributária ainda neste ano, apesar do prazo apertado. Segundo ele, a reforma talvez seja o que há de mais importante em termos constitucionais para o país e creditou o baixo crescimento da indústria ao caos tributário. (Mover) 

A Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado apontou que os recuos nos preços de commodities e na inflação somados a montantes menores de pagamentos de dividendos distribuídos por estatais ao Tesouro, principalmente da Petrobras, corroboraram para um crescimento mais moderado na arrecadação federal de janeiro a setembro de 2023. (Mover) 

O braço comercializador de energia da Auren adquiriu o controle acionário da Aquarela Inovação, que trabalha na otimização da gestão de negócios por meio de inteligência artificial, segundo um documento ao qual a Mover teve acesso. A Auren Comercializadora já investia na Aquarela e decidiu exercer a opção de compra das ações atualmente detidas pelo Fundo de Investimento em Participações Aeroespacial. Em junho de 2022, a elétrica comprou 28,3% da Aquarela por R$10 milhões. (Mover) 

Venezuela pode ter produção 25% maior de petróleo. A decisão do governo Joe Biden de relaxar as sanções ao país deverá aumentar os embarques de petróleo venezuelano para os EUA e a Europa, afetando algumas remessas do Canadá, México e Colômbia. (Valor) 

IBM agrega memória e processamento em um só chip para turbinar AI. Computador com estrutura incomum testado pela empresa atingiu velocidade 22 vezes maior que a de máquinas convencionais. (O Globo) 

EUA viram alvo na Síria e no Iraque; sul de Gaza tem novos bombardeios. Drones atacam contratorpedeiro USS Carney e duas bases militares americanas; Pentágono coloca tropas em estado de alerta em vários países do Oriente Médio. (Estadão) 

Os rendimentos dos títulos do Tesouro de dez anos renovaram máxima intradiária desde julho de 2007 na noite de quinta, tocando o patamar de 5,001%, em meio à elevada incerteza econômica global. Somente nesta semana, yields avançaram mais de 27 pontos-base, em meio a um cenário que prevê manutenção de juros restritivos por mais tempo pelo Federal Reserve. (Mover)

O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, optou por um discurso que manteve em aberto a trajetória de juros da economia americana, durante evento promovido pelo clube econômico de Nova York. Powell pontuou que um mercado de trabalho duro e um mercado de trabalho continuamente apertado podem requerer um aperto adicional do juro pelo banco central. (Mover)

Na ponta oposta, Powell afirmou que a trajetória de alta dos rendimentos dos títulos de longo prazo dos Estados Unidos pode, na margem, reduzir a necessidade de o Federal Reserve lançar mão de novas altas de juros. Ele também disse que a alta dos yields não parece estar atrelada, a princípio, às expectativas de que o Fed aperte mais os juros. Ele também disse que os yields não parecem refletir expectativas de preços mais altos na economia. (Mover)