São Paulo, 31/7/2024 – O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, pontuou nesta quarta-feira que um corte da taxa-alvo Fed Funds poderia estar “na mesa” em setembro, caso os dados evoluam conforme esperado, em um sinal de que o alívio monetário pelo banco central americano encontra-se próximo, impulsionando os principais índices acionários na sessão e gerando uma queda acentuada nos yields das Treasuries ao longo de toda a curva.
“A questão será se a totalidade de dados, a evolução das perspectivas e o equilíbrio de riscos são consistentes com o aumento da confiança na inflação e a manutenção de um mercado de trabalho sólido. Se esse teste for cumprido, uma redução do juro poderia estar na mesa já na próxima reunião, em setembro”, afirmou Powell na coletiva de imprensa há pouco.
Os comentários se seguem à decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), que manteve os juros inalterados no atual patamar, entre 5,25% e 5,50%, embora com diversos sinais no comunicado de que um alívio monetário está mais perto. O colegiado, por exemplo, citou atenção a ambos os lados de seu duplo mandato, tanto de assegurar preços estáveis como de fomentar o pleno emprego.
Powell também disse que “riscos baixistas” para o mandato de emprego são “reais” no atual momento, enquanto os “riscos altistas” para a inflação diminuíram. O chair do Fed voltou a citar sinais de esfriamento das condições do mercado de trabalho nos Estados Unidos, e mencionou não haver necessidade de o mercado de trabalho aliviar ainda mais para que o banco central alcance sua meta de inflação de 2,0%.
No comunicado da decisão nesta tarde, o FOMC avaliou que a geração de postos de trabalho moderou e a taxa de desemprego avançou, embora permanecesse ainda baixa. Anteriormente, em junho, o FOMC avaliava que a geração de postos de trabalho permanecia “forte” e a taxa de desemprego, “baixa”. A taxa de desemprego encontra-se em 4,1%, de acordo com dados do Payroll de junho, no maior nível desde o fim de 2021.
OLHO NO EMPREGO
De acordo com Priya Misra, do Asset Management do J.P. Morgan, Powell está “preocupado com o mercado de trabalho”.
Powell relevou nesta tarde ter havido uma “discussão real” sobre qual seria o caso de uma alteração dos juros na reunião do FOMC de julho, embora uma “forte maioria” tenha apoiado a manutenção da taxa-alvo Fed Funds. Powell também disse na coletiva que pode imaginar um cenário em que haveria de “zero a vários” cortes dos juros, a depender do desenvolvimento da economia.
Questionado sobre um eventual corte maior, de 50 pontos-base da taxa-alvo Fed Funds, Powell disse que um movimento dessa magnitude não é considerado neste momento.
Os comentários de Powell, encarados como “dovish” pelos agentes de mercado, estenderam um rali acionário nos mercados, com o índice S&P500 caminhando para o maior ganho diário desde fevereiro. Na outra ponta, os rendimentos das Treasuries recuavam significativamente ao longo de toda a curva, e o índice Dólar DXY operava em queda.
Por volta das 16h40, os índices Dow Jones, S&P500 e Nasdaq 100 subiam 0,43%, 1,63% e 2,82%, respetivamente. No mesmo horário, as Teasuries yields de dois anos recuavam 7,3 pbs, a 4,288%, e as de dez anos, 6,7 pbs, a 4,074%. No mesmo horário, o índice Dólar DXY, que mede o desempenho da moeda americana ante uma cesta de divisas, recuava 0,42%, aos 104,0 pontos.
De acordo com derivativos negociados na Chicago Mercantile Exchange (CME), investidores projetam 81,8% de chances de corte de 25 pontos-base dos juros em setembro, e 17,9% projetavam chances de um corte maior, de 50 pontos-base. Uma minoria, de 0,3%, projeta um corte maior ainda, de 75 pontos-base.
(GP | Edição: Luciano Costa | Comentários: equipemover@tc.com.br)