Por: Bruno Andrade
São Paulo, 16/10/2023 – A venda de uma fatia da Inspirali, divisão da Ânima que concentra os cursos de medicina, poderia adicionar cerca de R$250 milhões no caixa da controladora e aliviar rapidamente o endividamento da empresa, afirmaram os analistas do Bank of America, em relatório enviado a clientes nesta segunda-feira.
Para o BofA, a educacional pode vender cerca de 10% de sua participação na Inspirali. Em novembro de 2021, a Ânima vendeu 25% da empresa para a gestora DNA Capital, ligada à família Bueno, dona da Dasa, por R$1 bilhão.
Mas diferentemente de 2021, a venda seria por necessidade, e não oportunidade. A companhia está acima dos limites de “covenants” – gatilhos que deflagram o vencimento antecipado da dívida.
O BofA reconhece que o momento não é o melhor para a venda. O valor atual estimado pelos analistas do banco americano representa uma queda de 37,5% no valor de mercado da Inspirali, visto que se os 10% se mantivessem no mesmo patamar de 2021, a cifra seria de R$400 milhões, ao invés de R$250 milhões.
A preocupação dos analistas com o endividamento da companhia está relacionada com os indicadores financeiros (covenants) necessários para a empresa pagar os seus credores. Segundo o balanço do segundo trimestre de 2023, o indicador dívida líquida sobre EBITDA precisa ficar igual ou menor que 3,5 vezes até o final do ano.
Atualmente, a alavancagem da Ânima está em 3,9 vezes, acima do permitido para o pagamento de dívidas. Ou seja, caso a empresa não consiga manter o endividamento igual ou inferior a 3,5 vezes, o risco de calote nas três primeiras emissões de debêntures é alto.
“No entanto, a redução do endividamento poder vir por outras três vias, como a redução das taxas de juros, queda de 9% dos custos e venda dos direitos creditórios da Pravaler, que podem adicionar R$55 milhões”, escreveu a equipe de Fred Mendes e Mirela Oliveira no relatório do BofA.
No balanço do segundo trimestre de 2023, a companhia disse que tem consciência da necessidade de redução a curto prazo de seu endividamento e que sabe que os resultados financeiros precisam evoluir.
Procurada pela Mover, a Ânima disse que “respeita a análise realizada pelo Bank of America, que como usual dos analistas de ações é fruto das considerações independentes e isentas”. Ainda, a companhia disse estar sempre atenta às oportunidades de mercado.
(BA | Edição: Artur Horta | Comentários: equipemover@tc.com.br)