Vale e BHP podem elevar provisões em até US$3,0 bilhões para cumprir acordo de Mariana, diz BofA

Para o BofA, fechar um acordo pode “reduzir significativamente a insegurança jurídica”, tirando assim um peso sobre as ações da Vale

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Por: Artur Horta

A Vale e a BHP, duas das três maiores mineradoras do mundo, podem ter de elevar provisões em seus balanços entre US$2,0 bilhões e US$3,0 bilhões cada, para pagamentos envolvendo o acordo de reparação da tragédia de Mariana, disse o Bank of America Merrill Lynch em relatório.

A estimativa do BofA assume que o acordo com entes públicos totalize R$112,0 bilhões, conforme noticiado pela imprensa no final do ano passado. Nele, estão inclusos a execução de programas da Fundação Renova e as indenizações pelo rompimento da barragem da Samarco na cidade de Mariana, Minas Gerais, em novembro de 2015.

Vale e BHP, donas da Samarco, já possuem respectivamente US$3,1 bilhões e US$3,3 bilhões provisionados para o acordo, o que totaliza R$32,3 bilhões. Nas contas do BofA, as provisões somadas aos desembolsos para reparação da tragédia somam R$60,0 bilhões, de modo que ainda faltariam R$52,0 bilhões para integralizar o acordo.

No entanto, a mídia tem relatado que o valor total pode subir para R$155,0 bilhões, tendo em vista divergências no cronograma de desembolsos e a mudança de governo no Brasil.

Além disso, na semana passada a Justiça decidiu que Vale e BHP deveriam fazer um depósito de R$10,3 bilhões, ou cerca de US$2,0 bilhões, para garantir a execução dos programas da Fundação Renova, segundo o portal G1 – a Vale comunciou ao mercado que não foi notificada da decisão.

Para o BofA, fechar um acordo pode “reduzir significativamente a insegurança jurídica”, tirando assim um peso sobre as ações da Vale. A resolução também poderia abrir espaço para progressos em licenciamentos ambientais e, dessa forma, “acelerar a recuperação de volumes de minério de ferro”, apontam os analistas do BofA, liderados por Caio Ribeiro.

Por outro lado, as provisões adicionais podem impactar o potencial pagamento de dividendos extraordinários pela Vale, afirmou o BofA.

Os analistas do banco atribuem recomendação ‘neutra’ para os recibos de ações ordinárias da Vale negociados em Nova York, com preço-alvo em US$19,00. Perto do meio-dia, os ADRs da Vale negociavam a US$15,70.