São Paulo, 26/05/2025 – A Simpar, que controla oito companhias, incluindo Vamos, Movida e CSL, reportou nesta quarta-feira números do 4T24 que mostraram melhora nos resultados e leve redução na alavancagem, com a empresa prometendo focar 2025 em ganhos de eficiência.
“O planejamento estratégico prioriza, neste momento, a eficiência operacional e a estrutura de capital da Simpar e de suas controladas”, disse a direção da companhia, em mensagem publicada no balanço. “Os pilares estratégicos para 2025 priorizam extrair o máximo potencial do que foi construído e, por consequência, ampliar a rentabilidade de todas as empresas por meio do ajuste de preços dos serviços, otimização da frota e do giro dos ativos e redução de custos, despesas e estoques”.
A Simpar totalizou receita bruta de R$11,9 bilhões no 4T, avanço de 23% a/a, com receita líquida de serviços atingindo recorde de R$8,9 bi, aumento de 25% a/a. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA) foi de R$2,7 bilhões, também marca histórica, com salto anual de 32%.
A holding reportou prejuízo líquido de R$280 mi, melhor que os -R$718 mi do 4T23, com lucro ajustado de R$81,7 milhões, ante prejuízo ajustado de R$214 mi no 4T23.
A alavancagem da Simpar, monitorada de perto pelo mercado, diante de uma dívida bruta de R$55 bilhões, caiu para 3,6x no 4T24, de 3,7x no trimestre anterior e no fim de 2023.
As ações da holding da família Simões, com negócios que vão de aluguel de carros e caminhões a logística, saneamento e serviços, acumulam desvalorização de 40% em 12 meses, em meio a persistentes preocupações do mercado com a alavancagem da companhia diante dos juros em alta, mesmo após terem engatado recuperação de mais de 30% em 2025, com alguns investidores vendo a empresa como potencial beneficiada quando vier o início, esperado para breve, dos cortes da Selic pelo Banco Central.
“Acho que o mercado exagera no ceticismo (com a Simpar) porque tem mais trader macro do que gestor fundamentalista”, disse à Mover a gestora Helô Cruz, da Stoxos. “Mas eu entendo que pra muita gente é difícil olhar uma empresa que tem lucro (contábil) zero e consiga enxergar o potencial. A expectativa é que ao longo desses resultados isso se mostre mais”.
Entre as empresas da Simpar, a Movida apresentou maior receita no 4T, de R$3,2 bilhões, enquanto a Vamos teve o maior lucro líquido, de R$213 mi. JSL teve lucros de R$22,7 milhões, e Movida de R$62,2 milhões. CS Infra e Ciclus Ambiental reportaram lucros de R$16,8 mi e R$22,3 mi, respectivamente, enquanto CS Brasil, Automob e BBC tiveram prejuízos.
Em termos de rentabilidade, a Vamos foi um destaque, mas outras companhias do grupo têm potencial para alcançar retornos “no mesmo patamar”, avaliou Helô Cruz.
CAPEX MENOR, RECOMPRAS
Daqui para a frente, a Simpar vê menor necessidade de investimentos, após ter totalizado um CAPEX bruto de R$62 bi nos últimos quatro anos, “um dos grupos que mais investiu no Brasil nesse período”, destacou a empresa no balanço.
“Entramos, portanto, em um novo momento de geração de valor: escala, ativos, estrutura de lojas, filiais, sistemas e, principalmente, Gente – nosso grande diferencial – para extrair o máximo potencial das bases que construímos”, disse o grupo. “A necessidade de novos investimentos será menos representativa em relação à nossa geração de caixa.”
Para Helô Cruz, da Stoxos, essa será “a grande mudança” na empresa, com “troca de crescimento para eficiência”, mas os resultados disso devem começar a aparecer nos demonstrativos financeiros a partir do primeiro trimestre. “O mais importante é essa mensagem da empresa, esse compromisso de desalavancagem e geração de valor”, destacou a gestora.
No 4T24, a Simpar ainda realizou recompra de 2,1 milhões de ações, além de R$520 milhões em dívidas de própria emissão.
Para alguns no mercado, as recompras fazem sentido devido ao ´valuation´ atual das ações, enquanto outros investidores questionam se a empresa deveria dedicar caixa a essas operações diante da dívida elevada. Para Helô Cruz, as recompras têm peso pequeno diante da capitalização de mercado da companhia, e fazem sentido.
“Eu, pessoalmente, acho bom. Pela taxa de retorno implícita na cotação dos papéis, eu ainda acho a recompra vantajosa, até prefiro que eles façam recompra do que CAPEX, dado o preço atual das ações”, afirmou a gestora da Stoxos.
Os investimentos de capital da Simpar recuaram 18% a/a no 4T24, para R$3,5 bilhões. Em 2024 como um todo, ficaram em R$10,4 bi, avanço de 48% ante 2023.