Resgate do Casino desencadeia disputa entre bilionários

Empresário francês e magnata tcheco duelam sobre futuro da empresa

Reuters News Brasil
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Por Reuters

O resgate da rede de supermercados francesa Casino está desencadeando uma disputa entre bilionários, colocando o empresário francês das telecomunicações Xavier Niel contra o magnata da energia tcheco Daniel Kretinsky.

A empresa com sede em Saint-Étienne disse nesta terça-feira (4) que recebeu duas ofertas de injeção de dinheiro e divulgaria os principais termos de cada proposta ao final de uma reunião com credores após o fechamento do mercado em 5 de julho.

O anúncio fez as ações dispararem após perdas relevantes recentemente e avançavam mais de 16% às 05:41 (horário de Brasília) quando o Casino pediu à Euronext que suspendesse a negociação dos papéis para a publicação de um comunicado da empresa, disse a operadora da bolsa.

Uma das ofertas é da EP Global Commerce, o veículo de investimento de Kretinsky, apoiado por um terceiro bilionário, Marc Ladreit de Lacharriere, por meio de sua holding Fimalac.

O Casino não forneceu os detalhes financeiros da oferta liderada por Kretinsky, mas uma fonte próxima ao assunto disse que incluía um investimento de € 1,35 bilhão em novas ações, dos quais € 900 milhões seriam fornecidos por Kretinsky e Fimalac.

Os € 450 milhões restantes seriam fornecidos pelos credores do Casino, disse a fonte. O plano de investimento inclui ainda uma proposta de conversão de € 500 milhões de dívida em ações, acrescentou a fonte.

A outra proposta é da holding 3F, liderada por Niel, o banqueiro de investimentos Matthieu Pigasse e o empresário Moez-Alexandre Zouari. A 3F disse que investiria € 900 milhões no grupo.

Fonte próxima ao 3F adiantou que os € 900 milhões serão divididos entre o trio de investidores (€ 300 milhões) e credores garantidos (€ 600 milhões).

O Casino é atualmente o maior acionista do GPA (PCAR3), dono da rede Pão de Açúcar. Na última semana, porém, afirmou que a participação na companhia brasileira pode ser vendida como parte do plano de três anos de venda de ativos da rede francesa. No mês passado, o Casino concluiu a venda de sua participação residual, de 11,7%, na rede de atacado de autosserviço Assaí.

Sob o plano liderado pelo 3F, os credores não garantidos forneceriam € 600 milhões adicionais, elevando o total para € 1,5 bilhão.

O Casino se recusou a comentar os termos dos planos de investimento em ações. Um porta-voz da Fimalac não estava imediatamente disponível para comentar

O Casino, liderado pelo veterano empresário Jean-Charles Naouri, está pagando as consequências de anos de negócios alimentados por dívidas, que após as recentes perdas de participação de mercado e declínios de receita o colocaram à beira da falência.

Compelido a acelerar as vendas de ativos enquanto continua sangrando dinheiro, iniciou negociações em junho com detentores de suas dívidas de € 6,4 bilhões.

Uma reestruturação da dívida tornou-se inevitável, uma vez que o sexto maior varejista francês continua queimando caixa e enfrenta € 3 bilhões em dívidas com vencimento em 2024 e 2025.

As ações do Casino caíram até 20% na segunda-feira (26), para uma mínima recorde, depois que a empresa disse pediria ao tribunal comercial um período de carência para evitar “default”, depois que alguns credores recusaram pedidos para não cobrar juros e outras taxas durante o período de conciliação.