Petroleiras arrematam 192 blocos de petróleo no Brasil, além de área no pré-sal

15 empresas se mostraram vencedoras, incluindo desde grandes como Petrobras e Chevron

Reuters News Brasil
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Por: Marta Nogueira e Rodrigo Viga Gaier

O Brasil viu petroleiras arrematarem em leilões nesta quarta-feira 192 blocos exploratórios de óleo e gás, sob regime de concessão, e uma área no pré-sal, sob partilha, arrecadando cerca de 430 milhões de reais em bônus de assinatura, a maior parte na Bacia de Pelotas.

Em leilão sob modelo de concessão que ficou marcado pelo avanço de petroleiras para novas fronteiras, como Pelotas, um total de 15 empresas se mostraram vencedoras, incluindo desde grandes como Petrobras (PETR3, PETR4) e Chevron, até pequenas, como a mineira Elysian — criada em agosto para participar da licitação.

No total, foram ofertados mais de 600 blocos em diversas bacias. O leilão de áreas sob regime de concessão arrecadou um total de 421,7 milhões de reais ao governo, sendo mais de 70%, ou 298,74 milhões de reais, referentes à Bacia de Pelotas.

“O leilão de hoje deu demonstração que há interesse de várias empresas em áreas em novas fronteiras”, disse o diretor-geral da ANP, Rodolfo Saboia, a jornalistas, após o fim do certame.

Em seu discurso de abertura, Saboia defendeu a reposição de reservas do Brasil, para evitar uma dependência de importações no futuro, diante das perspectivas de que a produção de óleo e gás do país alcance o seu pico no início da próxima década.

Ele disse ainda que o leilão pode parecer um contrassenso em meio à transição energética, mas que a dependência do país e do mundo dos combustíveis fósseis não será eliminada em cinco ou dez anos.

Consórcios liderados pela Petrobras e a Chevron sozinha arremataram 44 dos 165 blocos ofertados na Bacia de Pelotas, uma nova fronteira exploratória, que não tem atualmente produção de óleo e gás. Já estreante Elysian arrematou 122 blocos nas Bacias de Potiguar, Espírito Santo e Sergipe Alagoas.

Do total, a Petrobras arrematou 29 blocos em Pelotas, todos como operadora e tendo a Shell como parceira. Em três deles, a chinesa CNOOC também integrou o consórcio. Os demais 15 blocos em Pelotas foram arrematados pela Chevron 100% sozinha.

“Conseguimos uma estratégia muito bem sucedida… Entramos numa área de fronteira com pouca probabilidade de ter problema ambiental e tudo, mas muito prolífica”, disse o CEO da Petrobras, Jean Paul Prates.

“Nos 29 blocos que nós ‘bidamos’, conseguimos ganhar e com parceiros muito proficientes e que conhecem águas profundas.”

Com a participação no leilão, a Petrobras elevou sua área exploratória, de 30 mil quilômetros quadrados atualmente para 50 mil. “Estamos repondo perspectivas de novas reservas”, frisou.

Também no leilão, o presidente da Shell no Brasil, Cristiano Pinto da Costa, ressaltou que os blocos arrematados sob a liderança da Petrobras são um sinal do interesse da companhia em crescer no país, onde já tinha 39 contratos de exploração e produção de petróleo.

“O Brasil é e continua sendo um país super importante para a companhia, não só na área de exploração e produção”, disse Costa, citando a parceria que tem ainda com a Cosan, na operação da joint venture Raízen.

LEILÃO PRÉ-SAL

A BP Energy arrematou sozinha e sem concorrência o bloco Tupinambá, na Bacia de Santos, único dos cinco ofertados em leilão do pré-sal sob regime de partilha nesta quarta-feira a receber oferta, segundo a ANP.

Em um certame do pré-sal marcado pela ausência da Petrobras, em momento em que muitos acreditam que esta importante região produtora não tem mais tantas reservas importantes não exploradas como no passado, a BP ofereceu óleo lucro de 6,5% à União, ante percentual mínimo exigido de 4,88%.

Ao arrematar o bloco, a BP pagará ainda um bônus de assinatura 7,047 milhões de reais à União.

Os demais blocos ofertados no pré-sal — Cruzeiro do Sul, Esmeralda e Jade, na Bacia de Santos, e Turmalina, na Bacia de Campos — não receberam oferta em leilão do pré-sal, o segundo sob regime de oferta permanente no país.

A ANP também negociou nesta quarta-feira a acumulação marginal Japiim, na Bacia do Amazonas, que foi arrematada em consórcio liderado pela Eneva, com 80% de participação, em parceria com a Atem Participações, com os demais 20%, por um bônus de assinatura de 165 mil reais.

EMPRESA NOVATA

O presidente da Elysian, Ernani Machado, afirmou à jornalistas que pagará em bônus de assinatura um total de cerca de 12 milhões de reais nos mais de 100 blocos que arrematou sozinha.

“Nós objetivamos fazer novas tecnologias para extrair petróleo, minha especialidade é desenvolvimento de tecnologias e nós estamos criando várias tecnologias diferentes para poder fazer uma extração que seja menos agressiva ao meio ambiente, porque não agressiva não é possível para ser sincero”, disse Machado, pontuando que contratou especialistas no setor para auxiliar a companhia.

Na Bacia de Santos, houve quatro blocos arrematados, de 27 ofertados, com bônus de assinatura somados de 107 milhões de reais. A Karoon arrematou dois blocos enquanto CNOOC e Equinor arremataram os outros dois também sozinhas.

Outras bacias também tiveram áreas arrematadas, como Bacia de Potiguar, Tucano, Recôncavo, Amazonas e Espírito Santo.

(Por Marta Nogueira e Rodrigo Viga Gaier)