Por: Luciano Costa
O reajuste do diesel divulgado hoje pela Petrobras (PETR3, PETR4), com redução de 6,7%, foi visto como “conservador” por analistas do mercado de óleo e gás, que viam espaço para corte maior, até mesmo sob a antiga política de preços da estatal, lastreada nos mercados internacionais, e levando em conta pressões políticas.
“Na sequência do anúncio de hoje, nós vemos tanto os preços locais do diesel quanto da gasolina cerca de 10% abaixo da referência internacional”, escreveram analistas do banco americano Goldman Sachs, que veem as margens de refino da companhia “ainda em níveis saudáveis”.
O diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Pedro Rodrigues, disse que as condições técnicas para o reajuste estavam dadas há algum tempo, se a Petrobras ainda seguisse a antiga política, de Preço de Paridade de Importação (PPI), mas com as novas fórmulas de preços da companhia, não totalmente conhecidas, ficou mais difícil entender os movimentos.
“Pela minha conta poderia ter dado um reajuste até maior. Se fosse pelo PPI, poderia ter reduzido uns 12%”, afirmou o consultor, que vê a gestão do presidente da empresa, Jean Paul Prates, tentando compensar períodos anteriores de defasagem de preço com a demora nos ajustes.
De um lado, os investidores em ações da Petrobras devem encarar a redução de preços como uma boa notícia, uma vez que a companhia não atendeu desejos de alas do governo de um movimento mais brusco de corte, mas por outro ainda seguem incertezas sobre como a estatal se comportaria diante de um mercado mais volátil, segundo Rodrigues. “Para perder a mão, é fácil”, afirmou.
A equipe do Goldman estimou que as margens de refino da Petrobras no diesel estão atualmente a US$48 por barril, bem acima dos US$23 de 2019. Na gasolina, estão em US$18, de US$7 há quatro anos. O banco americano mantém recomendação de ´compra´ nas ações PN da Petrobras, com preço-alvo de R$42,30, embora citando riscos de “interferência do governo” sobre a empresa.Por volta das 16h50, as ações PN da Petrobras operavam em leve alta de 0,18% a R$33,56. No ano, os papéis avançam cerca de 75%.
(LC | Edição: Luca Boni | Comentários: equipemover@tc.com.br)