Por Ana Luiza Serrão e Simone Kafruni
A Petrobras (PETR4) tem registrado perda de faturamento de US$ 28,63 por barril de derivados devido à venda de gasolina e diesel abaixo do chamado custo da paridade de importação, segundo cálculos da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) obtidos com exclusividade pela Mover.
“Ela [a Petrobras] deixa na mesa R$ 13,5 bilhões por trimestre, quase os R$ 14,7 bilhões que o Bolsa Família custa por ano”, informou a Abicom no levantamento.
Segundo a associação, se vendesse os combustíveis de acordo com a paridade de importação, a Petrobras poderia obter lucro operacional de US$4,69 bilhões – ou R$ 22 bilhões – por trimestre. Entretanto, com os mais de 20% de defasagem atuais em relação ao mercado externo, a estatal ganha cerca de US$1,8 bilhão por trimestre, o equivalente a R$ 8,5 bilhões, ainda segundo a Abicom.
O custo de paridade de importação foi utilizado pela Petrobras como referência para os preços de combustíveis da companhia entre 2016 e maio deste ano, e levava em consideração o preço do petróleo nos mercados globais e o câmbio.
Em comunicado ao mercado, a Petrobras afirmou hoje que “o momento é de grande incerteza” quanto à recuperação da economia global e à oferta de petróleo e de combustíveis de maneira geral, o que influencia diretamente a demanda por energia. “Essa combinação, no curtíssimo prazo, levou a uma elevação dos preços de referência e da volatilidade”, diz um trecho do comunicado.
A estatal também informou que observa com atenção os desdobramentos do mercado de petróleo, ressaltando que eventuais reajustes serão feitos “quando necessários” e “suportado por análises técnicas”. A companhia destacou ainda que a atual política não tem periodicidade definida para os reajustes, e trabalha para evitar repassar a volatilidade do petróleo e câmbio aos preços.
No mês passado, o presidente da companhia, Jean Paul Prates, disse a jornalistas que a nova prática comercial da Petrobras atendeu a missão dada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de ´abrasileirar´ os preços, e garantiu que a empresa não perdeu dinheiro com a medida.
Perto das 16h50, o petróleo Brent avançava 1,27%, a US$ 85,48 por barril.
Esta reportagem foi publicada primeiro no Scoop, às 17H02, exclusivamente aos assinantes do TC. Para receber conteúdos como esse em primeira mão, assine um dos planos do TC.