Por Luciano Costa e Sheyla Santos
A Petrobras (PETR4) utiliza parte da produção de gás para aumentar o bombeamento de petróleo e para iniciativas de armazenamento de carbono, e atualmente não há espaço para elevar a oferta do energético ao mercado sem novos investimentos, defendeu hoje (14) o presidente da estatal, Jean Paul Prates, sugerindo que a companhia precisaria olhar países vizinhos como a Bolívia se quiser elevar os volumes disponíveis.
As afirmações de Prates, feitas a jornalistas na sede do Ministério da Indústria, Desenvolvimento e Comércio, vêm pouco mais de um mês depois que o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), acusou a companhia de “boicotar” o envio para a costa do gás produzido em suas plataformas marítimas.
“Não tem mais gás, não tem gás sobrando. A Petrobras não sonega gás, o que tem de gás está aí no mercado. Tem que saber o que fazer com ele: se fertilizantes, termelétricas, gás para a indústria. Não tem para tudo”, disse Prates, ao ser questionado por jornalistas sobre as falas de Silveira.
“O país é um país petrolífero, infelizmente o gás é associado ao petróleo. Precisamos do gás para produzir petróleo. Se alguém quiser produzir mais gás que petróleo, todos nós vamos perder dinheiro, não só a Petrobras, como o país”, acrescentou.
Para o presidente da Petrobras, é preciso “juntar esforços” para abertura de novas fronteiras de exploração e produção, com a possível retomada de investimentos em países vizinhos, como a Bolívia.
“Não é questão política, é questão prática. Voltamos as costas para isso, o perfil de produção de gás na Bolívia caiu muito. Temos condição de ajudá-los? Vamos lá ver, não sabemos se é possível. Guiana, Suriname, a margem equatorial em geral tem potencial de gás, sempre associado com petróleo. A Argentina tem potencial de gás”, disse Prates.
O Ministério de Minas e Energia trabalha em um programa chamado “Gás para Empregar”, que tem como meta ampliar a produção local e reduzir importações do insumo, incentivando a construção de infraestruturas para escoar o gás para a costa. O programa, que está em discussão no Conselho Nacional de Política Energética, pretende gerar investimentos de R$94,6 bilhões.