Por Bruno Andrade
As ações do Pão de Açúcar (PCAR3) saltavam 15,78%, a R$ 18,71, por volta das 12h01min desta quinta-feira (29). A alta acontece após a empresa anunciar que recebeu uma oferta de US$836 milhões do colombiano Jaime Gilinski para comprar a rede supermercados Éxito.
A proposta prevê a aquisição de toda a participação do Pão de Açúcar no Éxito, que equivale a 96,52% de todas as ações da companhia. A oferta é válida até o próximo dia 7 de julho.
Na visão do analista de ações do TC, Malek Zein, a proposta é muito interessante para o Pão de Açúcar, visto que ao converter o valor oferecido de dólar para real, a quantia oferecida chega a R$ 4 bilhões, que é o valor de mercado de todo o Grupo Pão de Açúcar, incluindo a rede Extra, Éxito e Pão de Açúcar.
“Ou seja, se o Pão de Açúcar aceitar a proposta é como se toda a rede supermercados brasileira saísse de graça”, diz Zein.
Nem tudo é perfeito para o Pão de Açúcar
Por outro lado, o sócio da Valor Investimentos Gabriel Meira, comenta que, mesmo sendo a proposta do colombiano muito vantajosa em relação ao valor de marcado do Pão de Açúcar no Brasil, ela está 26% abaixo do valor de mercado da Éxito na Bolsa de Valores da Colômbia, que é avaliada em R$ 5,4 bilhões.
“Isso pode fazer com que o Pão de Açúcar demore para sinalizar se vai aceitar ou não a proposta”, diz Meira.
Já Lucas Lima, analista da VG Research, comenta que a oferta também pode ser uma oportunidade do Pão de Açúcar realizar uma venda mais rápida e sem maiores burocracias.
“Mesmo com valor abaixo do esperado, acreditamos que a administração do GPA deve aceitar a oferta, principalmente pelo quesito da oportunidade de finalmente melhorar a estrutura de capital” do Pão de Açúcar, afirma Lima.
Por fim, o analista do TC explica que, após a venda, o Pão de Açúcar pode ganhar fôlego, mas a empresa corre o risco de ficar em maus lençóis se não tiver uma boa administração.
“A companhia vai ficar somente com a operação que não é tão boa, que é a brasileira. Só no quarto trimestre de 2022, o Pão de Açúcar teve um prejuízo de R$ 1 bilhão. Ou seja, o cenário continua desafiador”, conclui Zein.